Acordo  no banheiro.

Abelha me zoa no sexto andar.

Passa para a luz.

Prefere a minha.

Vem zuando faceira.

Levanto-me mui lento.

Abaixo a tampa do vaso.

Ela pousa desligada.

Tasco a mão aberta do braço direito:

 

P Á ! ! !

 

Mais uma abelha morta na face da Terra.

Mundo imundo mas não me chamo Raimundo.

Todo animal pensa ser gente que nem a gente.

Mas minha felicidade tem um leve porém.

A morta é  abelha zangada, esperta, inteligente.

No último milésimo de segundo

No átimo de tempo ela se vira para mim:

 

MAMCASZ, TU TÁ FERRADO ! ! !

 

Me ferra mesmo:

Alérgico a abelha zangada,

inflamo no ato,

infecciono o tendão,

corro para o socorro meio que pronto,

cortam minha mão.

 

Moral:

 

Amarro caneta big com fita dorex no cotoco do meu braço.

Com ela escrevo esta mensagem:

 

Tác … tác …. tác …

 

Cadê o resto das palavras?

A abelha comeu.

Comeu um ova.

 

Abaixo a censura!!!

 

Perco a mão mas não perco a cabeça.

Inté o próximo post.

Axé.


 If I need to list The Ghosts of  National Radio, from the thirties of the last century, you’ll could build a building just for them. Good. Today is All Souls (Finados) and I never went to visit the tomb of my father, mother, grandmother, uncle, brother, colleague, acquaintance, friend and enemy. And in my case, everything is already set. On the appointed day for the uncertain, I do not want cry or sailing, or wake, or shit. Send me imediately to incinerator and goes by with the ashes.

Se a gente fosse enumerar Os Fantasmas da Rádio Nacional, desde a década de trinta,  no século passado,  dava para construir um prédio só para eles.

Bom.

Hoje é Finados, nunca fui desta história de visitar túmulo de pai, mãe, avó, tio, irmão, colega, conhecido, amigo e inimigo.

E no meu caso, já está tudo acertado.

No dia aprazado pelo incerto, não quero choro nem vela, nem velório, nem porra nenhuma. Manda logo pro incinerador e some com as cinzas.

Mesmo assim, fica aqui a homenagem especial a todos os funcionários da Rádio Nacional que se foram para outras bandas.

A lista seria enorme.

Então, que continuem o que estão fazendo, mesmo que nada.

Ressurecturis - photo by Mamcasz

Aos que hão de ressuscitar ...

Ressurecturis.

Era assim que estava escrito na porta do cemitério no seminário dos capuchinhos onde estudei, no interior do Paraná.

Aos que hão de ressuscitar.

Pelo sim, pelo não, abaixo os que se foram mas ficaram as placas:

finados faustofinados gilvanfinados octavio bonfimfinados chicao

Quer dizer.

Agora, meus amigos, pode tudo.

Até fumar.

Abss para:

Jonas,Chicão, Jardim, Heleninha, Nonato, Fausto, Bonfim, Nonato, Gaierski, Osman, William, Silva Diniz… 

É só o começo da lista.

Para mais informações, visite o Ofertório deste blog:

https://mamcasz.wordpress.com/fim


Quem mora em Brasília, à cata do ouro, ou não, conhece uma figurinha chata que neste final da seca enche o saco da gente.

Hoje, vésperas de Finados, comemorei a data estraçalhando um casal que entrou no meu quarto, nesta madrugada,  cantando esgarniçadamente.

Estou falando da doida da cigarra.

Ela fica dormindo na seca toda, grudada num pau seco de árvore velha, e acorda no começo da chuva.

Quer dizer. Quem acorda  é a nova criatura que está dentro dela. Que sai faceira para o Novo Mundo.

É sempre assim. Na vida e no trabalho. Uma morre, outra nasce.

Aliás, me dei mal, noutro dia, no email que mandei pra minha chefinha. No final, escrevi:

– Aqui se faz, aqui se paga …

Pra feder de vez, acrescentei:

– Quanto antes, melhor …

Continuando … Tem bicha, então, que acaba de trepar e logo mata o macho. Natureza tem cada coisa. Prefiro o sintético.

Então, neste caso da cigarra, ela uiva, penso eu, por causa da dor do parto. Por isso que tod@ adolescente grita:

– “Parto que nos pariu” .

Mas foi a mãe quem sofreu. Duas vezes. No parto e agora, na partida da filha para um braço qualquer.

