Continuamos hoje pelo Grande-Poeta-Paranaense, que nem eu, que se manda a tempo para o Rio, que nem eu. Aposto que Você nunca Ouviu-Falar Dele. Emílio de Menezes. Viu?
“ Parece peta. A Peppa aporta à praça
E pede ao Puppo que lhe passe o apito…”
– Parnasiano o K…
– Polaco!!!
– OK.
– Bom 24 !!!
“ Que Peppa apupe o Pupo e à popa ponha Papas, pipas, pepinos, papagaios!”
Tenho pena desse Menino, dito Jesus, que está para nascer.
– Pena por causa do quê, Polaco?
Simples, uai.
Primo:
Para nascer, a Mãe dele, a Maria, junto com o Pai Adotivo, o José, tiveram os três que fugir da Palestina, no lombo de um Jegue, correndo para o Egito, onde, refugiados, encontraram apenas uma Estrebaria no Meio do Caminho.
Secundo:
Bem que os Profetas advertiram Maria e o Messias…
– Avisaram o quê, Polaco Ateu?
Sou não, sô. O Menino, dito Jesus, se não sabia, foi avisado que, se nascido, a Vida dele seria …
– O quê, Polaco?
– Uma merda!!!
– Polaco Apóstata!!!
Sim. Então, anote aí o que o Menino que nasce neste dia 25 de Dezembro vai levar nos Córnos:
1 – Por ser primogênito, vai ficar Fugido-Fudido-Foragido-Refugiado da Palestina, via Faixa de Gaza, porque Herodes, de Israel, estava a fim de acabar com ELE, criança, por cagaço das Profecias que o apontavam futuro Messias.
2 – Aos dez anos de idade, por causa da briga dele com os rabinos judeus, no Templo de Jerusalém, ELE foi mandado para um Reformatório na Faixa de Gaza, de onde só conseguiu escapar quando fez 30 anos de idade.
3 – Daí é que Eu Polaco, Nunca Ateu, acho que esse Menino, dito Jesus, metido a Hippie, nunca devia ter nascido, mesmo que agora ao lado de Outra Maria, a Madalena. Acho eu. Uai?
4 – Depois de muito vinho, peixe e viagens interiores e banhos pelados no Rio Jordão, finalmente acontece o Final, Dito Divinamente Previsto:
5 – Reunidos no Matinho de Getsêmani, eis que aparece o Exército de Israel, aliado ao de Roma (USA). Avisado por quem?
6 – Primeiro, o então Apóstolo Judas, o Iscariotes, não o outro Judas, o Queridinho do não mais Menino Jesus, que, por mim, nem devia ter nascido, enfim…
7 – Em troca de 30 Dinheiros, Judas entrega a turma toda. Mãos na cabeça!!! Todo mundo!!!
8 – Quem é você?
9 – Eu sou o Pedro, um Reles Pescador. Aceita unzinho?
10 – Ponha as mãos na cabeça!!!
11 – Qual?
12 – Cê tá doido, Pedro?
13 – Tô. Mas nunca na minha vida eu vi ELE!!! Nunca!!!
14 – Repete!
15 – Nunca vi este tal de Cristo.
16 –Pela terceira vez. Repete!
17 – Nunca vi este Cara dito Jesus. Sei lá quem é ELE!!!
18 – Neste Ínterim (bonita esta palavra, né?), enquanto Judas recebe o trocado e Pedro lasca o Coitado, a Turma Toda se escafede do pedaço. Menos a Maria Madalena, chamada de Quenga pela Turma toda. Ela é apaixonada por Jesus, ele nos 30 anos depois de nascido. Grande Mina.
Do então cordeiro não mais bebê
Na toalha se vê o rapaz tão bonito
Na cabeleira a coroa de espinhos.
From then Lamb, no more baby,
in the towel one sees
The handsome boy
On the hair the crown of thorns.
Eu queria tanto uma Madalena assim para mim quando chegada a hora, ora.
19 – De volta ao Princípio Natalino. O dito Menino Jesus, que por mim não devia ter nascido, mesmo que em Berço de Ouro, muito menos no Desdouro da Estrebaria no Egito, fugidio da Faixa de Gaza, perseguido pelo Exército de Israel, enfim, por causa do Quê? Simples:
20 – A Turma do Barato no Bosque do Getesêmani, em Jerusalém, se mandou, na maior, sem deixar vacilo. Judas com os trocados, Pedro com a Tri-Traição Verbal. Só fica Madalena. Minha Cara. Não se esqueça de Mim.
21 – Pelo que se sabe, pela Polícia Mossad de Israel, acontece o seguinte com o Menino Jesus, dito Cristo, por mim nem devia ter nascido, soube pela Polícia do Mossad:
22- Passa a noite toda sendo torturado de verdade.
23 – Vai a julgamento no Tribunal dos Judeus.
24 – É entregue ao Invasor Romano onde, julgado, o Pôncio Pilatos, de saco cheio dos judeus, lava as mãos, devolve o Cristo mas antes pergunta ao Zé Povinho:
25 – O que eu faço com ELE?
26 – CRUCIFICA-O!!!
27 – Eu não. Vocês, judeus, é que o matem, do jeito que quiserem.
