outubro 2011



10 – Champs Elysées

09- Musée de Louvre

08 – Place Vendôme

07 – Place de Voges

06 – Metrô Edgard Quinet

05 – Canal Saint Martin

04 -Hottel de Ville (Prefecture de Paris)

03 – Notre Dame Catedral

02 – Torre Eiffel


Liberté, Fraternité, Igualité, o quê, mané?

– Nós evitamos uma catástrofe.

 Nóis quem, caixeiro viajante?

 Sarkozy, na TV França, oficialesca.

 Depois da puta reunião dos 17 do Euro.

Enquanto isto, nas ruas, a voz do povo ecoa.

Tudo bem que aos pingos.

 Na forma de sussuros, cartazes, pinturas.

União Sindical. Qué isso?

 Fraternité.  Não tem de quê…

 Dívida. Austeridade!!!

Mas quem vai pagar a conta?

 O povinho se sempre, né?

 Greve Nacional?

Sem CUT, UNE, MST, CGT?

O povo nas ruas contra a gatunagem geral?

 Sem Bolsa Família, Gás, Luz, Geladeira e Trepadeira?

Jamais!!!

Leia-se JAMÉ!!!

Só tem um porém.

 Um dia, o povinho zé ninguém,

depois de pagar a conta, acaba assim, ó:


Abaixo a depressão parisiense.

Ici a Paris, tudo bem, très jolie e tal.

Mas tem um grave problema social.

Não falo dos chomage, sem teto nem trabalho.

Dos migrantes mendigos murmurando J’ais fame.

 É a tal depressão da juventude francesa desiludida.

Os cara-pintadas companheiros de 68 estão velhos no Poder.

 Sem perspectiva. Aturdida. De saída. Pra donde?

De repente, numa rua do Marais, a Rosiers,

 reduto da comunidade judia,

 surge a pergunta simples:

 Tudo bom com ocê?


À procura de um buteco em Paris.

O  que mais se vê, ici a Paris, é bistrot.

 Bistrô, buteco, bar, restaurante, o que for.

Agora, difícil mesmo, dizer qual é o melhor.

Até porque buteco é que nem mulher …

Aqui em Paris, tenho o Chez Papa, o Pot au Fer, Chez Gladines…

 E hoje fui conferir um novo, quer dizer, buteco bom é velho.

Les Dingues. 17, rue de Rambouillet, na 12.

Fica numa rua fuleira atrás da estação de trem Lyon.

Nada de turista, só os funcionários da Gare local e do comércio.

Fuleiro mas na parede tem uma frase de Bernard Shaw.

Só tem o PF, pardon, o Plat de Jour.

 Escolhi então foie gras de entrada.

E foi, ou seja, bife de fígado com purê de três legumes.

Bon apetit, até porque sai barato.

Então, au revoir, mané!


Paris sempre abriu as pernas (parte dois)

 

O Samba de Orly de hoje vai para

Luiz Coutinho e Yara Selva.

Ontem, ici a Paris, eu falei dos belos
nazistas que encantaram as parisienses.

Usei o termo forte, mas real, de Paris
sempre abrindo as pernas.

Mas isto é verdade, há dois mil e tantos anos de história.

E a turma da moda, na frente …

Nunca foi queimada na fogueira que nem Joana, a Virgem.

 Ao contrário da minha musa, Marlene Dietrich.

Ela era alemã.  Encantou  as tropas.

A música Lili Marlene embalou todos os lados.

Mas quem não cantou Marylin Monroe?

Já o Wagner foi patrulhado porque  preferido do  Hitler.

E a madame Coco Chanel?

Tudo bem que a história é diferente.

 Ela se apaixonou por um belo oficial germânico.

 Segundo a minha madame Cleide,

 belo tanto com e, principalmente, sem uniforme.

Portanto,  repito aqui, porque lindo, o escrito

 pelo amigo Luiz Coutinho, no Facebook.

