Bons tempos aqueles em que se cantava a criança feliz, feliz a brincar. Hoje, elas querem mais. Brinquedo? Depende…

E olha que o preço da boneca cobiçada, das noites de sereno, subiu, desde o Dia da Criança de 2011, 5,79%, contra uma inflação de 5,73%. Melhor então empurrar para cima da criança mais uma bicicleta, que subiu 2,25%. Ou um computador, que deixou de ser coisa de gente grande, que subiu 2,44%.

 Agora, carinho, afago, atenção, beijo, abraço, até logo, bom, aí é demais, né, gente. Dá muito trabalho para os pais. As crianças estão mais é para o consumismo. Chegam a ficar doentes. Viram umas  dominadoras. Verdade. 

 Aumenta a preocupação de educadores com o consumismo infantil que, em alguns casos, pode desencadear até mesmo doenças, como alergias, depressão, agressividade, hiperatividade, ansiedade, além de febre e irregularidades no sono.

Vamos então aos números que abalam as finanças dos pais e alimentam o ego das crianças. Até porque o Dia das Crianças é o terceiro que mais vende, com 35% do faturamento dos negociantes. 

 Pelo comércio eletrônico, o faturamento deste ano chega  aos  855 milhões de reais. Em 2011, o comércio eletrônico faturou R$ 713 milhões. Só na parte das cansativas crianças que vencem os pais pelo choro, dengo e, digamos, manobras nada éticas. Ou não?

Agora, vamos fazer um teste para saber se os pais sabem se comportar na hora de comprar um presente para o Dia das Crianças. Será que eles são gente grande, sabem colocar o presente na grade financeira doméstica ou, se for o caso, parcelar sem que isto prejudique as necessidades básicas futuras da família.

 Então me ouça, pessoa.

http://soundcloud.com/mamcasz/dia-da-crian-a-n-o-quer-mais

 


                  Eu tenho uma amiga que tem um filho pequeno  que vai na minha chácara e sobe no telhado, pela janela mezzanino,   e eu vou  lá e fecho a reentrada  e tranco a porta  e retiro a escada porque eu sempre  sou  assim com  criança e cachorro: adorado…

                 Está com pena?

                 Pois este filho da minha amiga me faz uma chantagem comigo enquanto  a mãe dele está  no banho pós-ato, de fato, talvez ele tenha…  até Deus nos  ouve:

                – Abra a porra desta janela –grita ele, baixinho, comigo – se não me jogo daqui de cima e te mato!

                  Protetor  de toda e qualquer criancinha  na hora abro a janela da vida  para esta  futura raivosa figura.

            Moral do lero:

           Hoje, ele está preso na Papuda – Penitenciária.

           Intimado, novamente sob chantagem, estou de novo nesta merda da fila de visita, mãe chorando abrindo a bolsa e a vagina, porque nela, diz o meganha, esconde o sustento da ex-criança para que ela não se torne, hoje, a mulher de um malandro enjaulado, e daí vou  levando o papo para que ele não visite  o meu ânus íntimo, peraí, mermão, sou jornalista,branco que nem tu, e ele dá  um tempo, se valoriza e me libera, a mim e a uma incógnita trouxinha de cocaína que vale ouro na cadeia.

            Final:

            Saio da cadeia  com o gosto doído no ouvido do filho da minha amiga me dizendo o seguinte:

            -Esta vida, tio, é uma droga.

           É  por isto que ele está fodido. Se fica só na Esplanada, aconselho no dantes, que maravilha, mas não, se mete a ser independente ou, como se diz na moda, autossustentável, auto-sustentável, alto lá, alguém me diz onde colocar esta merda deste hífen?

             – E minha mãe, como tá,tio?

             – No cemitério, dormindo, meu.

            Pós-saída:

             Entro no decadente ônibus linha 171,  Papuda -Rodoviária, cheia de mães,  moídas e doídas,  e eu, doido para uma fileira de coisa na vida, dou um sorriso e me lembro daquela criança filho da minha amiga. Que saudades, meu,  ele no telhado e a mãe dele embaixo de mim.

           –  Feliz Dia da Criança, meu pequeno marginal.

           Nota:

           Isto tudo não passa de ficção. Nenhuma amiga minha tem filho.

           Isto é para ser lito escutando Nana Caymi cantando:

          – Vem cá meu  mininu….