Continuamos hoje pelo Grande-Poeta-Maldito-Maneco-Paulista. Esperto, ele se manda para o Rio. De castigo, morre aos 20 anos de idade. Em São Paulo. Aposto que Você nunca Ouviu-Falou Dele. Álvares de Azevedo. Viu?
Continuamos hoje noutro grande Poeta-Paraíba-Doutor Tristeza. Primeiro, ele vai para o Recife, que nem minha Eterna Madame. Depois, vai para o Rio, que nem eu, onde publica o único livro, chamado EU. Morre em Minas Gerais. Eu, não. Aposto que Você nunca Ouviu-Falou Dele. Augusto dos Anjos. Viu?
Continuamos hoje pelo Grande-Poeta-Maranhense, que, bom Nortista-Nordestinho, se manda a tempo para o Rio, depois para Sampa, daí, que nem Eu, pros States, Europa, África e tais. Enfim, um vero Guesa Errante. Aposto que Você nunca Ouviu-Falar Dele. Souzandrade. Viu?
“ Eu ponho os olhos
No firmamento:
Que isolamento!”
– Romantismo o K…
– Polaco!!!
– OK.
– Bom 24 !!!
“ O róseo fio nesse albor ameno… Destruído. Ensanguentada, A Terra sorri ao Céu sereno! ”
Continuamos hoje pelo Grande-Poeta-Baiano, que nem eu, que volta a tempo para o Rio, que nem eu. Gregório de Matos. Aposto que Você nunca Ouviu-Falar Dele. Viu?
“Desgraças nunca vistas, nem faladas. São, ó Bahia, vésperas choradas De outras que estão por vir estranhas.”
– Boca do Inferno o K…
– Polaco!!!
– OK.
– Bom 24 !!!
“ Ninguém vê, ninguém fala, nem impugna, É que quem o dinheiro nos arranca, Nos arrancam as mãos, a língua, os olhos.”
Gregório de Matos é deportado, pela Mal Dita Santa Inquisição Católica, da Bahia para Angola, na África, de onde volta quando quase morto.
Continuamos hoje pelo Grande-Poeta-Paranaense, que nem eu, que se manda a tempo para o Rio, que nem eu. Aposto que Você nunca Ouviu-Falar Dele. Emílio de Menezes. Viu?
“ Parece peta. A Peppa aporta à praça
E pede ao Puppo que lhe passe o apito…”
– Parnasiano o K…
– Polaco!!!
– OK.
– Bom 24 !!!
“ Que Peppa apupe o Pupo e à popa ponha Papas, pipas, pepinos, papagaios!”
Tenho pena desse Menino, dito Jesus, que está para nascer.
– Pena por causa do quê, Polaco?
Simples, uai.
Primo:
Para nascer, a Mãe dele, a Maria, junto com o Pai Adotivo, o José, tiveram os três que fugir da Palestina, no lombo de um Jegue, correndo para o Egito, onde, refugiados, encontraram apenas uma Estrebaria no Meio do Caminho.
Secundo:
Bem que os Profetas advertiram Maria e o Messias…
– Avisaram o quê, Polaco Ateu?
Sou não, sô. O Menino, dito Jesus, se não sabia, foi avisado que, se nascido, a Vida dele seria …
– O quê, Polaco?
– Uma merda!!!
– Polaco Apóstata!!!
Sim. Então, anote aí o que o Menino que nasce neste dia 25 de Dezembro vai levar nos Córnos:
1 – Por ser primogênito, vai ficar Fugido-Fudido-Foragido-Refugiado da Palestina, via Faixa de Gaza, porque Herodes, de Israel, estava a fim de acabar com ELE, criança, por cagaço das Profecias que o apontavam futuro Messias.
2 – Aos dez anos de idade, por causa da briga dele com os rabinos judeus, no Templo de Jerusalém, ELE foi mandado para um Reformatório na Faixa de Gaza, de onde só conseguiu escapar quando fez 30 anos de idade.