“Entre outras qualidades veramente admiráveis, meu amigo Eduardo Mamcasz é um iconoclasta que não tem meias palavras – ou vai ou racha. Ele está em Paris, de onde envia para seu blog não as amenidades turísticas que se poderia esperar, mas um olhar deliciosamente crítico sobre tudo e todos. Assim, sem pudor, Mamcasz informa que Paris sempre abriu as pernas para seus inimigos. Não poderia ser diferente com os nazistas. O curioso é que leio uma biografia de Madame Coco Chanel (“Dormindo com o Inimigo”, Hal Vaughan, Companhia das Letras) que informa, entre outros detalhes fascinantes, o caso dela com Hans Günther von Dincklage, espião nazista que foi enviado a Paris durante a Segunda Guerra Mundial. E mais, diz a biografia: Chanel odiava judeus e tornou-se colaboracionista de Hitler desde que resolveu comer o bonitão Dincklage (ele é o jovem no meio da foto, tirada em 1917). Tema: este momento tortuoso da vida de Madame Chanel pode ser perdoado tendo em vista a estelar profissional da moda em que se transformou? O talento vence a indignidade às vezes cometida pelas pessoas? É possível julgar alguém pelo que fez no seu passado, esquecendo-se do que deixou para o futuro? Acho que Yara Selva – que adora Chanel – poderia dar sua opinião. E Mamcasz poderia aproveitar a estadia em Paris para fotografar a Maison Chanel – pelo menos a fachada. Pode ser, Mamcasz?”

Mon ami L.A. Só teve um lero.

Estava eu na calçada oposta da loja da madame Coco Chanel.

31, Rue Cambon.

Entre o Jardin des Tulleries e a Place de Vendôme.

Passando pela Rue Saint Honoré.

Mais chique do que isso só o que me aconteceu, deveras.

Estava eu, como dito, na calçada oposta.

Eis que sai da loja uma das manequins
mais queridas de madame Chanel.

Faço o sinal típico de brasileiro encantado.

E não é que funcionou?

 Pelo menos, nesta primeira noite.

 Merci, monsieur Luiz Coutinho.

Neste samedi, na  Cité de la Mode e Design,

na beira do Sena, abaixo de Austerlitz, acontece o Salon Tmode.

Vou dar um pulo lá.

Quero voltar para casa com umas seis manequins.

Para casa em Brasília, uma Ilha, ainda?

Uma para cada dia da semana.

E a sétima?

Bom. Vou me sentir um Deus.

No sétimo dia, eu descanso.

Moral

Mil desculpas, caras  feministas.

Perco a amiga,  mas não perco a piada.


Para onde está indo Paris?

Saiu o acordo financeiro para salvar a Europa da catástrofe.

1 – Países emergentes (Rússia e China, Brasil não é)
colocam dinheiro no FMI.

2-  Grécia fica rindo até 2021, sem pagar e

 nem ser chamada de caloteira.

3- Bancos abrem mão, já,  de receber 50 por cento do dinheiro.

4- Fundo Europeu entra com o restante nos bancos.

Com isso, tudo continua igual aqui em Paris.

1- Tempo nublado, passagem de outono para inverno.

2- A Bolsa sobe quatro pontos.

3- Os restaurantes continuam cheios de gente.

4- E os mendigos ocupam os mesmos pontos de sempre.

Ah… sem contar os milhões de turistas

 de todo o mundo que, bom,

continuam sem saber ao certo

Para onde está indo Paris?


Verdade seja dita.

Paris sempre abriu as pernas.

Desde os tempos da virgem santa rainha Genevieve.

Aliás, a padroeira da cidade.

Confirmo o que a turma do general Vichy fez.

À primeira entrada das tropas nazistas, pronto.

Os cabarés todos abertos, as belas damas de prontidão.

E Paris se tornou alemã.

Mas antes de cá  vir, pela undécima vez, li este livro.

É de March Bloch: A Estranha Derrota.

Fala disso mesmo.

Paris sempre abre as pernas para o inimigo.

Por isso fui conferir a foto acima, na Place Blache.

Fica na parte baixa de Montmartre.

Lá ainda chama a atenção  a zona do Moulin Rouge.

E a do Museu do Erotismo.

Onde  santas mineiras brasileiras são pegas falando cada coisa…

Mas o resultado da praça nazista aí está, hoje:

Mas vou fazer justiça.

Enquanto Paris abria a perna para os nazistas,

aliás, nos reluzentes uniformes, criados por Hugo Boss,

havia os partizans, verdadeiros guerrilheiros.

E os 70 mil judeus franceses entregues de bandeja.

Foram direto para os fornos crematórios na Polônia.

Mas  havia um general, chamado De Gaulle.