Pois a partir daí acontece o seguinte com o Menino Jesus Palestino (por mim, ELE nem devia ter nascido.):
28 – O daqui a pouco Menino Jesus, depois o Cristo, entregue por Roma(USA) é arrastado pela ruas de Jerusalém, arrastando ele mesmo uma puta Cruz de madeira pesada nas costas, debaixo dos cuspes do Zé Povinho, até o local de execução. Sumária? Que nada, antes fosse.
29 – Primeiro, o hoje Menino Jesus é dependurado na Cruz. Vivo. Para não cair, tascam pregos enormes nas duas mãos e nos dois pés e nos dois joelhos. Isso. Ele, Vivo. Tem mais:
30 – Volta e meia, o soldado de Israel, não mais de Roma (USA), com a ponta da lança, lança algodão com vinagre forte no nariz DELE, dito CRISTO, achando-se DEUS, antigo JESUS.
31 – Ainda está vivo !!!
32 – Mata de vez, Preolino !!!
33 – Então, o soldado do Exército de Israel AVANÇA com a LANÇA, dizem que com Veneno, e perfura o Coração DELE, o daqui a pouco Menino Jesus, porque hoje é Natal. Pronto. Acaba de nascer o Menino Jesus. Ao pé da cruz, apenas a Maria Madalena. Uma Santa. É a Vida, por isso que eu repito, sem remorso, olha que estudei em Seminário e quase, quase, chego a ser Padre. Frei Hélio Maria de Ponta Grossa – Ofmcap.
– Repete o que, Polaco? Chega!!!
– Seguinte.
– O quê?
– Por mim, este Menino Jesus, de hoje, Natal, nunca devia ter nascido.
Então, por este ser MEU ÚLTIMO INSIDE, motivo-o porque neste Ano de 2024 estarei indo desta RE-VIDA, numa boa, gente, muito a agradecer, muito a xingar, por suposto, enfim, C´est La Vie, meu, então, segue agora tudo o que eu BOSTEI nestes tantos ANOS neste DIA DE NATAL. Certo? Duvido que alguém vá CLICAR. Só sei de um coisa. Fui. Quer dizer, neste ano de 2024, EU IREI. Numa boa, tá? Não agora, por suposto, quer dizer, quem sabe. De qualquer forma, fui, quer dizer, estou indo. Qual EU? Sei não. Quer dizer. EU sou TANTOS EUS. Escolha:
Se você é alguém que acredita que Krysto se materializa na forma de um menino animal chamado Jesus, Deus deixa o ventre humano de Nossa Senhora, para lavar os pecados deste mundo imundo. Nascido no lixo, J.C. é traído, preso, torturado e pregado vivo na cruz, ao lado de dois ladrões, um bom e outro, bem, muito do corrupto, que nem o povo a gritar:
CRUCIFICA LOGO ELE !!!
THIS IS THE END, NÉ MESMO?
Pergunta Natalina:
– Se Você fosse o Menino Jesus, Você teria nascido?
Suddenly, although with a fixed date, the green turns yellow, becomes black, in short, it reaches white supremacy, in the form of ice, snow, the culmination of the four seasons through which every person – you and I – passes through this foolish life of ours. Or not? Of course. Winter Talk.
No repente, embora com data marcada, o verde fica amarelo, torna-se negro, enfim, chega à supremacia branca, na forma do gelo, da neve, o ápice das quatro estações pelas quais toda pessoa – eu e você – passamos por esta nossa tola vida toda. Ou não? Claro que sim. Conversa de Inverno.
O Verde na esperança da pessoa criança passa para o Amarelo do adolescente sonhador, sem notar já está no adulto Negro da batalha até chegamos – eu e você – ao Branco da senitude, dos cabelos aos pelos, bem assim, agora estamos no senil, no servil, não mais a mil no covil.
Inferno, sim, na forma de espirro na tua nuca no transporte, do colocar o monte de roupa para tirar tudo no metrô ou no bar, da saudade da grama verde do parque acolhendo teu corpo pelado ao sol, mas eu e você agora somos o branco que resvala suave do céu ao solo. O gelo.
Verdammt, ja, in Form von Niesen in den Nacken im Transport, dem Anziehen des Kleiderstapels, um in der U-Bahn oder an der Bar alles auszuziehen, der Sehnsucht nach dem grünen Gras im Park, das deinen nackten Körper in der Sonne willkommen heißt, aber du und ich sind jetzt das Weiß, das sanft vom Himmel auf den Boden gleitet. Die ice.
Now, in this infernal farewell, if for us Latins who, like goats, we are afraid of any splash, or phenomenal for the Germanic hermanos, they revel in the whiteness of the whole present within the reach of every child, young, adult and old, dog or not.
Na hora estamos – eu e você – de darmos um tempo por aqui, passarmos ao relento, ao descanso no repouso de um pouco do tanto retirado da memória do verde-amarelo-preto, até a chegada da Prima Vera na beleza do Outono sem contar o agito do Verão, Viram? Outros virão, sim.
Nun, in diesem höllischen Abschied, wenn wir Lateiner, die wir uns wie Ziegen vor jedem Spritzer fürchten, oder phänomenal für die germanischen Hermanos, schwelgen sie in der Weißheit der ganzen Gegenwart, die jedem Kind, jung, erwachsen und alt, Hund oder nicht, zugänglich ist.