3 – Daí é que Eu Polaco, Nunca Ateu, acho que esse Menino, dito Jesus, metido a Hippie, nunca devia ter nascido, mesmo que agora ao lado de Outra Maria, a Madalena. Acho eu. Uai?
4 – Depois de muito vinho, peixe e viagens interiores e banhos pelados no Rio Jordão, finalmente acontece o Final, Dito Divinamente Previsto:
5 – Reunidos no Matinho de Getsêmani, eis que aparece o Exército de Israel, aliado ao de Roma (USA). Avisado por quem?
6 – Primeiro, o então Apóstolo Judas, o Iscariotes, não o outro Judas, o Queridinho do não mais Menino Jesus, que, por mim, nem devia ter nascido, enfim…
7 – Em troca de 30 Dinheiros, Judas entrega a turma toda. Mãos na cabeça!!! Todo mundo!!!
8 – Quem é você?
9 – Eu sou o Pedro, um Reles Pescador. Aceita unzinho?
10 – Ponha as mãos na cabeça!!!
11 – Qual?
12 – Cê tá doido, Pedro?
13 – Tô. Mas nunca na minha vida eu vi ELE!!! Nunca!!!
14 – Repete!
15 – Nunca vi este tal de Cristo.
16 –Pela terceira vez. Repete!
17 – Nunca vi este Cara dito Jesus. Sei lá quem é ELE!!!
18 – Neste Ínterim (bonita esta palavra, né?), enquanto Judas recebe o trocado e Pedro lasca o Coitado, a Turma Toda se escafede do pedaço. Menos a Maria Madalena, chamada de Quenga pela Turma toda. Ela é apaixonada por Jesus, ele nos 30 anos depois de nascido. Grande Mina.
Do então cordeiro não mais bebê
Na toalha se vê o rapaz tão bonito
Na cabeleira a coroa de espinhos.
From then Lamb, no more baby,
in the towel one sees
The handsome boy
On the hair the crown of thorns.
Eu queria tanto uma Madalena assim para mim quando chegada a hora, ora.
19 – De volta ao Princípio Natalino. O dito Menino Jesus, que por mim não devia ter nascido, mesmo que em Berço de Ouro, muito menos no Desdouro da Estrebaria no Egito, fugidio da Faixa de Gaza, perseguido pelo Exército de Israel, enfim, por causa do Quê? Simples:
20 – A Turma do Barato no Bosque do Getesêmani, em Jerusalém, se mandou, na maior, sem deixar vacilo. Judas com os trocados, Pedro com a Tri-Traição Verbal. Só fica Madalena. Minha Cara. Não se esqueça de Mim.
21 – Pelo que se sabe, pela Polícia Mossad de Israel, acontece o seguinte com o Menino Jesus, dito Cristo, por mim nem devia ter nascido, soube pela Polícia do Mossad:
22- Passa a noite toda sendo torturado de verdade.
23 – Vai a julgamento no Tribunal dos Judeus.
24 – É entregue ao Invasor Romano onde, julgado, o Pôncio Pilatos, de saco cheio dos judeus, lava as mãos, devolve o Cristo mas antes pergunta ao Zé Povinho:
25 – O que eu faço com ELE?
26 – CRUCIFICA-O!!!
27 – Eu não. Vocês, judeus, é que o matem, do jeito que quiserem.
Pois a partir daí acontece o seguinte com o Menino Jesus Palestino (por mim, ELE nem devia ter nascido.):
28 – O daqui a pouco Menino Jesus, depois o Cristo, entregue por Roma(USA) é arrastado pela ruas de Jerusalém, arrastando ele mesmo uma puta Cruz de madeira pesada nas costas, debaixo dos cuspes do Zé Povinho, até o local de execução. Sumária? Que nada, antes fosse.
29 – Primeiro, o hoje Menino Jesus é dependurado na Cruz. Vivo. Para não cair, tascam pregos enormes nas duas mãos e nos dois pés e nos dois joelhos. Isso. Ele, Vivo. Tem mais:
30 – Volta e meia, o soldado de Israel, não mais de Roma (USA), com a ponta da lança, lança algodão com vinagre forte no nariz DELE, dito CRISTO, achando-se DEUS, antigo JESUS.