Narigudo, altão, disse que o Brasil não é um país sério.

Na verdade, ele lutou contra os nazistas.

Voltou triunfante, virou presidente, e morreu lascado.

Perdeu a vez para os políticos profissionais.

Entre eles, François Mitterand.

 No final da vida, com câncer, Mitterand confessou:

– Eu (ele) também abri as pernas para os nazistas.

Hoje, só resta a  placa, na Place Vendôme.

Onde fica o Ministério da Justiça.

E as grifes mais caras de todo o mundo.

Falando nisso, a placa do De Gaulle está escondida.

Tem um vaso de planta, colocado na frete

Por quem?

Pelo pessoal da loja do mesmo Hugo Boss.

Juro!!!!

 


Este samba vai para a ex-estagiária de olhos de camelo.

Os beatniks, quem diria,  tiveram um canto ici a Paris.

Menos o que mais gosto, o Bukowsky.

Mas eu falo, então, do casal Jack Kerouac, e Allen Ginsberg.

On The Road, Paris, depois da fase de Argélia.

No mesmo hotelzinho, no Quartier Latin, no 9 da Git de Coeur.

Junto com o grande Corso e o Burrougs.

Hotel Relais, que ainda existe, a dois passos do falecido botequim.

Gentilhome, onde eles enchiam a cara de absinto.

Hoje, bebida sem graça, tiraram- lhe a alma.

 Purificaram a bebida que fazia a cabeça.

Acontece que, ao contrário da América, em Paris,

a turma chamada de Lost Generation, acabou sendo outra.

Tudo isto entre os anos 20 e 30 e pouco.

Todos vivendo numa merda que dava gosto.

Tudo de chegada.

Ernest Heminghway tentando escrever Paris é uma Festa.

Scott Fitzgerald, enchendo o saco com o Grande Gatsby.

 Henry Miller e o rejeitado Trópico de Câncer.

E até o irlandês chato com o então obsceno Ulysses.

Nada mais do que o  próprio Joyce.

Que foi salvo, depois sacaneou, pelo casal Sylvia Beach e Adriene,

da famosérrima livraria Shakspeare and Company.

Só sobrou uma reles placa.

Tudo bem. Sobreviveu o que mais importa.

 A palavra.

Afinal, no princípio, era o Verbo.

Au revoir, outra vez, tá?


Eu tenho uma amiga em Brasília, très chic, Gloria Machado.

Ela sempre diz para mim:

– Mamcasz, po…., se for para ver pobreza, vá pra p… que p….

Bien Sûr. Então, em homenagem à minha amiga, pardon,Don Fernando.

Taí a foto mais linda que fiz ici a Paris, desta vez:

Place Vendôme. Obelisco construído de 14 mil canhões.

Ministério da Justiça. Do lado direito, Hotel Ritz.

Do lado esquerdo, lojinha Rolex.

No meio, o obelisco.

No outro lado, Chanel, Vuitton, Van Cleef, Prada e escambau.

A pé para pegar o metrô na Concorde, tudo isto, no sinal.

De um lado, o Louvre, antigo palácio de reis.

Do outro, o palácio da minha rainha Bruna.

Quase fui visitar minha filha.

Para azar o caixeiro viajante Sarkozy.

E então, madame Glorita?

Au revoir.


Rapidinho porque preciso flaneus ici a Paris.

Não mais pelo Corcovado, Louvre, Pão de Açúcar, Champs Elysées

Mas, agora, um dia só no Marais.

Outro, em Butte aux Cailles. Ou em Belleville, a sensação nova.

E, muito sobe-desce ladeiras de Santa Teresa, no Rio.

Ou nas zonas ao redor do Pelourinho.

Falo (?) de Montmartre, dos maiores artistas e pintores.

Evitando Place de Ternes e Basílica de Sacre Coeur.

Mas parando em lugares que nem a Place Marcel Aymé.

 

PARIS POR DENTRO DOS MUROS

A história deste monsieur aí em cima é interessante.

 Funcionário classe C, baixo calão, humilhados.

Daí, para se vingar do chefe chato, inventou o seguinte.

 Ele passava por dentro das paredes, por dentro do muros.

Tanto foi verdade que mais de um chefe dele acabou no hospício.

 E virou peça de teatro famosa com o ator Marcel Aymé.

 Ah, o nome do artistão era Dutilleuil.

