Dia dois de fevereiro, dia de Iemanjá, a deusa do mar.

                      Ainda que, no meu caso, Iemanjá é minha Mãe Iara, a deusa da fonte de água doce onde fui rebatizado, com galho de arruda, no olho d’água, depois de ter tido a cabeça molhada na dita água benta da igreja dos capuchinhos.

                      Tudo isto lá no interior do Paraná, nada de sincretismo religioso da Bahia, para onde acabei depois me mudando, entre o Rio, Porto Alegre e Brasília.

                      E minha Iemanjá, no caso a tia Aline, que sempre foi minha segunda mãe, hoje faz aniversário. Liguei pra Atibaia.

                   – Não tá.

                  Embarcou sozinha, num ônibus, para a Princesa dos Campos Gerais, Paraná, nossa terra de origem.

                  Religuei prá lá.

                 – Parabéns.

                – Sabia, Édio, que não ia me esquecer.

                – A senhora não tem vergonha de largar o marido, os filhos, os netos, e passar o aniversário longe de casa?

               Ouvi então a resposta magistral:

             – Ah, Édio, hoje estou fazendo 75 anos e achei que merecia uns abraços diferentes.

                 Moral:

              Esta é a minha mãe Iemanjá que faz aniversário sempre no dia dois de fevereiro.

               Salve, salve, mãe Iara-Iemanjá.

               Ela diz que sempre me escuta aqui na rádio.