31 – Ainda está vivo !!!
32 – Mata de vez, Preolino !!!
33 – Então, o soldado do Exército de Israel AVANÇA com a LANÇA, dizem que com Veneno, e perfura o Coração DELE, o daqui a pouco Menino Jesus, porque hoje é Natal. Pronto. Acaba de nascer o Menino Jesus. Ao pé da cruz, apenas a Maria Madalena. Uma Santa. É a Vida, por isso que eu repito, sem remorso, olha que estudei em Seminário e quase, quase, chego a ser Padre. Frei Hélio Maria de Ponta Grossa – Ofmcap.
– Repete o que, Polaco? Chega!!!
– Seguinte.
– O quê?
– Por mim, este Menino Jesus, de hoje, Natal, nunca devia ter nascido.
Então, por este ser MEU ÚLTIMO INSIDE, motivo-o porque neste Ano de 2024 estarei indo desta RE-VIDA, numa boa, gente, muito a agradecer, muito a xingar, por suposto, enfim, C´est La Vie, meu, então, segue agora tudo o que eu BOSTEI nestes tantos ANOS neste DIA DE NATAL. Certo? Duvido que alguém vá CLICAR. Só sei de um coisa. Fui. Quer dizer, neste ano de 2024, EU IREI. Numa boa, tá? Não agora, por suposto, quer dizer, quem sabe. De qualquer forma, fui, quer dizer, estou indo. Qual EU? Sei não. Quer dizer. EU sou TANTOS EUS. Escolha:
Se você é alguém que acredita que Krysto se materializa na forma de um menino animal chamado Jesus, Deus deixa o ventre humano de Nossa Senhora, para lavar os pecados deste mundo imundo. Nascido no lixo, J.C. é traído, preso, torturado e pregado vivo na cruz, ao lado de dois ladrões, um bom e outro, bem, muito do corrupto, que nem o povo a gritar:
CRUCIFICA LOGO ELE !!!
THIS IS THE END, NÉ MESMO?
Pergunta Natalina:
– Se Você fosse o Menino Jesus, Você teria nascido?
Suddenly, although with a fixed date, the green turns yellow, becomes black, in short, it reaches white supremacy, in the form of ice, snow, the culmination of the four seasons through which every person – you and I – passes through this foolish life of ours. Or not? Of course. Winter Talk.
No repente, embora com data marcada, o verde fica amarelo, torna-se negro, enfim, chega à supremacia branca, na forma do gelo, da neve, o ápice das quatro estações pelas quais toda pessoa – eu e você – passamos por esta nossa tola vida toda. Ou não? Claro que sim. Conversa de Inverno.
O Verde na esperança da pessoa criança passa para o Amarelo do adolescente sonhador, sem notar já está no adulto Negro da batalha até chegamos – eu e você – ao Branco da senitude, dos cabelos aos pelos, bem assim, agora estamos no senil, no servil, não mais a mil no covil.
Inferno, sim, na forma de espirro na tua nuca no transporte, do colocar o monte de roupa para tirar tudo no metrô ou no bar, da saudade da grama verde do parque acolhendo teu corpo pelado ao sol, mas eu e você agora somos o branco que resvala suave do céu ao solo. O gelo.
Verdammt, ja, in Form von Niesen in den Nacken im Transport, dem Anziehen des Kleiderstapels, um in der U-Bahn oder an der Bar alles auszuziehen, der Sehnsucht nach dem grünen Gras im Park, das deinen nackten Körper in der Sonne willkommen heißt, aber du und ich sind jetzt das Weiß, das sanft vom Himmel auf den Boden gleitet. Die ice.
Now, in this infernal farewell, if for us Latins who, like goats, we are afraid of any splash, or phenomenal for the Germanic hermanos, they revel in the whiteness of the whole present within the reach of every child, young, adult and old, dog or not.
Na hora estamos – eu e você – de darmos um tempo por aqui, passarmos ao relento, ao descanso no repouso de um pouco do tanto retirado da memória do verde-amarelo-preto, até a chegada da Prima Vera na beleza do Outono sem contar o agito do Verão, Viram? Outros virão, sim.
