Em 1980, eu lanço meu primeiro livro –  EU TROVÃO – sobre fatos talvez ocorridos em 1979, ou seja, há trinta anos, certo? Tempo suficiente para esquecer tudo. Ainda bem que não, mané.

                      Na nona lágrima, ou capítulo, ou Sanctus, porque cada um segue a ordem da missa, coroinha, seminarista e noviço capuchinho que sou, tem o salmo do pedaço:

                     Por dentro, sou vinho em barril velho, sem respirar e me fodendo todo.

                    Neste capítulo, tem uma poesia feita especialmente para mim – Mamute, Sanctus Mammuthus!

                   Estou eu, trinta anos passados, com trinta aninhos, poeta marginal, do Sonho Pirata, Clube do Ócio, Nuvem Cigana e coisa e tal.

                   Pois bem.

                   Hoje, trinta anos passados, portanto, passo dos sessenta, recebo um email-orkut-facebook justamente dessa pessoa que me presenteia, em 1979, esta poesia de   quem nunca mais me encontro, fisicamente, embora a ordem dos fatores nunca  altere o produto desta  minha idosa imaginação:

                  Oi lindo!!!!!!!!!!!

                 Mamute, Sanctus Mammuthus.

                 Lembra de mim?

                Me escreve … saudade de saber de vc!!

                Beijo.

                Mestra Netinha.

               Dizer o que?

               Apenas que esta poesia, que  ela me regateia, há trinta anos, continua linda.

              Um trechinho só:

              Em um sol de qualquer tempo

              Você vai surgir, eu sei,

             E como antes, sempre como antes,

              Olhar “pro” céu e pensar,

             Pensar em tudo, dormir…

              Taí.

              Trinta anos depois, meus ouvidos degustam o mesmo daquele tempo, dito, agora, pela atual mestra em Planejamento e Gestão Ambiental.

               Na minha mente inda não demente, tudo linda.

               Quer dizer.

               Resta salvo meu ego, quer dizer, meu ambiente e meio.

                No meu ouvido, insiste Caetano com:

                … felicidade … coisa toa … e como é que a gente voa … quando começa a pensar …

               Bjss