 Uma pessoa de troisième classe, mas que …

 “adentra o coração como um raio de luz da lua”.


E não é que a internet cá no apartamento em Paris pifou?

 Parece terra de índio, sô.

Chamo o técnico, demora.

Chega reclamando. É tudo merde…

 Para mim, aussi, monsieur.

 Mexe, fuma um cigarrinho mexe, merde!

Mexe mais um pouquinho, merde, mexe mais.

Depois de um monte de merde, não aguentei mais.

Escuta aqui, ô monsieur de merda.

 Merde por merde, deixa eu mexer também.

 – Mais je suis l`especialiste!!!

Especialista o cacete, merde monsieur.

Daí ofereci um cigarrinho brasileiro tipo paraguaio.

Mais um copo de Beaujaulais tinto.

Daí começamos a mexer juntos, merde para cá, merde para lá.

 E não é que a coisa  de repente funcionou? Era apenas um fio, juro pela virgem Santa Joana D`Arc.

– Moi aussi, diz aí pros teus amigos índios.

 – Cala a boca, monsieur de merde!

Era o fio do cabo (TV, telefone e modem) que estava quebrado.

Mas só no furinho do modem.

Daí enrolamos mais uns quatro, matamos mais umas duas garrafas,

 falamos umas mil merdas a mais e …

 – Adieu Monsieur Braziu.

Manda um alô aí pros teus amigos botocudos!

E se foi, ainda bem, que tô atrasado.

 Tenho umas fotos para mandar pros meus amigos tupiniquins.

 – Ô monsieur, volta aqui, cacete, não é botocudo, é tupiniquim, merde.

 E lá vão algumas fotos que eu chamos aqui de

PARIS EM CIMA DO MURO.

 Inté e Axé!!!


Enfim, de volta a Paris, nomesmo apartamento.

Do aeroporto até  a Rue Daguerre, ao som de frevo.

Isso mesmo. Trouxe o cd100 anos de frevo de cadeau para o Jean-Paul.

 A vrai spetacle, monsiuer, me diz ele, com o som no carro pela peripherique.

 – É a mesma coisa que samba?

–  Il est la même chause que le sambá? Esta foi fácil explicar.

Difícil mesmo foi traduzir o subtítulo do CD:

 100 anos de frevo para perder o sapato.

Mas, enfim, 13 horas de viagem, e sou recebido por  Monsieur Joel.

 Um francês negro, avós do Marrocos, tal qual um guia da Rocinha do Riô.

 Então, Paris seis graus, quatro da tarde, saio de leve antes que escureça.

Direto pro Chez Papa, vinho tinto e esta puta salada:

Daí, então, leve caminhada, promenade ou flaneur, ou seja, coçar o saco.

 Nas bancas de jornal, as primeiras fotos do ex-magnífico Muhamar Kadaphi. Nenhuma foto do mutilado de guerra, na sarjeta, ao lado de líderes.

 Nem o Sarkozy, que passava as férias com ele, e muito menos o nosso Lula.

Mas, voltando à minha flanada inicial aqui em Paris, tem a crise financeira. E a pergunta que não quer calar.

Tradução na letra do pé bichado:

 Quem tem que pagar são os banqueiros e não o zé povinho de merde.

Assinado: PCF. Atenção, não confundir com PCBdoB.

Aqui em Paris, os comunistas, não roubam nem comem as criancinhas.

 Mas ainda sonham em dizer que o poder é do povo, meu:

Pois então fui atrás deste tal do povo.

O mesmo que esquartejou o Gadaphi.

 Bárbaros?

Que nada, mané, precisa saber o que o povo francês fez.

 Na Revolução Francesa, botou rei na guilhotina.

E arrancou os outros dos túmulos para cortar em pedaço.

Mas voltando às minhas primeiras horas de Paris.

Encontro de cara, na Rue General Leclerc, na 14, o dito povinho.

 Pintor de rua, de calçada cheia de mijos e merda de cachorros.

Homenageia Salvador Dali, passou por aqui.

Que nem Picasso, Monet e o escambau.

Este, de hoje, avisa.

Antes de pisar na minha obra de arte, me dê um trocado.

 Como dizia o Ibrahim Sued, ademán.

A


Em Paris, ulalá,
chego nesta sexta, 20-10-11, pela undécima vez.

