
Nossa Senhora de Brasília.
Que em 2014 reine, na certeza soberana,
Sobremesa farta, na mesa e na cama,
Mas sem nos chafurdar em tanta lama.

Nossa Senhora do Brasília,
Santa dos sobressaltos,
Vos rogamos um presente bem brasileiro:
Que ressuscitemos, de uma só vez,
Sem ser preciso ser santo nem suar de medo
Nesta incerteza de tantos segredos.

Adicionemos a este nada, o tudo
Que, noves fora, sonhamos conceber.
E multipliquemos o zero da fartança,
Dividido pela dúvida agora do ato,
Que espanta, de fato, a esperança.

Que reine, na certeza soberana,
Sobremesa farta,
na mesa e na cama,
Sem nos chafurdar em tanta lama.
Ouça bem, Nossa Senhora de Brasília,
O brado fervoroso do vosso povo:
Que em 2014
Tenhamos a nossa vez.

São os votos de Mamcasz, Poeta-Zen,
E de sua consorte, Cleide.
Amém.
Para ouvir a mensagem completa, ao som do Hino Nacional,
Clique
https://soundcloud.com/mamcasz/feliz-ano-novo-povo-by-mamcasz
Leia
https://clubedeautores.com.br/book/156311–BIOGRAFIA_DE_UMA_GREVE#.UsNRdltDvl8

Foi só eu pensar neste Natal (Joyeux Noël) em Paris, por conta da premente necessidade de recuperação das horas paradas na frente do pensamento, eis que recomeço a receber mensagens do além oceano Atlântico:
– Bonjour monsieur Mamcasz.
– Bom dia!
– Je suis Alexandre, votre chauffeur a Paris, qui remplace Jean-Paul. Enchanté de faire votre connaissance.
Se não fora pelos camembert, beaujolais e baguetes, tem ainda o jeito carismático do falar. Eu estou encantado de poder vos conhecer. De faire votre connaissance. Eis um dos muitos motivos que me levam a passar outro Noël de novo em Paris, mon amour. E a forma como se despedem no escrito:
– A très bientôt. Bien cordialement, viste, meu rei?

Pelo citado, referência merecida ao Monsieur Jean-Paul. Nosso chauffeur antigo em Paris. Na primeira vez, levei a ele o Cd Duplo 100 anos de Frevo no Brésil. Noutra vez, um CD do Borguetinho. E chega a resposta, depois da apresentação do novo motorista porque ele, Jean-Paul agora está aposentando: “Une autre vie commence pour moi et mon épouse… maintenant cést le repos, les voyages, la détente.” E me devolve o amigo parisiense anos já passados:
– Je ne vous oublie pas, j’ai beaucoup aimé votre gentillesse, votre contact humain, j’écoute souvent les CDs de musique traditionelle brésiliene que vous mávez offert. Je vous remercie pour votre grande amabilité.
– Qué isso, mon cheri amigo Jean Paul. Se estiver em Paris, vamos tomar aquele vinho juntos. Eu, vous, votre épouse e, bien sûr, notre Madame.
– Bien cordialement mesmo…

Onde ficarei, pardon, ficaremos, moi e Madame, neste Natal, em Paris? Uma única exigência. Perto da Rue Daguerre por conta da passage de pedestres, da loja de vinhos, do ponto dos frutos do mar, da bagueterie na porta de casa, do pequeno mercado, do fromage. Ah. Em cima de uma estação de metrô, aliás, uma das 380 que existem a partir de 1.900. A casa de sempre não está mais à disposição alheia. Portanto, a mais próxima aparece pelo Airbnb. Um dia antes da ida:
– Vous arrivez demain, mon petit Manzinho! J’imagine que vous avez deja l’adresse et ma….
E Madame France, a dona, com minha ficha em Praga e Buenos Aires, também replica:
– Bonjour.
– Bom dia, madame. Na saída, posso ficar até seis da tarde, por causa do avião?
– Monsieur Mamcasz.
– Sou eu.
– Je vous fais confiance et pas de check out. Vous n’ aurez qu’à laisser les clefs dans l’appartement et claquer la porte em partant. Je ne serai em France à partir du 27.
– Pour moi, tudo bem, Madames.

Pois então. Tem vários lados esta moeda. Primo pela confiança. Mútua. Depois, pela dó que dá em fechar a porta em despedida. Um bilhetinho e uma lembrança, do Brasil, em cima da mesa. A casa mais limpa de quando chegamos. Foi isto que escreveu depois a menina hospedeira em Praga.
E, finalmente, a saudades que dá, a caminho do Charles de Gaule, com o mesmo chauffeur. A lembrança dos códigos que abrem a porta da rua, do jardim e do prédio. O número do telefone. O código de acesso à Internet. Banda larga de verdade. Ah. E o de antes, quer dizer, de agora, porque estou no quase saindo daqui para Paris.
– Alguma coisa aqui do Brasil, fique à vontade.
A resposta de Madame France, um bijous:
– Je veux bien que vous nous apportiez du soleil et un peu de chaleur!

Por sinal, no áudio agora me encanta Monsieur Rufus Wainwright, em Complainte de la Butte, cantando isso:
– Petite mendigotte… Je sens ta menotte… Qui cherche ma main…
Só falta o discípulo de Leonard Cohen me dizer:
– Bon voyage, Monsieur Mamcasz et Madame aussi.
http://musica.com.br/artistas/rufus-wainwright/m/complainte-de-la-butte-2/letra.html
https://clubedeautores.com.br/book/156311–BIOGRAFIA_DE_UMA_GREVE#.UrRCx_RDtuo

“Biografia de uma greve” relata, em 30.627 palavras, os quinze dias de uma árdua parada, em novembro de 2013, sustentada debaixo de chuva e de sol intenso, em Brasília, Rio e São Paulo, por 874 “guerreiros” da EBC – Empresa Brasil de Comunicação, pressionados por 431 chefes.

Escrita pelo velho jornalista Eduardo Mamcasz, autor de vários livros, trabalhador da empresa desde 1980, este registro do cotidiano da greve vai dos piquetes nas portas da empresa aos atos na frente do Palácio do Planalto, e às passeatas pelas ruas centrais das três capitais principais.

(Photo by Christiane Saú DAgostinho)
Para os interessados no movimento grevista, este livro desnuda o confronto CUT versus PT e o comportamento ditatorial, nas negociações, por parte de companheiros que, há pouco anos, eram tão agressivos quanto no lado hoje adotado por eles na carapuça patronal capitalista.

(Photo by Fabio Pozzebom)
Esta biografia, finalmente, mostra os variados momentos psicológicos, que vão do enfrentamento dos colegas fura-greve ao desânimo diante da intransigência dos gestores estranhos aos quadros efetivos da empresa, culminando na vera catarse do voto final e soberano da assembleia.

Boa greve, desculpe, ótima leitura.
Obrigado pela companhia solidária.
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https://clubedeautores.com.br/book/156311–BIOGRAFIA_DE_UMA_GREVE#.Uquc9FtDvlh_
