Quem mora aqui em Brasília,ó, mamando nas tetas da Viúva ou à cata direta do ouro, conhece uma figurinha chata que neste final da seca e chegada da chuva, 128 dias depois, enche o saco da gente.

Hoje, de madrugada, comemorei a data estraçalhando um casal que entrou no meu quarto cantando esgarniçadamente. Estou falando da doida da cigarra.

Ela fica dormindo na seca toda, grudada num pau seco de árvore velha, e acorda agora no começo da chuva.

Quer dizer. Quem acorda  é a nova criatura que está dentro dela. Que sai faceira para o Novo Mundo.

É sempre assim. Na vida e no trabalho. Uma morre, outra nasce.

Aliás, dei-me mal, noutro dia, no email que mandei pruma desafeta. No final, escrevi:

– Aqui se faz, aqui se paga …

Pra feder de vez, acrescentei:

– Quanto antes, melhor …

Mas continuando …

Tem bicha, então, que acaba de trepar e logo mata o macho. Natureza tem cada coisa. Prefiro o sintético.

Então, neste caso da cigarra, ela uiva, penso eu, por causa da dor do parto. Por isso que tod@ adolescente grita:

– “Parto que me pariu” .

Mas foi a mãe quem sofreu. Duas vezes. No parto e agora, na partida da filha para um braço qualquer.

O grito do cigarra chega aos 120 decibéis. Se um grito atrapanha, uma porção ao mesmo tempo zaz mal pra caralho, quer dizer, pro ouvido, não só dos homens mas, principalmente, dos cachorros, que ficam loucos, nesta época do ano. Começam a uivar que nem lobos e a trepar com qualquer cadela.

Tem uma colega de trabalho, inclusive, cujo gato, por conta do estresse provocado pelo canto da cigarra, andou soltando uns hormônios, digamos, femininos. Isto provocou a invasão de gatos vizinhos à casa da colega cuja gata, diante do sucesso do gato com os machos, acabou por se matar na piscina.

Acontece que acabo de saber, de uma ex-amiga veterinária, que inclusive me trocou por um viado:

– Mamcasz, você também está ficando doido com o grito das cigarras pelo seguinte. Preste atenção e pare de encher o saco de quem abre este teu blog e vê as coisas que são cor-de-rosa de um jeito todo torto.

 Ouço:

– O zumbido ensurdecedor é da cigarra macho trepando com a cigarra fêmea.

Falo:

 – É sempre assim. A fêmea  fica muito da quietinha, só gostando do roçado no além do clitóris, na beirada do dito G.

– Foi por isso que eu te troquei por um cachorro, seu Mamcasz.

– Ué. Não foi por um viado?

Mas continuando a prosa:

– O escarcéu da cigarra é produzido pela vibração das membranas inferiores do abdômem do macho.

– Tudo bem, minha preta, mas e como é que fica então a orelha da cigarra fêmea com esta gritaria toda do macho?

– Simples, seu Mamcasz. A fêmea tem uma membrana especial que se dobra para proteger os tímpanos. Mesmo assim, tem vezes em que umas fêmeas chegam a explodir com a gritaria do macho.

– Ah, entendi…

– Entendeu o que, seu Mamcasz?

– Contigo, eu sempre fui que nem mineiro. Silencioso, comendo pelas beiradas, devagarinho … por isso que você me trocou por um cigarro.

Moral:

Tem fêmea, e conheço de perto, que literalmente explode de gozo.Basta o macho dar uns gritos.

Bela historinha para este feriadão do Dia das Crianças.

Na verdade, eu acho mesmo é que deveria ter deixado o casal de cigarra ter terminado a trepada. Só depois, então, te-lo-ia mandado para a lista dos finados. Mas aconteceu assim, e disto dou fé, porque então, voltaria a dormir sonhando com uma anjinha, de asas soltas, vibrando, vindo pra cima de mim, cantando, sorrindo e trepando.

Amém, Jesus, filho de Maria, a Virgem.

Deus me ouça e faça chover na minha orta (do coração, analfabeto!).

A professora de Ciências Biológicas da Universidade Católica de Brasília, Cristiane Pujol, explica no áudio abaixo o porquê dessa semvergonhice da dupla Cigarra e Cigarro:

http://soundcloud.com/mamcasz/cigarra-by-mamcasz 


Cento e vinte dias sem chuva

  as cigarras tontas caladas

 os cantos dos machos

as fêmeas anseiam

 no oco do tronco.

  

 

 

Cento e vinte escândalos cá na ilha

não conseguem acordar as cigarras

das satélites dos entornos do plano

onde a grama se confunde na terra

vento levanta a micro saia marrom

da minha prima  vera  persistente.