Agora, nesta despedida infernal, se para nosotros latinos que, qual cabrito temos medo de qualquer respingo, ou então fenomenal para os hermanos germânicos, eles se esbaldam na brancura do todo presente ao alcance de cada criança, jovem, adulto e velho, cachorro ou não.
Portanto, nesta despedida para o repouso invernal, aqui em Berlim, capital do Império Germânico, comecemos pelas imagens de todas as pessoas nunca tolas mas andando à toa, tanto que deixam mensagem apócrifas na neve caída, agora gelo que recobre os carros parados.
Antes do repouso internético neste inverno nunca inferno, destaco a advertência de cada árvore, ela sabe passar do verde ao amarelo ao preto ao branco, tudo isto numa mesma vida, embora intercalada. Um grande viva a cada árvore que existe dentro de mim e de você.
Continuemos neste repouso recatado com a promessa de voltarmos junto com as flores da próxima Primavera, andando pelas mesmas letras de agora, revendo as mesmas pessoas árvores e caminhando juntos nesta longa estrada da Vida, quer dizer, rua ou avenida.
So you and I now say you and I, goodbye between now and next year, in another season, because in the meantime we are no longer here or there, but only there. Therefore, our …
On the way back. A great Axé.
Então – eu e você – agora dizemos – você e eu – um adeus daqui até o ano que vem, noutra estação, porque, enquanto isto, não estamos mais aqui, nem ali, mas unicamente por aí. Por isso, o nosso …
Inté a volta. Um grande Axé.
Więc ty i ja mówimy teraz ty i ja, żegnaj się od teraz do przyszłego roku, w innym sezonie, ponieważ w międzyczasie nie jesteśmy już ani tu, ani tam, ale tylko tam.
Not only is the Brandenburg Gate, stolen and taken by Napoleon to Paris, and, after it humiliated, the Bonaparte, bien sur, brought back, triumphantly, to Berlin, the promised Nazi capital of the Arabian Years’ Empire, where it would later serve, for a quarter of a century, as a gatekeeper in the middle of the infamous Wall, a punch in the face of the former all-glorious Roman-German Empire, successor of Constantinople, Catholic and Roman, at last, thrown back into Hell by Martin, the mighty Luther.
Não é só o Portão, de Brandenburg, roubado e levado pelo Napoleão para Paris, e, depois dele humilhado, o Bonaparte, bien sur, trazido de volta, triunfalmente, para Berlim, a prometida capital nazista do Império dos Mil e Um Anos, onde, mais tarde, serviria, por um quarto de século, de porteira no meio do infame Muro, um Murro na cara do ex-todo-glorioso Império Romano-Germano, sucessor de Constantinopla, Católico e Romano, enfim, jogado de volta ao Inferno pelo Martinho, o poderoso Lutero.
– Péra, lá, Polaco. Ficou doido, foi? Pára tudo.
Mówię już o zamkniętych już drzwiach Berlina. Przedtem otwarte. Można było wejść do budynku, zajrzeć do środka, przejść do sąsiada, potem przez kolejne drzwi, obejść dookoła, a następnie powędrować do innej części miasta.
Acontece que, agora, as portas, antes abertas, lindas, estão fechadas, ou seja, trancadas 24/24 horas por dia e noite, sem parar. Tudo através de cadeados, eletrônicos ou manuais ou mesmo com senhas mutáveis mutandi. Estou latindo. E daí? Eu posso. Portanto, por tanto ou por muito menos, começo de verdade a contar sobre
THE CLOSED DOORS OF BERLIN
AS PORTAS FECHADAS DE BERLIM
DIE VERSCHLOSSENEN TÜREN BERLINS
Cada porta de cada prédio tem sua história, o design, a origem da madeira trabalhada, a tintura, o desenho singular, enfim, o traçado transado. Afinal, cada porta é uma ponte, um ponto para o pronto acesso ao lar, ao bar, ao sei lá o que, inclusive ao Nada.
O mesmo acontece, neste caso para se exibir ao antagonista passante, com o parapeito da varanda. Antes, de ferro moldado, trabalhado, torcido, enviesado. Uma lágrima escorre pelo lado de dentro da janela com vidro triplamente reforçada. Ouço que isto se deve ao fato de proteger o morador para que ele, preso e isolado, não possa ser ouvido pelo mundo lá fora.
Na divisória dos prédios, no solo, antes aberto a qualquer ente, que nem acontece na minha Brasília, no Plano Piloto, aqui em Berlim era possível sentir as plantas no jardim, sentar. Agora, ele serve para as lixeiras específicas para cada resto do passado e, pior, estacionamento privado. Uma privada. Lástima.
– Polaco! E as portas? Esqueceu?
– Portos?
– Polaco doido!
– Doído, sim, Mano. Mas eu estava falando de que mesmo, Sô?
– Das Portas de Berlim!!!
– Pois se você tiver olhos, veja. Ouvidos, não, porque não falo mais nada.
This is my favorite tree in the capital of the Reich. She inhabits a corner of Gerhart Hauptmann Square. Nobel Prize in Literature in 1912.
Esta é a minha árvore preferida na capital do Reich. Ela habita um canto da Praça Gerhart Hauptmann. Prêmio Nobel de Literatura de 1912.
