Sorry mas não queria parlar disto acá mas FALO. Aqui, Brasília, Asa Sul, na frente do Canarinho, escola privada para crianças. Em torno de umas três mil pilas mensais “por cada”. Eu, voltando para casa, a pé, antes das oito da matina, de uns exames periódicos de saúde e tal. Padres e madres chegando de carro para largar as mínimas minas nos braços das tias. Vamos então para o parágrafo seguinte.
Na faixa de passagem das pessoas pedestres ditas comuns, dirigidas ao suor de cada dia, vejo um “CEGO”, bengala batendo nos buracos do asfalto oco. Ele vai, sozinho, do metrô à escola de Deficientes (detesto este termo) Visuais, treinado para se se sentir seguro mesmo que pendente dos incertos de toda Ida. Por isso, ele pensa … em que? Sei lá, meu, acho que nesta hora o CEGO sou EU.
Do lado oposto dele eis Eu, a pé, e o Pai da Mínima Mina, este no chique carro. Pois concluo, quer dizer, quase:
O pai filho da mãe não faz menção de parar o caro carro. Coloco-me então à frente dele e grito:
VOCÊ SER MAIS CEGO QUE ELE, PORA !!!
Para que? Não só o inglório funcionário da Praça dos Podres Poderes quanto os ditos Cidadãos Pedestres Comuns ficam putos, todos, da vida, contra quem? Contra esta humilde pessoa polônica-brasílica-bahânica-berlínica. No ato, penas tento, de fato, evitar o atropelamento de um … CEGO.
– Não se usa mais esta palavra, véio. Cara, ela é inglória. Você é um anti… você não tem vergonha não?
Observo nem uma nem duas advertências ao puto condutor da mínima mina esta prestes a ser largada, às pressas, nos braços da tia que, por sinal, antes de chegar ao trabalho, sete da matina, vinda dos subúrbios do dito Detrito Federal, largou a filhinha, seis e pouco da matina, na deficiente creche pública nos arredores desta Ilha da Fantasia.
Entonces, diante do fato, incrédulo, vou até o CEGO, agora parado, e me comunico:
– Desculpe, senhor, ter-te chamado de CEGO, eu não queria te “menos prezar”. Falei CEGO, no ímpeto, porque o cidadão, ali, sei que você não está vendo mas acredite, apressado, ele não parou para a tua passagem, então eu ...
– O que é isso, polaco, pode me chamar do que você assim o desejar. Eu te conheço.
– De onde?
– Por esta tua voz “enrolada” eu sei que você, polaco, é quem de vez em quando aparece lá na nossa escola (de CEGOS, você pode falar, sim), como voluntário, para ler páginas de algum livro, sempre bom, para a gente. Quando você volta para ler um dos teus livros?
– Não deixam.
– Uai?
– Não VEJO o motivo. Enfim…
T H I S I S T H E E N D
Continuamos, então, desviando do meu caminho original, em direção à L2 Sul, pela 400, e não mais, Eu, para a 200, nós dois conversando e tal.
– O QUE ?
– NÃO É DA TUA CONTA !!!
ALIÁS, VOCÊ NÃO IRIA VER.
OLHE-SE NO ESPELHO:




Deixe um comentário