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Deusa Natureza!
Dai-me o tempo de festa – verão –
E do repouso – viram?
Dai-me o tempo das folhas secas,
Galhos tortos, noves-fora,
Recomeçar do quase-nada.
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Deusa Natureza!
Dai-me o poder de remover torres,
Mares e bobos sonhos :
Ser viril na ternura de um Chico de Assis
No sermão desolado da montanha
De entulhos e bagulhos.
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Deusa Natureza!
Dai-me o milagre da multiplicação das palavras.
Que elas instiguem nas crianças
O distante reino dos céus,
Reafirmem a decisão de malhar o Judas,
E justifiquem a intenção de crucificar de novo o velho Cristo.
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Deusa Natureza!
Dai-me o entendimento desta minha dupla convivência:
– Qual dos dois – Cristo ou Judas – ocupa
Uma cadeira vazia no bar,
Um vazio na gente?
Nesta idade, pessoa,
Às vezes, sou um mini homem dileto,
Noutras muitas, um super rato discreto.
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Deusa Natureza!
Dai-me um tempo
Para continuar sendo aquilo ou isto
Judas ou Cristo –
Insisto –
Mesmo que eu durma com o Diabo
E com o Deus, na mesma lama,
Ou que amanheça por entre as Madalenas,
Caifás, Pilatos, Herodes, Marias,
Ou mesmo Dimas, o bom –
Qual era mesmo o nome do mau ladrão?
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Deusa Natureza!
Dai-me a vontade de mesmo no roubo
Na força eu ser bom,
Do começo ao fim.
E depois, ressuscite o santo, de mim
Decantado das cinzas ao vento,
Desde que eu continue, no fundo,
Sendo sempre aquilo ou isto,
Judas ou Cristo.
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Deusa Natureza!
Dai-me a certeza do retorno,
Na forma de pássaro no arco-íris plantado
Para que eu possa cantar para alguém,
Mesmo que somente para mim,
Um retumbante Hallelluya.
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Deusa Natureza!
Dai-me um Ovo de Páscoa
Que na duvidosa placenta de vida
Da gema renasça, por encanto,
Isto ou aquilo.
É o que mais desejo.
Sinceramente, deste teu
Cristo, mesmo que Judas.
Amém!
Eduardo Mamcasz, Poeta Quase-Zen.
Boa Páscoa – 2010.