124 dias sem chover aqui em Brasília.
E cem que a cada dia não se passe sem escândalo.
E né que a turma do IBGE, tão volumosa quanto a dos Fichas Limpas (ou não), continua batendo no portão do meu prédio a fim de preencher, numa boa, a taxa de produtividade de cada uma pessoa lá da equipe deles?
Tudo bem.
Alego que não confio mais nas instituições que vazam nosso sigilo, fiscal ou não, mais do que o ladrão da caixa d’água.
– Nós asseguramos que não haverá quebra de sigilo.
– Nós quem, cara pálida?
E o povão do subúrbio, ali representado no provisório agente de recenseamento, mostra-me uma carta ameaçadora, com a lei 5.534, de 14 de novembro de 1968.
Portanto, o IBGE está baseado numa lei do AI-5, da Ditadura Militar, que diz:
– O censo do IBGE é de resposta obrigatória estando o faltoso passível de multa de até cinco vezes o valor do maior salário mínimo vigente no país?
– Mínimo do povo ou mínimo do promotor-juiz-pf-político?
– Num sei não.
– Então me dá aí o envelope lacrado com a senha que depois eu preencho no internet.
E foi assim então que escapei da lei em vigor desde o Ato Institucional Number Five.
Primeiro, ide até:
http://questionario.censo2010.ibge.gov.br
Daí, coloque o código de acesso.
Atenção.
Não se trata de uma das 40 senhas em anexo (é, Mané!)
Cinco dias de prazo.
Daí, tem telefone automático.
Depois, o agente volta ao teu domicílio-residência-mansão-barraco-marquise.
Preenchi tudo, no básico, mas errando seis vezes para usar senha, sempre diferente. A cada quadro, uma aposta nova na mega-sena 1218, que passa dos 63 milhões.
De estalo, depois do sexo, se casado com mesmo ou diferente bitola, empaco na resposta relativa à minha cor. Vou ao espelho, estou meio bronzeado, e volto aos ítens. Duas dúvidas: Pardo (4) e indígena (5) são cores ou raças?
Tem uma coisa que me arrepia todo em preencher, ainda mais nestes tempos hitlerianos de qualquer agentezinho de merda quebrar meu sigilo.
Preencha a seguir a quantidade, o nome, o sobrenome de cada um dos elementos ditos humanos que moram no teu aparelho. Tem mais. Quanto cada um recebe em dinheiro, benefícios, caixa dois, por fora, bico e por aí foi o meu sigilo.
Finalmente, o IBGE quer saber quantos brasileiros e brasileiras estão morrendo lá fora, no estrangeiro, ralando ilegalmente.
Desculpa, o IBGE diz morando, errei, disse morrendo:
Saiba mais do que o IBGE:
Dois em cada três brasileiros que vivem fora do Brasil estão em situação irregular.
Clique abaixo:
http://www.estadao.com.br/estadaodehoje/20100926/not_imp615339,0.php