Das ist mein Lieblingsbaum in der Reichshauptstadt. Sie wohnt in einer Ecke des Gerhart-Hauptmann-Platzes. Nobelpreis für Literatur 1912.
I’ve been watching her for a long time from the balcony of the russian’s apartment on the Bundsallee.
Ich beobachte sie schon lange vom Balkon der Wohnung des Russen an der Bundsallee aus.
Eu a revejo há tempos, da sacada da varanda do apartamento do russo na Bundsallee.
Minha Berlim no Outono. Vem assim. Verão. Vejamos:
Ela é sempre a mesma, seja verão, ou tono, ou inferno, ou na casa da prima Vera.
Im Sommer ist es entweder Tono, oder die Hölle, oder bei Cousine Vera.(Frühling, Herbst, Winter).
She is the same In the summer, it’s either tono, or hell (Autumn or Winter) or at Cousin Vera’s house (Spring).
Well then. Let’s go for a walk in the woods, my cute little yellow-green riding hood? Give me your hands. Two. And listen to me smiling and singing, okay?
Pois então. Vamos passear na floresta, minha fofa Chapeuzinho Verde-Amarelo? Dê-me as mãos. A duas. E me escute sorrindo e cantando, tá?
Na dann. Lass uns im Wald spazieren gehen, mein süßes kleines gelb-grünes Reitkäppchen? Gebt mir Eure Hände. Zwei. Und hör mir zu, wie ich lächle und singe, okay?
Agora, just now, fora todas as bolhas. Só fiquem as folhas do Outono. Eu quero o ouro amarelo. Pós o verde e pré o preto Golden. Ops. Gold. Espalhado pelo chão. Aqui, em Berlim, está bem assim.
Temos 430 mil árvores que derramam numa semana 36 mil toneladas de folhas as mais diversas. Filhas de tílias, plátanos, castanheiras e carvalhos, estes, nas moedas de centavos de euro.
We have 430,000 trees that shed 36,000 tons of diverse leaves in a week. Daughters of lime trees, plane trees, chestnut trees and oak trees, the latter in euro cents.
They are leaves in the wind, in the open, in the cheeky survival of beauty, even if in consensus they become dung in the siege of next spring. Just like me. I try so hard that I end up dizzy. For the time being.
São folhas ao vento, ao relento, na sobrevida atrevida de bonita, mesmo que no consenso virem esterco no cerco da próxima Primavera. Que nem eu. Tento, tanto, que acabo tonto. Por enquanto.
Temos o Inverno inteiro para, ainda que descamados, simplesmente dormir. E depois acordar de novo. Verão. Veremos. Viu?
Wir haben den ganzen Winter Zeit, um einfach zu schlafen, auch wenn wir nackt sind. Und dann wieder aufwachen. Sommer. Siehe. Säge?
Acontece que um dia a gente acorda, desperta, ressuscita, certo? Por enquanto, adeus folha doce na mente e suave no pouso do repouso. Ouso acreditar que tudo se renova. Verão. Quer dizer. Vejo bem agora, aqui, no pré-verão passado, da varanda de outra casa, de olho no Kleitzpark fronteiro.
It happens that one day we wake up, wake up, resurrect, right? For now, goodbye sweet leaf in the mind and soft in the landing of home. I dare to believe that everything is renewed. Summer. That is. I see it right now, here, in the pre-summer past, from the balcony of another house, with an eye on the Kleitzpark opposite.
Enfrente o tempo, dizem-me as árvores mutantes. Tudo a seu tempo. Eu tento. Mais de uma vez eu caio, que nem as folhas. Depois, viramos uma beleza da Natureza toda florida, uma mais exibida do que a outra.
Bem assim, mire só. Ou acompanhado:
Just like that, aim for it. Alone. Or accompanied:
Einfach so, strebe es an. Allein. Oder in Begleitung
Agora, Chapeuzinho Verde-Amarelo-Preto-Vermelho, repete comigo este mantra real:
Nem pensar, não sou burro. Acontece que Mãe Iara, da água doce, e Mãe Iemanjá, da água salgada, as duas me protegem desde sempre. Bebê ainda, polaquinho bonitinho, minha mãe Lola sai da igreja onde sou batizado e vai direto, com a amiga negra dela, para o olho d´água, onde sou novamente batizado, ao galho de arruda, e colocado sob a proteção da Mãe Iara. – E quem é ela, polaco?
Mãe Iara, gêmea de Mãe Iemanjá, eu tenho mais de uma Mãe, sortudo sou, pois ela, a Iara, é uma deusa índia conhecida por seduzir homens que se arriscam, na beira do rios, levando-os, bobos, para bem fundo.
– E daí, polaco?
– Daí, é lá com eles dois, né?
– Que mais?
– Quer?
– Quero.
Seguinte. Mãe Iara, a Mãe Iemanjá de água doce, é filha de um pajé e ela é conhecida como uma grande guerreira, tanto que os irmãos dela, índios machistas, decidem, por ciumeira, dar cabo dela. Resultado: ela mata todos eles. Está me seguindo? Com licença que vou cantar um cadinho:
– Dia dois … de fevereiro … dia de … Iara no rio …
– Polaco sacrílego!