Nun, in diesem höllischen Abschied, wenn wir Lateiner, die wir uns wie Ziegen vor jedem Spritzer fürchten, oder phänomenal für die germanischen Hermanos, schwelgen sie in der Weißheit der ganzen Gegenwart, die jedem Kind, jung, erwachsen und alt, Hund oder nicht, zugänglich ist.
Agora, nesta despedida infernal, se para nosotros latinos que, qual cabrito temos medo de qualquer respingo, ou então fenomenal para os hermanos germânicos, eles se esbaldam na brancura do todo presente ao alcance de cada criança, jovem, adulto e velho, cachorro ou não.
Portanto, nesta despedida para o repouso invernal, aqui em Berlim, capital do Império Germânico, comecemos pelas imagens de todas as pessoas nunca tolas mas andando à toa, tanto que deixam mensagem apócrifas na neve caída, agora gelo que recobre os carros parados.
Antes do repouso internético neste inverno nunca inferno, destaco a advertência de cada árvore, ela sabe passar do verde ao amarelo ao preto ao branco, tudo isto numa mesma vida, embora intercalada. Um grande viva a cada árvore que existe dentro de mim e de você.
Continuemos neste repouso recatado com a promessa de voltarmos junto com as flores da próxima Primavera, andando pelas mesmas letras de agora, revendo as mesmas pessoas árvores e caminhando juntos nesta longa estrada da Vida, quer dizer, rua ou avenida.
So you and I now say you and I, goodbye between now and next year, in another season, because in the meantime we are no longer here or there, but only there. Therefore, our …
On the way back. A great Axé.
Então – eu e você – agora dizemos – você e eu – um adeus daqui até o ano que vem, noutra estação, porque, enquanto isto, não estamos mais aqui, nem ali, mas unicamente por aí. Por isso, o nosso …
Inté a volta. Um grande Axé.
Więc ty i ja mówimy teraz ty i ja, żegnaj się od teraz do przyszłego roku, w innym sezonie, ponieważ w międzyczasie nie jesteśmy już ani tu, ani tam, ale tylko tam.
This is my favorite tree in the capital of the Reich. She inhabits a corner of Gerhart Hauptmann Square. Nobel Prize in Literature in 1912.
Esta é a minha árvore preferida na capital do Reich. Ela habita um canto da Praça Gerhart Hauptmann. Prêmio Nobel de Literatura de 1912.
Das ist mein Lieblingsbaum in der Reichshauptstadt. Sie wohnt in einer Ecke des Gerhart-Hauptmann-Platzes. Nobelpreis für Literatur 1912.
I’ve been watching her for a long time from the balcony of the russian’s apartment on the Bundsallee.
Ich beobachte sie schon lange vom Balkon der Wohnung des Russen an der Bundsallee aus.
Eu a revejo há tempos, da sacada da varanda do apartamento do russo na Bundsallee.
Minha Berlim no Outono. Vem assim. Verão. Vejamos:
Ela é sempre a mesma, seja verão, ou tono, ou inferno, ou na casa da prima Vera.
Im Sommer ist es entweder Tono, oder die Hölle, oder bei Cousine Vera.(Frühling, Herbst, Winter).
She is the same In the summer, it’s either tono, or hell (Autumn or Winter) or at Cousin Vera’s house (Spring).
Well then. Let’s go for a walk in the woods, my cute little yellow-green riding hood? Give me your hands. Two. And listen to me smiling and singing, okay?
Pois então. Vamos passear na floresta, minha fofa Chapeuzinho Verde-Amarelo? Dê-me as mãos. A duas. E me escute sorrindo e cantando, tá?
Na dann. Lass uns im Wald spazieren gehen, mein süßes kleines gelb-grünes Reitkäppchen? Gebt mir Eure Hände. Zwei. Und hör mir zu, wie ich lächle und singe, okay?
Agora, just now, fora todas as bolhas. Só fiquem as folhas do Outono. Eu quero o ouro amarelo. Pós o verde e pré o preto Golden. Ops. Gold. Espalhado pelo chão. Aqui, em Berlim, está bem assim.
