Tô eu revendo neste domingo o ótimo filme de Sérgio Leone (quando explode a vingança). Ele avacalhava com a gente estudante nos idos de 68. Tanto que quando o personagem irlandês pergunta ao mexicano tem a fala devolvida no ato:
– E a Revolução?
– Foda-se!!!
Na época, a gente do escurinho mandava vaia na tela iluminada do Cinema Um, na Prado Junior, no Rio, na sessão da meia noite .
E eis que num dado momento, o irlandês dinamiteiro joga na lama, num lance de desaceitação da realidade, um livro que na hora se parece com a Bíblia mas, em 68, de fato era a nossa, pelo menos do lado dos concretistas, libeluzeiros e poetas marginais.
Na época, a gente do escurinho mandava vaia na tela iluminada do Cine Paissandu, perto do Lamas, no Rio, na sessão da meia noite .
O flashback explode na minha hoje oca mente e joga em primeiro plano a capa que, mal sabíamos, em 68, seria enlameada pelos fatos políticos de veras vindantes e ainda permanentes.
Isto mesmo.
O livro jogado na lama pelo Sergio Leone e tão adorado por nós, em 1968, era do Papa do Anarquismo, o Mikhail Bakunin.
Mal acabado o filme, neste domingo, 2010, percebo a inutilidade daquelas nossas vaias mas, mesmo assim, corro para a mísera biblioteca e encontro o trecho que, nestas épocas de PT, PCC, Democracia (?) e leio o seguinte do grande profeta Bakunin (1814-1876):
“Assim, chegamos ao resultado execrável: o governo da imensa maioria das massas populares se faz por uma minoria privilegiada. Esta minoria é composta, sim, com certeza, de antigos operários que, tão logo se tornam governantes ou representantes do povo, cessam de ser operários e põe-se a observar o mundo proletário de cima do Estado; não mais representam o Povo, mas a si mesmos e suas pretenções de governá-lo”.
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