– Sorry, mãe Iemanjá. O senhora saber que eu adorar o senhora Iemanjá, tão do pretinha, do bonitinha, mas eu ser da rio não ser da mar, salgado arranha meu pele de polaco.
-Tá! Você tem minuto para falar bem de mim se não te sereio aqui para meus seios, sei muito bem que você não resiste!!!
O nome Iemanjá tem origem yorubá onde “Yéyé Omó Ejá” quer dizer “mãe cujos filhos são peixes”.
– Muito bem, polaquinho, teu tempo em Cacha Prego, na Ilha de Itaparica, Bahia, não é em vão, ainda bem que os índios não te comem, que nem o bispo Sardinha, né, frei Hélio, pois saiba que eu te protejo, porque eu, Iemanjá, te quero só para mim, aqui no fundo do mar.
– Posso continuar, Mãe Iemanjá?
– Lógico, meu polaquinho mais doce do que o leite de coco.
Mãe Iemanjá é conhecida como a padroeira dos amores a quem recorrem os apaixonados, especialmente em casos de desafetos amorosos. Iemanjá é uma preta. Iara é uma índia. Ai que dúvida.
– Polaquinho!!!
– O que é, Madame?
– Falando com quem?
– Com minha segunda mãe, a tia Aline, aniversário dela é hoje, dia dois de fevereiro, ela, polaca dos Campos Gerais, casada com um Armênio paulista.
– Mande um beijo meu para ela.
– Quantas mães você tem, polaco?
– Quem está falando?
– Mãe Iara.
– Mãe Iemanjá.
– Mãe Luiza.
– Mãe Lola.
Oi, mães! Vocês por aqui, neste dia dois de fevereiro?
– Eduardinho!!!
– O que é, “mães”?
– Você quer vir para cá?
– Agora, não. Quem sabe um dia.
– Menino esperto este Eduardinho.
– Pensa que vai viver para sempre.
– Ele sempre teve medo de água do mar.
– De água doce também, quase morre num poço no Rio Verde.
MÃES!!!
– Quié, Eduardinho?
– Posso beber uma caipirinha, neste dia dois de fevereiro, em homenagem a vocês?
– Uma só,tá! Olha lá!!!
– Tá.
– Aposto que ele vai beber uma caipirinha para cada uma de nós.
* Com o mór respeito aos do em torno, includo nós, dos 600 mil mortos pela SemVid neste nosso “Brasil, Brasil brasileiro, mulato inzoneiro” coisa nenhuma, nem numa e nem noutra, tá? São cruzes na Estrada da Ida.
Acordo ao badalar dos raios do sol rubro no cerrado brasileiro, capital de todos os nós, às seis em ponto, dia com previsão de até 35 graus centígrados e humidade decaindo para os desérticos 15%. Saravá, meu Rei, começo hoje minha sétima jornada nesta Ida Pandemônica, terceira dose, dita de reforço da vacina covidorosa que promete duração perene duvidosa.
Na rotina desses últimos 47 anos, antes do preparo do café matutino para a Madame ainda à cama, nos privados atos de cada despertar, sem tempo para o imediato translado para o papel, não o higiênico, por suposto, eis que brota na minha mente ainda presente o seguinte pensamento poético em função da bela saudação solar deste último andaresco ter.
“ O senão da Palavra
Se é à vista
Antes eu preciso ver
A vista.
Se não,
É a prazo.
Portanto eu prezo
O verbo preso.
No visto,
Invisto,
Insisto,
Existo,
Não desisto.
Por tanto, nunca por menos,
Revisto a minha melhor pele.
Assumo
E sumo.
Até outra vista. ”
Pós a limpeza corpórea, barba feita na roupa alinhada, esta data me marca, repito, pois delineia o início da minha sétima e última jornada de vida devida à terceira dose da vacina no posto público de saúde a 498 passos de caminhar desde a moradia neste dito Plano Piloto, portanto autêntica Brasília, desconectada da nacionalística Praça dos Podres Poderes, vista daqui à distância, pós Esplanada dos Mistérios, repito, agora com licença já volto porque persigo a célere Madame até o SES-DF-UBS 01-ASA SUL.
Unidade Básica de Saúde. Aberto das 8 às 17 horas. É o nosso mais próximo lugarejo para a vacina, aliás, assim acontece nas outras duas, a primeira em 18 de março, a segunda no 6 de abril e, agora, 6 de outubro, a terceira, quando será a próxima? Neste nosso novo dia, a aglomeração convocada pelos podres poderes públicos é formada por velhos acima dos 70 anos e profissionais da saúde, pública ou da privada. Mais os aborrescentes que, veremos daqui a um cadinho, mostram-se atenciosos para com os nós envelhecidos.
Pois então. Chegamos às 07h45m, antes da abertura dos trabalhos, o sol já se exibindo tanto que o pessoal do posto tratou logo de organizar uma fila tripla, no sentido vai e vem, pelo usufruto da sombra das árvores entre elas um pé carregado de exibidas jacas, moles ou duras, não sabemos mas elas são lindas e, com todo respeito, comestíveis.
