JORNALISTAS    NA  ENCRUZILHADA

A história da sindicalização dos jornalistas brasileiros começou na década de 30,  século passado,  a reboque das benesses do governo da época, no caso, do então ditador Getúlio Vargas, que concedeu a jornada de cinco horas diárias e tentou, sem êxito, em 1938, criar escolas superiores que permitissem uma profissionalização, com diploma, que só foi alcançado noutra ditadura, esta militar, em 1969, e derrubado agora, em 2009, no final de um governo democrático de viés popular.

 

Muros de Brasília - photo by Mamcasz

A partir de 1950, os jornalistas brasileiros passaram da fase dita de boemia para a sindicalização que acompanhou o processo de industrialização brasileiro, com a transição das Associações de Imprensa regionais para os Sindicatos, embora, no âmbito nacional, a Associação Brasileira de Imprensa -ABI – tenha mantido presença marcante, a partir do golpe de 1964, quando os sindicatos dos jornalistas ganharam juntas interventoras, até decair novamente, em termos de participação nacional, desde o impeachment do primeiro presidente civil eleito depois dos militares.

 

Muros de Brasília - photo by Mamcasz

A reação dos jornalistas brasileiros voltou a acontecer na década de 70, com a retomada dos Sindicatos por nomes de peso, a exemplo do Distrito Federal, onde entrou Castelinho (famoso colunista Carlos Castelo Branco), seguida de lutas enormes contra a censura, pelas Diretas Já para presidente,  de protesto por mortes de jornalistas,  o caso maior foi o de Vladimir Herzog, na prisão política em São Paulo, encerrado este ciclo com a realização de  greves de jornalistas que tinham apagado do imaginário de toda uma geração esta forma de luta de classe, ainda que corporativista.

 

Muros de Brasília - photo by Mamcasz

Finalmente, advindo o processo de transição para a democracia (saída dos militares, chegada do primeiro presidente civil eleito indiretamte – Sarney –  e afastamento do primeiro eleito diretamente – Collor), os jornalistas se encontram agora numa encruzilhada, na fase pós Informática,  perdendo cada vez mais espaço para blogueiros, lobistas, comunitários, ongueiros, assessores e outros estranhos no ninho, o mesmo acontecendo com o sindicalismo e seu envolvimento partidário, não mais político, com   preferência pelo singular  PT – CUT, e se distanciando cada vez mais   do centro da meta da maioria da classe.

 

Muros de Brasília - photo by Mamcasz

Em síntese, a classe dos jornalistas brasileiros está sem rumo, desunida, desinteressada e sem bandeira, perdida diante de investidas como o fim da exigência do diploma ou da malsucedida criação do Conselho de Comunicação Social, sofrendo da ausência de bandeiras comuns de luta e de nomes brilhantes para modernizar o movimento sindicalista do jornalismo brasileiro. 

 Enfim, devido à opção pelo singular e não pela ação pluralística, que envolva a maioria, o sindicalismo brasileiro referente aos jornalistas está nas mãos de meia dúzia que diz representar os interesses de milhares de profissionais que preferem o silêncio dos inocentes.

O que vai sair disso, ninguém sabe, nem quando, e muito menos onde.

 

Muros de Brasília - photo by Mamcasz

Boca no Trombone

 Eduardo Mamcasz

 

( Jornalista profissional sindicalizado desde 1977, primeiro no Rio depois em Brasília,  formado na UFRJ,  com passagens nos jornais O Globo, Folha de São Paulo e EBN-EBC, entre outros. Este texto foi preparado para o TCC (Trabalho de Conclusão de Curso), a pedido, por uma turma duma Faculdade de Comunicação em Brasília, quer dizer, no Distrito Federal, porque na cidade de Taguatinga. )

 

 


                     Fantasmas são justamente aqueles “chiados”  ou “chuviscos” (ler Evangelho 1) de certas lembranças que me atrevo a introduzir, a partir deste momento, mesmo que  na quebrança do código de  insegurança seguida por todos nós servidores desde o suicídio do Velho (ler  Evangelho 2), que teve o Testamento ao Povo Brasileiro (ler  Evangelho 3) censurado, na manhã de 24 de agosto de 1954, quando ganhou a versão datilografada para ser lida ao microfone da saudosa potência da Rádio Nacional do Rio, fato este que será devidamente comprovado durante as infindáveis conversas que  transmitiremos, qual cardume  de escribas, técnicos, artistas e produtores, todos mentes retidas exatamente por termos sido carcereiros e, ao mesmo tempo prisioneiros dos atos oficiais de todos os governos deste “País de Tolos” (ler  Evangelho 4) , tenham sido eles militaristas, popularistas ou popularescos que se sucedem até os dias de amanhã, numa lastimosa e monocórdica troca de guarda  palaciana e planaltina.
 

 


                      Antes de começarmos esta sessão propriamente dita, dispomos aqui de relatos de desconfortos observados por alguns sobrevivos, assim qualificados uma vez que já passaram da fase de sobreviventes mas ainda não fantasmas propriamente ditos e que, devido a essa condição, encontram-se mais suscetíveis a tremores causados por alguma alma penada entre nós postada que continua, por exemplo, a fazer mexidas sutis no script da Voz do Brasil, sutis agora porque no antanho desde os tempos da Agência Nacional, herança do Estado Novo, e depois na Dita Branda-Dura, continuando, na dita Nova República, enfim, o dito personagem editor era dos mais leais ao macado de plantão no galho seco, mesmo que colorido. Pois bem. Não é que esta alma penada   porque da equipe ainda não desencarnou encontra-se, sacanamente, agora mexendo no script no que, em vida, nunca teve um pingo de coragem?

Abiaxo da autoridade - photo by mamcasz

 

                  Tem outra ainda alma viva que sente a passada leve dos ombros arqueados de uma,  dita por ela,  assombração (ler Evangelho 25) que,  no Radiojornalismo, transparece apenas ao ente que não era por ela querido, causando-lhe descrédito junto aos demais convivas dos escombros do que um dia foi uma redação de gente.
               Vamos ainda discutir aqui a validade da maldição continuada em cima dos redatores em línguas estrangeiras que nunca mais conseguiram firmar a posição adquirida no século já passado. Outra alma já danada,  simplesmente insiste em colocar, nos hiatos sonoros das gravações feitas por estagiárias esperançosas, imperceptíveis gafes que são exploradas pelas vetustas e mal-amadas editoras cheias de rugas e rusgas daninhas. Juro que tudo aqui descrito não passa simplesmente de verdade, tão somente, verdade.