E tem um bar onde o lero é este.

Digo um poema, ganho uma taça de vinho.

L’Atelier du Plateau

Il va falloir payer de votre personne si vous voulez
bénéficier d’un verre gratuit lors de la soirée mensuelle

 Slam de l’Atelier du Plateau,

 « Centre Dramatique National de Quartier »,

en montant sur scène et en
disant un poème ou un texte.

Et pourtant, lá vou eu,
pelo Clube do Ócio,  Nuvem Cigana,  Poetas Marginais,

em nome do povo brasileiro,

 ler meu seguinte poema, em Paris,

ele vale um trago,

longe de mim o aspirar o título de doutor honoris causa.

Mesdames et Messieurs

Pardonnez mois pour mon français

Je suis un  poet zen plus un brèsilien

Pourtant, j`ai le pouvoir de penser:

Au demain, il y a une neuve lutte

Mais aussi la même image

Une neuve lutte perdue

La même image defete

Une neuve lutte perdue dans ma vie

La même image defete dans ma morte

Une neuve lutte perdue dans ma vie periclitante

La même image defete dans ma morte persistante

Une neuve lutte perdue dans ma vie periclitante par l’office

La même image defete dans ma morte persitante par l`orifice

Une neuve lutte perdue dans ma vie periclitante par l`office oral

La même image defete dans ma morte persistante par l`orifice anal

Oui, Mesdames et Messieurs

Au demain

Neuve lutte

Même image

Neuve lutte

Même image

Neuve lutte

Même image

Neuve lutte

Même image

Neuve lutte

Même image

Même merde, mon Dieu

De la vie et de la mort

De la vie perdue

De la morte defete

De la vie perdue dans la fête

De la mort defete dans la bête

De la vie perdue dans la fête de la mort

De la mort defete dans la bête de la vie

Morte, merde, mon Dieu de la vie!

Então, a tout allors, cambada de índio. Tô indo, agora para valer, para minha Paris. Adieu!!!


Puta que pariu!!! A Muralha do Medo é a minha Prisão.

Dona Beth Fernandes.

( A partir de um post dela no Facebook).

Escutei cá este tal de Mia Couto, por cinco vezes. Ou mais. Perdi a conta.

Aguarde um pouco, blogueiro amigo,  leia e, depois, escute.

Mas escute, mesmo,  meu.

Serão apenas sete minutos intensos.

Pois, continuando.

Me permita um arroubo.

PUTA QUE PARIU!!!

Há coisa de uns cinco anos, estava em Harare, Zimbábue, na casa de um amigo,

tinha marcado uma entrevista com Mia Couto, em Maputo.

Daí, enquanto faço umas caipirinhas de cachaça, leia-se cathatcha, em africanês,
para a tchurma da Senzala, juro, eles me curtiram, ou a caipirinha, de montão.

Daí, chegou um amigo do amigo, vindo de Moçambique, e me disse:

– Nem pensar. A estrada está cheia de assaltantes.

Era para eu ir pela estrada que entra pelo norte de Moçambique.

Logo eu que tinha saído da Cidade do Cabo, passado pela Namíbia,

atravessado por Botsuana, tudo de busão,
junto com os negros, na maior, eu, cara pálida, polaco e tal.

Pois confesso que telefonei para o Mia Couto e disse para ele:

– Estou com medo.

Daí, ainda tentei pela África do Sul, lado de Durban, no Oceano Índico,

entrar em Moçambique.

Acontece que o pós regime do apartheid, já com o Nelson Mandela,

  tinha simplesmente construído um enorme muro de arame farpado,

milhares de quilômetros de extensão,

 para impedir a entrada dos famintos (O MEDO DA FOME),
moçambicanos de entrar no imperialista império sul-africano.

Por tudo isso, estes sete minutos,  lidos do próprio punho pelo MIA COUTO,

 me arrepiaram sensivelmente.

E o pior de tudo.

Aqui na Ilha, Brasília, parte sulina, confesso:

– Por causa deste imenso medo, eu construí uma imensa muralha, ao meu redor.

Então, meu, clique abaixo e escute, mas escute mesmo;

http://www.youtube.com/watch?v=jACccaTogxE

Com a tua permissão, desabafo, franciscanamente, mais uma ve:

– PUTA QUE PARIU, EU TENHO MEDO, MEU!!!



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