Gente, agora sou só eu no falando porque a Madame, como sempre, ela já está enturmada, mas está tudo no parecendo muito do tranquilo, quer dizer, eis que agora aparece a enfermeira baixinha, bem neguinha, pretinha e, magrinha que só, mesmo assim, tentando gritar o a seguir no entreouvido:
– Atenção, gente. Hoje a vacina é para os “velhos” com mais de 70 ânus que tenham tomado a segunda vez na vida há seis meses. Ah, mais o pessoal mórbido que agendou antes e os colegas que trabalham na saúde, que nem eu. Estamos entendidos?
Neste instante começa a revolta dos “velhos”, alguns por sinal bem dos serelepes mas, no meio, fato é fato, tem uma meia dúzia na situação requerente de acompanhante, por sinal não presente, difícil nesta terça idade, não é meu mesmo, vó? Vamos à revolta dos velhos e das velhas cidadãs tupiniquins, neste caso, da classe média pseudo quase alta:
– Cadê a fila da terceira idade?
– Aqui não tem fila de “velho” não – canta a “neguinha magrinha pretinha atraente”.
– COMO É QUE É ?????????
Primeiro, transcrevo parte dos sermões aplicados por “velhas e velhos” acima dos setenta e no começo da sétima e última jornada nesta longa estrada da vida. A enfermeira magrinha, mulher, pretinha, leva o básico puxão de orelha tipo “velha é a tua mãe”, é fake, gente, isso deveras não acontece porque se trata de gente educada. Uma senhora, includo, a mais ativa, é mãe de um médico em hospital de renome no atendimento de políticos. Justo ela exige que a nossa enfermeira “neguinha”, repita que o certo é “terceira idade” no lugar de pessoa velha e “terceira vacina” no lugar de reforço. Vamos ao ouvido na geral ao som do fone:
– Mãe? Onde você está, bichinha?
– Estou aqui na fila da vacina.
– Tudo bem?
– Não! Tem uma enfermeira aqui me chamando de velha.
– Passe o telefone para ela.
– . . .
– Você chamou minha mãe de velha?
– Chamei.
– Por que?
– Ela me chamou de pretinha e negrinha.
– Me passe o telefone para minha mãe.
– . . .
– Mãe?
– Pô filho, não tem paciente para atender não?
– Mãe. Você não pode chamar uma mulher de negrinha e pretinha.
– Quer que eu chame de que? De polaca?
– Mãe! Pede desculpa.
– Para quem?
– Para a pretinha.
– Meu filho!!!
– Me passe o telefone para ela.
. . .
– Aqui é o doutor fulano de tal, trabalho no hospital que atende presidente e tal. Exijo que você peça desculpa por ter chamado minha mãe de VELHA.
– SÓ SE ELA PARAR DE ME CHAMAR DE PRETINHA!!!
– E por acaso você é polaca?
Resultado. Uma risada só na fila do posto de vacina de reforço para a terceira idade, estava tudo no viva voz porque, afinal, a mãe é uma velha senhora com alguns problemas de audição, alguns de propósito, diga-se de passagem, mas, afinal, a primeira vacina ianque para os adolescentes e mais uma para a turma legal da Saúde é o que interessa. Tudo numa boa até que a chefet@ do posto, doidinh@ para dar início a mais um dia de trabalho anti-pan-demônico que se espalha tem 438 dias, bem, ela se achega ao nosso pseudo tumulto e …
– O que está acontecendo?
– Estamos organizando a fila do pessoal da “melhor idade”.
– Quem mandou?
– Esta jovem enfermeira “amorenada”, aliás, muito da educada, não é, minha neta?
Nesta altura, o ambiente que parece tenso vira lento porque além dos “velhos e velhas” em volta da “negrinha” acontece o inesperado apoio uníssono dos “aborrescentes”, muitos catando cadeiras na grama, nem todas em perfeito estado, e as colocando numa fila em separado:
– Cuidado que esta está um pouco desajuntada, minha tia. A senhora, minha vó, fica nesta cadeira aqui que está um pouco melhor.
E daí – volto a falar no plural – perguntamos, com toda razão, qual a reação da chefinha das, contamos nos dedos das mãos e dos pés, 18 enfermeiras no pequeno posto na área central da capital do Brasil. Seguinte. A chef@, safad@, no sentido de safa, saca, mora, ela põe a mão no ombro direito da enfermeira “magrinha” e dita, sorriso entre os dentes descovados:
– Valdirene! Você está encarregada deste pessoal exigente de seus direitos, tá? E vamos fazer o seguinte. Para cada um “normal” na fila da vacina entram dois …
– Se chamar a gente de “velho ou velha”, já sabe!!!
A chefinha, safa, provoca nosso sorriso uníssono, e responde, falsamente séria:
– Pois não estou vendo aqui nenhuma pessoa velha.
– VELHA É A TUA MÃE !!!
Antes da fila dos velhos, perdão, da terceira idade, começar a andar – volto a falar no singular – deleto a dupla citação da palavra “uníssono” por obrigação de ofício jornalístico há 50 anos. Acontece que no quarto lugar da fila dos “normais” estava um senhor idoso, pomposo, sentado entre mulheres em pé, mesmo que mais novas e, ao ser sugerido, gentilmente, que passasse para a fila dos “especiais”, retruca como quem prescrevendo cloroquina, tem toda a cara de:
– Pois eu continuo nesta fila onde estou sentado desde as sete horas da manhã e daqui não saio, daqui ninguém me tira, até porque eu sou médico, ouviram?