Temos 430 mil árvores que derramam numa semana 36 mil toneladas de folhas as mais diversas. Filhas de tílias, plátanos, castanheiras e carvalhos, estes, nas moedas de centavos de euro.
We have 430,000 trees that shed 36,000 tons of diverse leaves in a week. Daughters of lime trees, plane trees, chestnut trees and oak trees, the latter in euro cents.
They are leaves in the wind, in the open, in the cheeky survival of beauty, even if in consensus they become dung in the siege of next spring. Just like me. I try so hard that I end up dizzy. For the time being.
São folhas ao vento, ao relento, na sobrevida atrevida de bonita, mesmo que no consenso virem esterco no cerco da próxima Primavera. Que nem eu. Tento, tanto, que acabo tonto. Por enquanto.
Temos o Inverno inteiro para, ainda que descamados, simplesmente dormir. E depois acordar de novo. Verão. Veremos. Viu?
Wir haben den ganzen Winter Zeit, um einfach zu schlafen, auch wenn wir nackt sind. Und dann wieder aufwachen. Sommer. Siehe. Säge?
Acontece que um dia a gente acorda, desperta, ressuscita, certo? Por enquanto, adeus folha doce na mente e suave no pouso do repouso. Ouso acreditar que tudo se renova. Verão. Quer dizer. Vejo bem agora, aqui, no pré-verão passado, da varanda de outra casa, de olho no Kleitzpark fronteiro.
It happens that one day we wake up, wake up, resurrect, right? For now, goodbye sweet leaf in the mind and soft in the landing of home. I dare to believe that everything is renewed. Summer. That is. I see it right now, here, in the pre-summer past, from the balcony of another house, with an eye on the Kleitzpark opposite.
Enfrente o tempo, dizem-me as árvores mutantes. Tudo a seu tempo. Eu tento. Mais de uma vez eu caio, que nem as folhas. Depois, viramos uma beleza da Natureza toda florida, uma mais exibida do que a outra.
Bem assim, mire só. Ou acompanhado:
Just like that, aim for it. Alone. Or accompanied:
Einfach so, strebe es an. Allein. Oder in Begleitung
Agora, Chapeuzinho Verde-Amarelo-Preto-Vermelho, repete comigo este mantra real:
Perto de casa, aqui mesmo na quadra, tem três mercados. Um, mais caro, muito usado no cartão corporativo nos tempos de Lula-Dilma. Outro, tão caro, mas com produtos bons. E, enfim, o mercado mais pobre, da turma das 400 – quem é de Brasília, sabe o que é isso. Bem no estilo carioca do subúrbio. Para mim, que já morei em Bonsucesso e na Tijuca, é o melhor dos três. É onde estamos agora.
Ao final das compras, na verdade quase nada, é mais pelo encontro, não tem mais sacola de plástico, cada qual com a sua bolsa debaixo do braço, na fila do caixa dos acima dos se senta – não, obrigado, senta você – chega o velho empregado que ajuda a embalar. Chega cantando, todo alegre. Cantando o que? Pois aqui começa a nossa prosa:
– Conheço esta música, meu amigo.
– É Cartola.
– Não.
Depois de várias jogadas, a fila da velhice, no mercado estilo subúrbio do Rio, afinal, os prédios de três andares, sem elevadores, nas 400, foram destinados aos empregados tipo ascensorista, faxineiro, contínuo e outros nobres obreiros que fizeram Brasília, mas sem direito a morar nos prédios das 100, 200 e 300 – todos com seis andares e oito elevadores, cada um.
– Bom, polaco, volte à prosa na fila dos velhos.
– Seguinte, gente. Ele está cantando uma música da Maria Bethânia.
Para que. Foi uma farra danada por parte dos velhos, senhoras e até duas senhoritas na fila porque são arrimo das avós presentes, alquebradas mas coerentes.
– Polaco sem vergonha. Conta outra.
– Posso falar?
– Um minuto!
