Hoje, sábado de Hallelluya, o dia é só de Judas, certo ?
Por isso, durante a semana, nós, fantasmas unidos na confiança (Rio, Brasília, São Paulo, Tabatinga, São Luís) corremos um abaixo-asinado eletrônico através do qual afixamos nossos Judas (Xis 9) para serem devidamente malhados na manhã deste sábado (03-abril-2010).
A nossa malhação particular, embora de caráter coletivo, tanto está sendo física quanto mentalmente, desde que em uníssono e a partir das dez horas desta manhã, antes, pois, da dita ressurreição a que todos nós teremos direito em data ainda que futura do presente.
Decidimos também, nesta mesma assembléia, secreta aos alheios e porventura escolhidos para serem sempre malhados, que todos desonraríamos os eleitos mesmo que não houvesse algo pessoal que justificasse a malhação, levando-se o prioritário do coletivo de nós.
Mas quem é mesmo este traidor que, infelizmente, pode ser qualquer um de nós?
Estou falando do Cristo: traído, dedurado, vendido, torturado, pregado vivo numa cruz, ao lado de dois ladrões, sendo um dele mau e o outro, bom… o Dimas permanece no inconsciente latino.
Pois Judas, o Iscariotes, é o mesmo que na Santa Ceia está quase junto dele, o Chefão, de quem ganhou um beijo no rosto, a la siciliana, e por um motivo muito do pragmático:
Judas é simplesmente o tesoureiro de campanha da turma do Zé da Galiléia. Tanto entendia de multiplicação do dinheiro (alem de peixes e pães), que vendeu o Cristo, por debaixo dos panos (cueca, sutiã, meia ou túnica) por trinta dinheiros da época (teria sido delação premiada?). Afinal, Cristo era o maior subversivo caçado pelos ianques romanos invasores da Palestina.
Tesoureiro de campanha – pode? – independente de partido ou inteiro, aloprado ou inzoneiro, panetônico ou cachaceiro, mesmo que na falta de um Cristo, neste caso trocado por qualquer mau ladrão – acontece … – pois ele te lembra quem, nos perdidos dias atuais?
Por isso, a minha parte estou fazendo, neste momento, na mente uníssona a de um monte de colegas, ou seja, estou desejando, firmemente, do fundo do meu id, o mal a quem nos faz o mal. Está lá na Bíblia:
” Quem com ferro fere, com ferro será ferido”.
Só tem uma coisinha que me deixa com a cabeça perturbada neste negócio de hoje malhar o Judas, antes que eu me purifique através da ressurreição, ou quiçá sumiço, para passar meus tempos de exílio na Índia, antes de seguir depois, sempre escondido, para a Capadócia a fim de me reunir ao mano João, à mãe Maria e à minha amada Madalena, até porque meu pai Zé já tinha ido de verdade.
E que coisa é esta?
Preste bem atenção neste sermão proibido a garotinhos que o papa alemão diz serem frutos de lorotas. Aliás, por que a malhação hoje é só do Judas? E por que não de Pedro, que traiu Cristo por três vezes e depois saiu dando uma de galo, tanto que virou o primeiro Papa-Chefão, mesmo depois de ter cantado pros meganhas romanos:
– Este cara? Nunca vi mais pelado que nem agora, aqui no Getsemani. Faz o que quiser com Ele (Jota Cristo) que não tô nem aí. E aí, Judas, tudo bem contigo? Tem dois paus pra eu aí?
Moral do sermão de hoje:
Em glorificando, pela malhação, a pessoa que me feriu, durante o ano, estou mais é endeusando quem, hoje, na falta do outro, retirado da cruz e enterrado (vivo?), está sendo lembrado como um verdadeiro Deus-Rei, representante do Belo Anjo Lucifer (aquele que transporta a luz), que tentou dar um golpe no Paraíso, de onde foi expulso fisicamente mas continuou aprontando através de Eva (a desobediente), Caim (o pistoleiro), Judas (o tesoureiro) e tantos outros defensores do Reino do Mal (o vizinho). A malhação, portanto, é uma homenagem.
Então?
Já malhaste o teu Judas particular hoje?
Cuidado para não ferir a ti mesmo!
P.S. Este sermão de hoje foi escrito por uma pessoa que um dia foi chamado de Frei Hélio Maria Ofmcap, ou seja, eu mesmo. Duvidas? Na foto, sou o primeiro da direita:
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