Charles Bukowsky.
Conheço este cara desde que eu era libelu na Eco do Rio, atrás do Pinel, na Praia Vermelha.
É da beat generation.
Da geração norte-americana doidona on the road.
Quando eu apresentava a Barka Kultural, na Tv Nacional, na década de oitenta , que na seguinte virou Café Cultural, na Rádio Nacional, bem, tinha um poema do Bukowsky que eu sempre usava.
Agora, saiu uma versão nova, na L&PM Editora, mas eu prefiro a minha, antiga, que sorveu muito do suor do meu sovaco contestador, ainda que marginal.
Por isso, repasso aqui, hoje, neste primeiro dia de uma nova década.
Que ela seja diferente.
Pelo menos . . .
E não mais uma década que chega na lesma lerda de sempre.
Aliás, neste reveillon, levei uma discussão com amigos, sobre o:
VOTO NULO VEM AÍ.
Pá! Pá! Isto é qui é . . .
Ah… estou assim meio zonzo assim porque estou aqui num plantão remelento, na Rádio Nacional, por entre os fantasmas que ainda insistem rondar este prédio encardido.
Por exemplo.
Luís, o grande jornalista que virou mendigo e dormia na calçada aqui em frente, ao lado da esposa, a Inácia (gozado, juntando os dois dá Luís Inácio).
Augusto, o nobre símbolo de outro grande repórter, não aguentou o tranco da vida e virou mendigo em Natal.
Juro!
Tem outros mais.
Dos antigos e dos novos.
Todos eles estão aqui, ao meu lado, agora, dia primeiro de 2010, na Rádio Nacional, lendo junto este poema do velho Bukowsky, que repasso na maior calma deste mundo.
Neste 2010, tem um pássaro azul querendo sair do meu peito
“ Eu tenho um pássaro azul em meu peito
querendo sair
mas eu sou duro demais com ele
e digo:
fica quieto aí que eu não deixo ninguém saber …
Eu tenho um pássaro azul em meu peito
querendo sair
mas eu jogo uísque em cima dele
e vomito a fumaça do meu cigarro
para que as putas e os rapazes dos bares
jamais fiquem sabendo que ele
está aqui dentro . . .
Eu tenho um pássaro azul em meu peito
querendo sair
mas sou duro demais com ele,
eu digo:
fica quieto aí
você quer acabar comigo ?
Eu tenho um pássaro azul em meu peito
querendo sair
mas eu sou bastante esperto,
sinto a pressão e deixo que ele saia
em algumas noites somente
quando todos estão dormindo
depois o coloco de volta em seu lugar
mas ele ainda canta um pouquinho
lá dentro
por isso eu não deixo que ele morra
completamente
o pássaro azul em meu peito
e nós dormimos juntos
neste nosso pacto secreto
e isto é bom o suficiente para
fazer um homem
chorar,
mas eu não choro,
e você ? ”
junho 27, 2011 at 22:07
Eu libertei o meu, e ele vai e volta, mas sempre azul!!!
Viva o velho Buk, que, aliás, não gosta de ser chamado de beat!
Cuidado se não ele puxa seu pé lá na Rádio! Com os outros fanstamas.