– Nosso amigo aqui, auxiliar do mercado, gente fina, está cantando a música Loucura, do mestre gaúcho Lupicínio Rodrigues. A mesma música que eu estava ouvindo em casa, antes de escapar de Madame só para me encontrar com vocês aqui, e depois ali no botequim, pois então, a mesma música estava sendo cantada pela baiana Maria Bethânia.
Pronto. Recebo no ato o abraço da velhinha mais próxima, o sorriso da neta, e o reconhecimento do resto. A gerente, novinha, moreninha, a gracinha de nós velhos, só olhando, sorrindo, ela tem duas filhas pequenas, todos demos lembranças:
– Os tios não acham que está na hora de andar um pouco por aí?
– Sim, senhora!!!
No lado de fora, a conversa sobre Lupicínio Rodrigues continua, com a participação até do auxiliar do mercado, conhecido de todos, ajuda no carrinho até o apartamento das mais necessitadas e tudo. Pois todos trocamos informações, tais como:
1 – Discos completos só com músicas do mestre Lupicínio. Tem um da Adriana Calcanhoto, com 17 músicas. Outro com o Noite Ilustrada. Com Ayrton Montarroyos. Com o Roberto Menescal. A peça de teatro Vingança – o Musical, só com músicas do mestre dos pampas. Sem contar o disco Grandes Compositores – Lupicínio – Soft Orchestra.
– Chega, gente. Preciso ir.
– Ih. É mesmo.
– Tá com medo da Madame, Polaco? Volta …
– Ih. Esta música eu adoro na voz da Gal. Maior “Felicidade”, esta na voz do Caetano.
– Eu gosto da música do Lupicínio “Se acaso você chegasse”, na voz da Elza.
– Nervos de aço!
– Êpa, meu. Esta é do Paulinho da Viola.
– É o que você pensa, carioca vice de São Januário. Pois Nervos de Aço é do Lupicínio.
Foi assim. Até que cada velho, ou jovem senhora – somos educados – foi saindo, devagar, por suposto, mas todos cantando, cada qual a sua música predileta do grande Lupicínio.
Chego em casa, desta vez sem parar no boteco, mais do que atrasado, sabe como é…
– Estava onde, polaquinho?
– Agora não posso falar.
– Por causa de que?
– Alexia!!!
– Sim, meu polaco.
– Toque tudo do Lupicínio Rodrigues.
– “Se acaso você chegasse no meu chateaux
Encontrasse aquela mulher que você gostou.
Será que tinha coragem de trocar nossa amizade
Por ela, que já lhe abandonou?”
– Alexia!!!
– Quié?
– Muda!!!
E Madame:
– Acho bom!
Em Brasília, 08h54m desde 01/02/23. Ah. Este post vai para meu amigo de Alegrete, o gaúcho escritor e viajante, o Marçal Alves Leite. Com o adendo, velho gremista:
– A penúltima faixa do disco “Loucura”, da Adriana Calcanhoto, só com músicas do Lupi, pois então, a penúltima é justamente o Hino do Grêmio, escrito justo pelo Lupicínio Rodrigues.
Pois então. Finados. Nome mais feio, sô. Passados. Enterrados. Retornados ao Pó Nosso de Cada Dia. Prefiro COMEMORAR à moda polaco-baiano-mexicano. DIA DE LOS MUERTOS. Bora festejar? O que? Ora. Hoje, eles estão melhor do que nós.
Resumo desta prosa polaco-baiano-mexicano. Dia de Comemorar os Mortos. Justifico. Há meio século que não tenha mais mãe. Foi. Há 30 anos, Pai. Foi. Irmão querido. Foi. Tias, avós, porrada de amigos e amigas. Foram. Ou estão por aí? Deixa eu dar uma olhada:
– Fala logo, polaco!!!
Pois falo. Prefiro a lembrança, neste Dia dos Mortos, jamais Finados, dos velórios de que “tive a honra de ter participado”, na condição de vivo.
Primeiro, lembro os velórios na Bahia, Nordeste, onde “bebíamos o morto”. Isto. Cachaça pura. De noite. Não demais para não dormir e acordar dentro do caixão. Uma vez até aconteceu. COM MIGO!!!