Vale o registro da reação – volto ao plural – que todos nós, especiais e/ou normais, retrucamos, agora sim no uníssono, risos soltos, inclusive da enfermeira moreninha, agora tornada nossa amiga e até chamada “gentilmente” de “negrinha velhinha”:
– Deixa este doutor para lá. Ele só pode ser médico do Prevente Senior.
E a fila, melhor, a vida continua no posto de vacinação da Covid19/20/21…
– Primeiro a jovem aqui.
– Não senhora! Antes, as duas avós ali da outra fila.
– Ai que saco!
– A senhora tem um ou dois ou quantos sacos?
Começa então outro dia de vacinação que tão cedo não acaba. Adentram as duas senhoras, aliás, colocadas na frente porque com forte dificuldade de andar sem amparo é que não falta, decisão, aliás, tomada de forma coletiva e uníssona, quer dizer, com protestos apresentados pelo doutor do Prevente Senior, naturalmente desmoralizado.
– Acabou, polaco? O que está fazendo de pé aí no décimo-quinto lugar da fila especial?
– Quem está falando?
– Não é da tua conta. Responda, velho.
– É que eu fiz questão de passar na minha frente todas estas amaciadas jovens dantanho.
– E Madame?
– Já está triplamente vacinada e agora se encontra fumando o cigarrinho de olho na jaca mole tomara que caia.
– Então conta, daqui a pouco, como foi a agulhada neste teu braço caipirosco.
– Sou mais o bracinho firme de Madame.
– Mostra! Mostra! Mostra!
Pronto. Chega a minha vez. Atrás de mim, o chato doutor do Prevente Senior, quase encostado:
– Chega para lá, cara chato.
– Sou doutor.
– Desculpa. Desencosta, doutor cara chato!
– Esqueça este chato e continue, polaco:
– Qual a sua idade, “jovem velho idoso”?
– 73 anos + 9 meses + 20 dias + 18 horas + 15 minutos + 33 segundos!
– Qual o seu CPF, senhor?
– Está aí, minha jovem.
– Esqueceu, tio?
– É muito número.
– Está aqui a sua identidade. Leia para mim que eu coloco no sistema.
– Ih, moreninha. Eu esqueci os óculos de perto em casa que não fica longe.
– Se não lembrar agora mesmo vai para a fila dos mornais. Escutou?
– Oxe, menina. Acabei de me lembrar.
Neste momento, acredite se puder, praga do doutor do Prevente Senior, já devidamente picado, como é que pode, acontece o seguinte. O sistema da Internet DESABA, fica fora do ar nos cinco computadores, todos ligados num mísero aparelho G-2. Por sinal, no posto, este é o primeiro dia em que fica abolido quase de vez a anotação no papel para ser incluído depois no tal sistema. Tudo parado. A fila toda. Jovens e os da pseudo melhor idade. Repasso ao fato para o velho na fila anterior que conta para velha que cochicha para outro e assim o sussurro de repente se transforma numa brincalhosa revolta:
– Moça, tem um orelhão ali na entrada do posto. Por que não vamos até lá, gente?
Depois de uns vinte minutos de risadas, muxoxos, dentaduras deslocadas, enfim o sistema entra no ar e tudo recomeça no quartel de Abrantes:
– Qual o seu CPF, senhor?
– Já falei, moreninha.
– Acontece que caiu, tio.
– ENTÃO LEVANTA, MINHA FILHA!!!
Uns oito minutos e nove segundos depois, educamente, sou convidado a sentar numa das três cadeiras de plástico para o terceiro pico na minha vida. Acho que foram mais, mas tudo bem. Sinto-as um tanto trôpegas. O que? A cadeira, eu, a picante, sei lá, tudo, sabe?
– Pode sentar!
– Prefiro ficar em pé.
– É que sentado fica mais mole, meu senhor – responde quem, logo a chefeta, olha ela aí de novo, vigiando a jovenzinha com a agulhinha cheia da vacina ianque e, observo, quase que tremendo. Sinto a chefeta, levemente preocupada mas um tanto pré-irônica nos lábios entreabertos para me mostrar os dentes encravados na gengiva amarelada. Afinal, estes “velhos e velhas” hoje estão de lascar, acho que ela está pensando isto, com certeza. Mas continue, minha senhora, e ordenhe esta jovenzinha enfermeira:
– Vai com cuidado, minha filha. Antes veja se este polaco está bem mole. Coloque a agulha mais inclinada. Assim não. Incline mais um pouco. Agora …
– ENFIA LOGO!!! TUDO!!!
Pois foi uma das picadas mais suaves que eu tive na minha vida, confesso, tanto que primeiro eu olho para a chefeta em pé, ao lado de quatro assessoras, e pergunto, bem suave:
– Ela é estagiária, não é?
– É sim, polaco. Isto é para você aprender a não tumultuar a massa, seu braço mole.
Dei um tempo para o quíntuplo terminar de rir de mim para somente então virar para a quase enfermeira estagiária e fechar com este sublime fecho de ouro, na lembrança as tantas estagiárias de jornalismo com quem convivi e, amigavelmente chamava sempre de “minha tia”, embora tem umas que hoje já sejam “avós”. Ou quase. Outras, ainda nem arrumaram. O que? Ora, o rumo, meu, quer dizer, minha.
