De ordem deste Sr. Escrevente e na inconformidade doe que afundaram, ao longo dos anos, nessa nossa definhante presença auditiva, sejamos senhoras, senhoritas, cavalheiros e sobrinhos, efetivados ou escorraçados, certos ou desmoralizados, de quatro ou de joelhos, estamos todos convocados para esta Asembléia Geral Extraordinária, a ser realizada no dia 30 de fevereiro, sexta-feira, à meia noite quase zero hora do sábado de Hallelluya, na decadente sede encardida, situada no início da W3-Sul de Brasília, Distrito Federal, ou no centro da prostituída Praça Mauá, número sete, na zona portuária do Rio de Janeiro, em primeira e única convocação, com a participação de qualquer inda que ínfimo quorum, para tratar da criação do Estatuto desta Entidade que passa doravante a ser denominada “ OS FANTASMAS DA RÁDIO NACIONAL ”, em atendimento à legislação pertinente ao muito além do que imaginam corroídas mentes em processo de apodrecimento em plena vida, sejam os antigos desnivelados ou os novos rapidamente em processo de transmutação em funcionário público acomodado com a vala comum que a todos demonstra imenso poder de atração constante desde os primeiros acordes do Luar do Sertão, nos idos de 1936, (14h58m, sábado), na inauguração da PRK-30.
A Comissão dos Funcionários Convoca.
Promovem o presente quorum de fantasmas exigido para a realização desta Assembléia Geral da Rádio Nacional os suicidados de fato no ato falho do certeiro cotidiano, os que perderam a voz no pretérito aqui consignado, os que lavaram a alma e perderam a calma em míseras causas sem efeito, por serem estes assuntos prementes no inconsciente coletivo de extintos, médios e superiores técnicos, apresentadores, produtores, escrevinhadores e aporrinhadores que, em primeira e única convocação, com qualquer número de associados afetivos presentes, declaram-se de alma liberta para agruparem os que se arrastaram vivos e, mesmo assim, viram-se passantes da paisagem do filosófico barqueiro que os trouxe para este convívio final com os trapos e farrapos recolhidos desde as glórias da fama da década de quarenta até a fase pós a praga lançada pelo velho Getúlio na alcova do Catete, e cuja carta foi de estalo falsificada para a pungente leitura nos microfones então potentes do Repórter Esso, alô, alô, ouvintes, atenção para o prefixo que estamos começando, a partir de agora, para valer, este emocionante relato de uma porrada de vidas perdidas na lida radiofônica nacional.
Três. Dois. Um. Atenção para o último toque. Vamos trabalhar, cambada!
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