Cento e vinte dias sem chuva

  as cigarras tontas caladas

 os cantos dos machos

as fêmeas anseiam

 no oco do tronco.

  

 

 

Cento e vinte escândalos cá na ilha

não conseguem acordar as cigarras

das satélites dos entornos do plano

onde a grama se confunde na terra

vento levanta a micro saia marrom

da minha prima  vera  persistente.

  

 

  

Cento e vinte pessoas

na poeira da seca de esperança

vencida pelo apático medo demográfico

não falam não enxergam não ouvem mais nada

nem o debate do peixe fora do leito seco sem água da vida.

  

 

Neste entre ato  entre meio  entre tudo entre tanto

chega minha prima  vera   mais bonita que  minha Brasília

 me aconselha no aconchego da cigarra fêmea inda que da família

vai  Mamcasz distribua mil beijos varonis na primavera  verão e outono

antes que chegue o descanso do guerreiro no inverno tal qual a cigarra macho

pronto para cantar a melodia da atração da fêmea natureza com quem copularás

até o instante do gozo eterno plantado no oco do tronco com que serás abatido  

por não teres mais o mínimo sentido da máxima utilidade reprodutiva de todas as vidas.

 

 

Assim é que a mamãe natureza  qual cigarra fêmea

administra a renovação da vida

na tal da democracia ladina

que precisa de outono

verão e  inferno

é primavera

te canto!