Ufa!
Consegui escrever 50 mil palavras num mês contando todos os detalhes do que está tão perto de mim e que eu queria tão longe. Começo, capa e fim. Agora, é partir para a revisão e publicação do livro.
Ground Zero
Diante de mim mora um prédio na parte dita nobre desta capital brasileira chamada Rio e apelidada A Maravilhosa.
Este prédio em frente a meus divagares será aos poucos por mim acabado através destas 50 mil palavras que eu começo a ditar para mim mesmo a partir deste exato momento (oito da noite um dia depois dos Finados de 2010), desde este bureau de madeira nobre da Amazônia, ipê um dia flores no meio da floresta.
Aqui estou eu instalado especialmente para este projeto junto à janela do último sexto andar onde jaz minha solidária torre de marfim, posto de observação deste arremedo de vida presente no Pombal de Gente Inacabada, gigante deitado eternamente em berço horrendo, é o Brasil!!!
Gran Finale
– Mas meu coronel, olha só que paisagem mais bonita a do Rio. Esqueça os corpos da sua mulher e do narrador boiando na água espumosa da banheira. Está chorando, coronel? Amoleceu? Pois a partir de agora, quem manda no final desta nossa longa conversa de cinqüenta mil palavras sou eu, pessoa leitora. Se eu quiser, acabo com tudo agora mesmo. É só eu fechar os meus olhos e pronto. Está tudo resolvido.
– Sua leitora desaforada. Saia agora mesmo deste meu livro.
– Seu? Pelo que eu saiba o escritor é o que está na banheira de braços dados com a sua mulher, os dois mortos, mané!
– Acontece que agora eu é quem está no comando dito horizontal. Portanto, circulando. Nem devagar, para não parecer suspeita e nem muito depressa, para não parecer fuga. Entendeu a piada? E não corra não porque senão eu acabo de atirar. Por isso, considere-se morta e este livro terminado. Positivo, câmbio.
– Acontece que eu sou a leitora, coronel, e não morro jamais e nem perco a ternura. Devolvo a piada.
– Então, atenção!!!
– Feche os olhos!
– Dê seu último suspiro!
– Descanse em paz!
– Amém, coronel.
– Silêncio!!!
T H E E N D