Segundo, os velórios familiares no Sul Maravilha, na comunidade polaca que, diziam os brazukas, “não tem bandera” ao que a gente respondia: “mas tem pau pra brasilêro”. E que mastro!
Ah. No velório de polaco, muita vodka, lógico, pode até dormir que o morto não reclama, o costume, lá pelo final da madrugada, era somente um e mais nada e pronto e escuta só:
– Está na hora, genta, do sorteio de quem vai ser o próximo a morrer. Ganha, quer dizer, perde, quem tirar o número maior deste chapéu da tia Zefa, que tá morta ali.
Terceiro, o melhor Dia de Los Muertos mesmo é o do México, com muita tequila (mais forte do que a cachaça nordestina e da vodka polaca). Muita música. Muita festa na rua. Muita comida. Nove meses depois, a Vida continua, né mesmo?
Então, gente, hoje, dois de novembro, todos cantando junto:
– Um Bom Dia dos Mortos. Para Você. Para mim não vai ser tão cedo. Quer dizer.
Madame, mais ainda. Juntos, nós dois temos o maior orgulho disto. Depois de quatro dias com a GLOTE quase fechada, no caso a da Madame, vamos ao Posto UBS-SUS, aqui no quintal de casa, Asa Sul da Bras-Ilha. Bora testar, gente! Sem marcar nem pagar nada. In loco, ar livre, gramadão, três espaços distintos: 1- Vacina Covid; 2- Teste Covid; 3- Espaço do Pós. Exercícios físico-psíquicos.
À chegada, 07h48m deste Dia de Iemanjá, Salve-Salve, está tudo auto-organizado, sem a participação dos funcionários, estes no chegando, afinal, tudo recomeça a partir das 08:00. De um lado, a fila intitulada dos “aborrescentes”. Do lado ao lado, a turma autoclassicada dos “jovens”, a partir dos 60 anos de ida. Na chegada de uma dona nos 84, todos lhe damos o direito de passar à nossa frente, com a posse da cadeira e tudo. Cedida, neste caso, por uma bela “aborrescente”.
No logo após o nosso posto, este casal polônico-pernambucana, estaciona um “jovem” atleta cearense, ciclista de longo curso, nos 68 anos de ida, especialista em bike somente pela praia, diz que só falta fazer o trecho de Porto Alegre-RS até o Uruguai, muito do conversador, só não vou com a cara dele depois que Madame me assopra neste ouvido polaco, sinto-me rebaixado:
– Florzinha! Olha só o corpo dele.
Continuando, agora já no lado de dentro:
– Por que o senhor está aqui junto com a Madame se não foi chamado ainda?
– Por que ela é minha!
– Hein??? Já lá para fora e aguarde. Machista!
– Pode deixar. Ele é meu polaquinho. Tudo bem.
– Neste caso, por causa da Madame, faço uma ficha só. Primeiro, a senhora. Sentindo o que?
– Uma dor aqui na garganta, quase fechando tudo. Difícil engolir.
Pois vamos em frente, todos agora com as devidas senhas, um número bem maior para os “jovens” e o normal para os “aborrescentes”, motivo de piadas mútuas mas respeitosas. E começa a chamada: Senha número 1 especial. Na sequência: Senha número 1 normal. Prá quê. Os dois lados unidos, netas e avós personas, exigimos mudança na forma da chamada.
– E o senhor, deixa eu ver aqui na sua identidade. Que nome é este? Sentindo o que?
– Saudades.
– Hein??? Do que?
– Tem cinco dias que eu não posso dar beijo de língua na garganta de Madame.
Vamos em frente. Já estamos sentados, lado de dentro do quiosque, Madame na minha frente, nesta ida ao SUS para ver se somos um casal positivo ou negativo. Senta. Tira a máscara. Só no nariz. Boca fechada. Levanta a cabeça. Baixa um pouco.
– VAMOS???
– Fala baixo, mocinha, bela enfermeira, porque Ma Dame, aqui na frente, se ela escuta você me convidando, sei lá para onde, não tenho nada com isso.