Casal de cigarras -Photo by Mamcasz

O grito de uma cigarra chega até aos 120 decibéis. Faz mal pra caralho, quer dizer, pro ouvido, não só dos homens mas, principalmente, dos cachorros, que ficam loucos, nesta época do ano. Começam a uivar que nem lobos e a trepar com qualquer cadela.

Acontece que acabo de saber, com uma ex-amiga veterinária, que me trocou por um viado:

– Mamcasz, você está ficando doido com o grito das cigarras, pelo seguinte. Preste atenção e pare de encher o saco de quem abre este teu blog e vê torto as coisas que são cor-de-rosa.

 Ouço:

– O zumbido ensurdecedor é da cigarra macho trepando com a cigarra fêmea.

Falo:

 – E sempre assim. A fêmea  fica muito da quietinha mas, no além do clitóris, só gostando…

– Por isso que te troquei por um cachorro, seu Mamcasz.

– Ué. Não foi por um viado?

Mas continuando a prosa:

– O escarcéu da cigarra é produzido pela vibração das membranas inferiores do abdômem do macho.

– Tudo bem, minha preta, mas e como é que fica então a orelha da cigarra fêmea com esta gritaria toda do macho?

– Simples, seu Mamcasz. A fêmea tem um membrana especial que se dobra para proteger os tímpanos. Mesmo assim,  tem vezes em que  umas fêmeas chegam a explodir com a gritaria do macho.

– Ah, entendi…

– Entendeu o que, seu Mamcasz?

– Contigo, eu sempre fui que nem mineiro. Silencioso, comendo pelas beiradas, devagarinho … por isso que você me trocou por um cigarro.

Moral:

Tem fêmea, e  conheço de perto, que literalmente explode de gozo. Basta  o macho  dar uns gritos.

Bela historinha para esta véspera de Finados.

Na verdade, acho que deveria ter deixado o casal de cigarra ter terminado a trepada. Só depois, então, te-lo-ia mandado para a lista dos Finados. E então, voltaria a dormir sonhando com uma  anjinha, de asas soltas, vibrando, vindo pra cima de mim, cantando, sorrindo e trepando.

Amém, Jesus.

Deus te ouça.


Tem vezes em que me pego conversando, carinhosa ou putamente, com uma certa pessoa de quem não tenho notícia há muito tempo, pode até ser  parente. Na hora, eu fico em dúvida se continuo a prosa. É que fico sem saber se ela está viva ou morta. E se estivesse finada, qual o problema?

Pois foi assim que encontrei a página 158, do livro “Saí para dar uma volta…”, do Frederico Mourão (leia o post a seguir), e que diz o seguinte, no capítulo As rosas não falam, mandado por ele de Kunming, na China).

 “Estar tão longe e tão perto ao mesmo tempo, dialogar com pessoas que não encontrava, não sabia da vida,nem sequer onde estavam e se estavam vivos ou mortos, pessoas que se vivêssemos em outro tempo só reencontraríamos pelas ruas por acaso, ou depois de desencarnados no outro plano.”

Depois disso, só me resta aumentar o som da minha cabeça e continuar curtindo o Caetano cantando o Lupicínio:

Felicidade é uma coisa a toa e como é que a gente voa quando começa a viajar…”

Ah… sobre o conversar com finado, continue no blog abaixo e depois comente-me.


Acordo hoje sem sono, três e treze da madrugada, em Brasília, ainda sob o efeito do fuso horário de Paris, vou até o meu cantinho literário e tateio em busca de qualquer escrito.

Pego num livro, que parece qualquer, levo para a sala, faço um cafezinho, abro os olhos e vejo o seguinte: 

Capa de livro

Até aí nada de menos e nem de mais, certo?

O arrepio me começou quando abri a primeira página e tinha uma dedicatória dele, após ter dado entrevista ao programa Espaço Arte, na Rádio Nacional, para a apresentadora Tia Heleninha.

Dedicatoria - photo by Mamcasz

Acontece que a Heleninha me deu  este livro num meio dia qualquer:

– Olha, Mamcasz, você que vive viajando por este mundo, dê uma olhada qualquer noite neste livro que acabei de ganhar. O cara é super interessante.

Até aí nada de mais e nem de menos, certo?

Mas acrescento que eu havia me esquecido do livro e tia Heleninha logo depois morreu, de câncer.

Na época, ela saiu do porão insalubre onde funciona a rádio e saiu pra dar uma volta…

 Inclusive, ela é a primeira no Ofertório deste blog, com o post TIA HELENINHA ESTRAGOU A FESTA:

Acesse, olhe, ouça e me diga o que ela está querendo me falar:

https://mamcasz.wordpress.com/fim/