Foi só eu pensar neste Natal (Joyeux Noël) em Paris, por conta da premente necessidade de recuperação das horas paradas na frente do pensamento, eis que recomeço a receber mensagens do além oceano Atlântico:
– Bonjour monsieur Mamcasz.
– Bom dia!
– Je suis Alexandre, votre chauffeur a Paris, qui remplace Jean-Paul. Enchanté de faire votre connaissance.
Se não fora pelos camembert, beaujolais e baguetes, tem ainda o jeito carismático do falar. Eu estou encantado de poder vos conhecer. De faire votre connaissance. Eis um dos muitos motivos que me levam a passar outro Noël de novo em Paris, mon amour. E a forma como se despedem no escrito:
– A très bientôt. Bien cordialement, viste, meu rei?
Pelo citado, referência merecida ao Monsieur Jean-Paul. Nosso chauffeur antigo em Paris. Na primeira vez, levei a ele o Cd Duplo 100 anos de Frevo no Brésil. Noutra vez, um CD do Borguetinho. E chega a resposta, depois da apresentação do novo motorista porque ele, Jean-Paul agora está aposentando: “Une autre vie commence pour moi et mon épouse… maintenant cést le repos, les voyages, la détente.” E me devolve o amigo parisiense anos já passados:
– Je ne vous oublie pas, j’ai beaucoup aimé votre gentillesse, votre contact humain, j’écoute souvent les CDs de musique traditionelle brésiliene que vous mávez offert. Je vous remercie pour votre grande amabilité.
– Qué isso, mon cheri amigo Jean Paul. Se estiver em Paris, vamos tomar aquele vinho juntos. Eu, vous, votre épouse e, bien sûr, notre Madame.
– Bien cordialement mesmo…
Onde ficarei, pardon, ficaremos, moi e Madame, neste Natal, em Paris? Uma única exigência. Perto da Rue Daguerre por conta da passage de pedestres, da loja de vinhos, do ponto dos frutos do mar, da bagueterie na porta de casa, do pequeno mercado, do fromage. Ah. Em cima de uma estação de metrô, aliás, uma das 380 que existem a partir de 1.900. A casa de sempre não está mais à disposição alheia. Portanto, a mais próxima aparece pelo Airbnb. Um dia antes da ida:
– Vous arrivez demain, mon petit Manzinho! J’imagine que vous avez deja l’adresse et ma….
E Madame France, a dona, com minha ficha em Praga e Buenos Aires, também replica:
– Bonjour.
– Bom dia, madame. Na saída, posso ficar até seis da tarde, por causa do avião?
– Monsieur Mamcasz.
– Sou eu.
– Je vous fais confiance et pas de check out. Vous n’ aurez qu’à laisser les clefs dans l’appartement et claquer la porte em partant. Je ne serai em France à partir du 27.
– Pour moi, tudo bem, Madames.
Pois então. Tem vários lados esta moeda. Primo pela confiança. Mútua. Depois, pela dó que dá em fechar a porta em despedida. Um bilhetinho e uma lembrança, do Brasil, em cima da mesa. A casa mais limpa de quando chegamos. Foi isto que escreveu depois a menina hospedeira em Praga.
E, finalmente, a saudades que dá, a caminho do Charles de Gaule, com o mesmo chauffeur. A lembrança dos códigos que abrem a porta da rua, do jardim e do prédio. O número do telefone. O código de acesso à Internet. Banda larga de verdade. Ah. E o de antes, quer dizer, de agora, porque estou no quase saindo daqui para Paris.
– Alguma coisa aqui do Brasil, fique à vontade.
A resposta de Madame France, um bijous:
– Je veux bien que vous nous apportiez du soleil et un peu de chaleur!
Por sinal, no áudio agora me encanta Monsieur Rufus Wainwright, em Complainte de la Butte, cantando isso:
– Petite mendigotte… Je sens ta menotte… Qui cherche ma main…
Só falta o discípulo de Leonard Cohen me dizer:
– Bon voyage, Monsieur Mamcasz et Madame aussi.
http://musica.com.br/artistas/rufus-wainwright/m/complainte-de-la-butte-2/letra.html
Outra chose. Agenda uma entrevista na Radio France para falar do meu livro:
Biografia de uma Greve.
https://clubedeautores.com.br/book/156311–BIOGRAFIA_DE_UMA_GREVE#.UrRCx_RDtuo
À bientôt
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