Para que, gente. A enfermeira do SUS enfia o cotonete, molhado num tal de reagente, dá vontade de espirrar na cara dela, e na sequência enfia o mesmo no outro meu buraco, do nariz, lógico, mais fundo ainda, sussurro, não aguento, gemo um pouco mais alto, tanto que acordo Ma Dame à frente:
– Que foi, meu polaquinho. A moça aí está cuidando bem de você?
– Tá sim, Florzinha, ela é uma amor de menina.
– AINDA BEM!!!
Agora, todo mundo do lado de fora, aborrescentes e jovens, misturados, na conversa ainda animada, à mínima distância, no aguardo dos resultados, coisa de uns 20 a 30 minutos. Lógico que existe uma certa tensão, difícil tesão, ainda que possível diante da aborrescente quase loira, alta, bonita, que conta para as “jovens” sobre o pai que chegou nesta semana, do interior do Piauí, e trouxe, olha só, um jerimum amarelo, bem comprido, só porque sabe que eu adoro o purê de abóbora amarela. Ainda que agora, por causa desta dor aqui na garganta… Daí, ela é interrompido porque começa a chamada para entrega dos resultados dos exames:
– Fulana de tal.
– Fulano do qual.
Trata-se, neste caso, do sexagenário ciclista, aquele do corpo atlético observado pela Madame. Ao chegar à enfermeira, ela se demora em explicar algumas coisas, gestualmente, na hora todo mundo percebe, desolado, que o resultado do exame dele é positivo, tanto que logo após nós nos aproximamos dele, na distância de quase dois metros, e lhe damos força, e lamentamos porque ele havia contado, pouco antes, que se o exame desse negativo ele ia sair direto para a sessão de massagem. E lá se foi o sexagenário atleta ciclista, visivelmente amuado. Não é para menos.
Nas chamadas seguintes, entre a simples entrega do atestado negativo ou da parada para algumas palavras para alguém positivo, no caso, muito chato porque é no teste para ver se está mesmo com esta merda de Covid, acontece outro astral coletivo rebaixado quando justo na simpática mocinha do Piauí, do purê de gerimum amarelo a enfermeira começa a falar com ela. Na platéia, é nítida a sensação da vontade de dar uma força especial.
Vamos em frente, desculpe a demora mas a tensão aumenta, no sentido pessoal, deste casal, tesão nesta hora sei lá onde se foi. Pois então. Cleide de Oliveira!!! Ma Dame. Lá vai ela, ainda com a dor na garganta. Pega o papel e segue em frente. A enfermeira não fala nada. Me dá uma vontade, gente, de pular em cima dela, ali na frente de todo mundo, e dar aquele festivo beijo de língua que alcance lá no fundo da garganta quente. Mas me seguro. E nada de chamarem o meu nome. Seguem umas cinco na minnha frente. Opa. Agora ela me chama:
– Eduardo Mam… Mamc….Mam-cá…
– Sou eu. Pode falar. Estou preparado.
– Como se fala este nome esquisito?
– Mám-tcha-zen.
– Toma.
– Não vai falar nada?
– Não. Por que?
– Nada…
– Olha lá aquela mulher bonita te chamando.
Pois vou “corendo tudo”, como se fala em polaco, porque Zéfa “tá no meu espera”, ainda mais agora eu sou uma PESSOA NEGATIVA. Chego no “pé cá outro já lá”, boca aberta, braço estendido, de olho na língua dela, até que a mão forte de Madame me segura nos beiços e ordena:
– Agora, não. Não vê que tô fumando?
– Então, tá. Mas você está parecendo…
– Com que?
– UMA PESSOA BEM NEGATIVA.
– Vamos, polaquinho.
– Fui, né. “Corendo tudo. Pé cá outro bem lá.”
Mil graças, minha Iemanjá, porque hoje é dia Dois de Fevereiro. Só falta o mar nesta Ilha. Tem nada não. Está vendo como vale a pena ser uma Pessoa Negativa? Com todo respeito e força à tanta gente no Positivo. Vai passar.