1 – O governo de Israel ordena que neste ano pandemônico não mais de 10 mil judeus hassídicos ultraortodoxos se juntem no monte Meron para acender fogueiras junto ao túmulo do rabino Shimon Bar Yochai neste feriado sagrado de Lag Ba´omer.

2 – Segundo o jornal Jerusalen Post, havia mais de 90 mil. Na madrugada, a tragédia: 45 fiéis morrem pisoteadas e mais de 150 continuam feridas, algumas em estado grave. Um “desastre pesado”, declara o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu.

3 – Apesar da tragédia, centenas de fiéis se recusam a deixar o local e entram em confronto com a polícia que os impede de voltar para diante do túmulo do rabino Shimon Bar Yochai para a prece da “saída do sofrimento para a alegria.”

( De acordo com o Talmud, a Bíblia dos judeus, o Deus Jeová cria uma praga pandêmica nos tempos de Rabi Akiva que mata 24.000 de seus alunos deixando-o com apenas cinco. Um deles o rabino Shimon Bar Yochai. )

Assim acontece, 13 de abril, com 2 milhões de fiéis da Índia que se aglomeram para tomar o banho sagrado no rio Ganges em meio ao morticínio pandemônico de tal relevância quanto à do nosso Brasil onde a briga pelos cultos…

Moral final dos tempos:

Nesta semana, Israel impede que palestinos de Jerusalém – capital dos judeus, muçulmanos e cristãos – pois mal, Israel impede palestinos de participar da votação se estiverem vivos em … Jerusalém. Motivo: evitar aglomeração.

Adviso:

Antes do enter leio e releio este meu texto exatas 17 vezes.

Repasso páginas dos judeus Joseph Roth e da Ana Arendt.

Shalom.

Inté e Axé.


Este post, conforme o prometido, vai para a amiga Gaby Einstoss 

***

      There are things that impressed by the simplicity that touches deep inside. The Deserted Room. Kopenplatz. Mitte.  Jewish Berlin. Bronze monument of Karl Biedermann. Recalls the night of 9 to 10 November 1938. The Nazi Youth hunting out the People Wandering Jew. People who had managed to run to survive. In haste without bags, furnishings in the room remain motionless. A table and two chairs – one fallen.

     Tem coisas que impressionam pela simplicidade que toca lá no fundo. O Cômodo Vazio.Der Verlassene Raum.  Kopenplatz.  Mitte. Berlim Judáica.  Monumento em bronze, de Karl Biedermann. Relembra a noite de 9 para 10 de novembro de 1938. A Juventude Nazista sai à caça do Povo Errante Judeu. Teve gente que conseguiu correr para não morrer. Na pressa sem malas, os móveis da sala restam imóveis. Uma mesa e duas cadeiras – uma delas caída.

      Mas tem o prólogo, na forma da moldura emoldurada na calçada fria da praça. É um poema que cerca a mesa e as duas cadeiras, impossibilitadas do salto além do muro do Eterno Pogrom-Gentrification-Extermínio. São palavras duras extraídos do poema de Nelly Sachs, Prêmio Nobel de 1947:

“O dedo da Morte aponta para os donos das Casas  outrora  Convidados. Ultrapassado o Limite entre a Vida e a Sorte. Restam as fileiras de Chaminés. Onde o Corpo de Israel vira Fumaça.”

Tradução livre a partir de:

     “…O die Wohnungen des Todes, (Oh the houses of death) / Einladend hergerichtet (invitingly appointed) / Für den Wirt des Hauses, der sonst Gast war – (for the landlord of the house who was once a guest) / O ihr Finger (Oh you fingers,) / Die Eingangsschwelle legend (Laying the threshold) / Wie ein Messer zwischen Leben und Tod – (like a knife between life and death) // O ihr Schornsteine, (Oh, you chimney stacks,) / O ihr Finger, (Oh you fingers,) / Und Israels Leib im Rauch durch die Luft! (And the body of Israel going up in smoke!)

     No meio desta ida, paro para  escutar uma senhora judia,  duas netas,  sete e   cinco anos, a quem falava, em francês, o significado daquela mesa e duas cadeiras, uma caída, dos tempos do Holocausto nos Campos de Extermínio. Foi quando ouço isto:

– Todos morreram?

– Não, eu não, responde a avó.

Trêmulo me apresento. Ela me diz que a Verdade  não tem Idade.  Ela não morre nunca.

Shalom, madame.