  

 

  

Cento e vinte pessoas

na poeira da seca de esperança

vencida pelo apático medo demográfico

não falam não enxergam não ouvem mais nada

nem o debate do peixe fora do leito seco sem água da vida.

  

 

Neste entre ato  entre meio  entre tudo entre tanto

chega minha prima  vera   mais bonita que  minha Brasília

 me aconselha no aconchego da cigarra fêmea inda que da família

vai  Mamcasz distribua mil beijos varonis na primavera  verão e outono

antes que chegue o descanso do guerreiro no inverno tal qual a cigarra macho

pronto para cantar a melodia da atração da fêmea natureza com quem copularás

até o instante do gozo eterno plantado no oco do tronco com que serás abatido  

por não teres mais o mínimo sentido da máxima utilidade reprodutiva de todas as vidas.

 

 

Assim é que a mamãe natureza  qual cigarra fêmea

administra a renovação da vida

na tal da democracia ladina

que precisa de outono

verão e  inferno

é primavera

te canto!

 

 

 

 


Quem mora em Brasília, à cata do ouro, ou não, conhece uma figurinha chata que neste final da seca enche o saco da gente.

Hoje, vésperas de Finados, comemorei a data estraçalhando um casal que entrou no meu quarto, nesta madrugada,  cantando esgarniçadamente.

Estou falando da doida da cigarra.

Ela fica dormindo na seca toda, grudada num pau seco de árvore velha, e acorda no começo da chuva.

Quer dizer. Quem acorda  é a nova criatura que está dentro dela. Que sai faceira para o Novo Mundo.

É sempre assim. Na vida e no trabalho. Uma morre, outra nasce.

Aliás, me dei mal, noutro dia, no email que mandei pra minha chefinha. No final, escrevi:

– Aqui se faz, aqui se paga …

Pra feder de vez, acrescentei:

– Quanto antes, melhor …

Continuando … Tem bicha, então, que acaba de trepar e logo mata o macho. Natureza tem cada coisa. Prefiro o sintético.

Então, neste caso da cigarra, ela uiva, penso eu, por causa da dor do parto. Por isso que tod@ adolescente grita:

– “Parto que nos pariu” .

Mas foi a mãe quem sofreu. Duas vezes. No parto e agora, na partida da filha para um braço qualquer.

Casal de cigarras -Photo by Mamcasz

O grito de uma cigarra chega até aos 120 decibéis. Faz mal pra caralho, quer dizer, pro ouvido, não só dos homens mas, principalmente, dos cachorros, que ficam loucos, nesta época do ano. Começam a uivar que nem lobos e a trepar com qualquer cadela.

Acontece que acabo de saber, com uma ex-amiga veterinária, que me trocou por um viado:

– Mamcasz, você está ficando doido com o grito das cigarras, pelo seguinte. Preste atenção e pare de encher o saco de quem abre este teu blog e vê torto as coisas que são cor-de-rosa.

 Ouço:

– O zumbido ensurdecedor é da cigarra macho trepando com a cigarra fêmea.

Falo:

 – E sempre assim. A fêmea  fica muito da quietinha mas, no além do clitóris, só gostando…

– Por isso que te troquei por um cachorro, seu Mamcasz.

– Ué. Não foi por um viado?

Mas continuando a prosa:

– O escarcéu da cigarra é produzido pela vibração das membranas inferiores do abdômem do macho.

– Tudo bem, minha preta, mas e como é que fica então a orelha da cigarra fêmea com esta gritaria toda do macho?

– Simples, seu Mamcasz. A fêmea tem um membrana especial que se dobra para proteger os tímpanos. Mesmo assim,  tem vezes em que  umas fêmeas chegam a explodir com a gritaria do macho.

– Ah, entendi…

– Entendeu o que, seu Mamcasz?

– Contigo, eu sempre fui que nem mineiro. Silencioso, comendo pelas beiradas, devagarinho … por isso que você me trocou por um cigarro.

Moral:

Tem fêmea, e  conheço de perto, que literalmente explode de gozo. Basta  o macho  dar uns gritos.

Bela historinha para esta véspera de Finados.

Na verdade, acho que deveria ter deixado o casal de cigarra ter terminado a trepada. Só depois, então, te-lo-ia mandado para a lista dos Finados. E então, voltaria a dormir sonhando com uma  anjinha, de asas soltas, vibrando, vindo pra cima de mim, cantando, sorrindo e trepando.

Amém, Jesus.

Deus te ouça.