– Cala a boca desta levada, Juscelino (ler Evangelho 19), senão você também volta a levar porrada, mesmo que já tenha passado por este calabouço da Rádio Nacional, agora encardido, numa madrugada fria, travestido de popular, o mulato motorista no lado direito do banco do carro pedido emprestado, cagando de medo dos milicos descobrirem, pois haviam proibido o seu pisar qualquer outra vez em Brasília, e você saía escondido de seu sítio em Luziânia, seu médio médico me contou, na Zona do Ponto Zero. Mas isto foi na sua vida passada, porque, agora, tanto faz, somos donos, outra vez, das famosas asas da liberdade e, por estarmos mortos, não precisamos nem mesmo de Panteão (ler Evangelho 20) e muito menos da morada provisória no Campo (cheio) de Esperança (ler Evangelho 21).
Aqui, neste encontro, que se confirme em ata, caro Juscelino, continuas herói da Rádio Nacional, até porque pediste ao Israel (ler Evangelho 22) que se fizesse de zonzo diante da primeira invasão de sem-teto acontecida em Brasília, a nova capital, cometida por um grupo de colegas nossos, aqui presentes sem mais necessidade de teto ou terra, num tempo em que ainda havia espaço para tanto, ao contrário do amigo Inácio , morto por doses maciças de cachaça que o levaram a subir de Editor-Chefe da Sucursal do Jornal do Brasil a Bêbado-Oficial do Repórter Nacional (ler Evangelho 23), com primazia para dormir na calçada aqui em frente, debaixo do pé de manga, junto à guarita de entrada. hoje modificada mas que levava o fictício nome de Luís Otávio, o Tenente (ler Evangelho 24) só porque tentou matar o então presidente Zé do Sarney ( ah… os fantasmas nunca morrem, ditava Bond, o James).
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