– Polaco!
– Que foi?
– Acabe logo este papo está qualquer coisa está para lá de Maraquesh. Afinal, o que foi que você falou, neste teu fecho de ouro, para a enfermeirinha estagiária que picou este teu braço mole?
Não que Eu – POLACO, CONFESSE!!! – seja chegado. Aliás, juro que nunca o fui, jamais, never nem ever, em absoluto. Quer dizer. Cherei, cheirei, xeirei, ser rei, ser gay, sei, que seja, não fui. Mais. Sempre tem um mas.
Acho-me nesta fase dita pós-pandemônica-virótica-sino, sim, sei que ainda não posso comemorar nem abraçar apertado a mina no pós-cruzar de olhares pseudo-fortuitos, com força, com brio polônico, ao realçar suspeito.
Estamos – Polaco & Madame, a dupla de risco – “Aqui em Berlim”, neste maldito trimestre com a coleira, desculpe, pulseira, não, tornozeleira mental a bisbilhotar cada sonho, remorso, enduvidada situação e tal.
Sorry. Preciso de um gole. De água? Não. Aqui, ela é muito calcárea. Estamos tão perto da vodka. Ai que saudades da minha avó polaca. Com raiz forte. Ah. Sorry por causa do quê? É que os sinos da igreja estão tocando. Sério.
– Eduardinho!
– Quié, vó Sofia?
– Menino, você está tão estranho. E que coisas são essas com as folhas tão esquisitas que, só de olhar, está me dando uma zonzeira, doideira. Fale!!!
– Falar o que, vó polaca?
– Sei lá. Nem estava te escutando mesmo.
Mesmo assim, falo. Calo. Exalo. .
– Eduardinho. É falo de falar ou falo deste teu negócio ainda tão pequeno?
– Vó. A mãe está aí por perto neste céu?
– Não. Está passeando com um anjo. Você conhece bem a Lola.
Então, falo agora. Estou aqui em Berlim, com Madame ao lado, no jeito de me olhar muito do parecido com o da avó, durona mas alegre, exigente em tudo, por isso mesmo eu nunca posso me descuidar. Mas agora eu falo o que sinto. Falo.
– O que?
– Nada!!!
– Conta tudo!!!
– Para falar a verdade, vó da parte de mãe, EU POLACO CONFESSO que só dei uns golinhos, mas não traguei não.
– Acontece que estou vendo aqui de cima você cercado de garrafas de vodka – me dê um gole – cervejas – outro gole – suco sei lá de que – não quero – mais uns biscoitos – de chocolate, é Eduardinho, não parece não. Me passe uns com estes galhos verdes esquisitos. Que folha é esta, meu neto? E você, está esquisito assim por causa de que mesmo? Falando enrolado. Ainda que você desde criança só o cachorro entendia o que você estava falando. Mas hoje você está mais esquisito, menino.
– Vó. EU POLACO CONFESSO. Comecei pela tal Cannabis, de quem nunca ouvi falar dela processada com Absinto. Ms não tô sentindo nada. Até agora.
– Mas já sentiu.
– O que, vozinha.
– Vozinha uma ova, Eduardinho. E fale que nem polaco. Que vozinha mais fraca.
– Falo.
– Pare com esta sacanagem, meu netinho. Você vai ser padre um dia. Continue.
– Depois, dei um beijão de boca na Maria Joana e tomamos juntos um gole da Vodka. Mesma coisa. Sentindo nada. Daí, a mesma folha verde no vinho. Nadinha.
– Eduardinho!
– Quié, vozinha Sofia.
– Pois eu bebi uns goles deste negócio que você me passou e estou sentindo uma porção de coisas, sim, menino.
– O que, vozinha?
– Não vou te falar. Você está muito menino para isso. Me passe outro biscoito de chocolate. Mas que gosto diferente, né? Que mais?
– Eu que não, vozinha, mas lembra quando a senhora só para me sacanear, antes de oferecer aquele prato gostoso, sempre fui guloso, me perguntava antes.
– O que?
– Eduardinho. Antes de pegar este prato me responda antes.
– O que, vó.
– Caso você estivesse morrendo de fome, morrendo mesmo, não de virus que ainda vai chegar um dia, mas caso você estivesse morrendo, mesmo, de fome, e tivesse que escolher uma dessas três comidas, qual você ia escolher?
– Quais?
– Ranho, cuspe ou bosta?
– Ai, vó, vou vomitar.
– É. Mas você sempre escolhia uma para não perder a gostosura da vovó.
– Qual.
– Falo.
– Não, vó. Agora, não. Tem gente abelhuda escutando nossa conversa.
– Polaquinho me conte mais uma históriadaí em Berlim, pensa que não estou cuidando de vocês aqui de cima?
– Então eu … falo!
– Polaquinho. Assim não vai ser padre. Vai virar jornalista. Vai sim.
– Vó. Fomos noutro dia, fugindo da prisão domiciliar pandemônica, no Rokão Pesadão do Cross Club. Uma fumaceira que Madame quase chama os bombeiros. E eu:
– Florzinha. Fica na sua. Na muda. De boa.
– E Madame ficou, meu netinho?
– Nada, vozinha. Ela é que nem a senhora. Só faz o que ela quer. E não deixa fazer o que eu quero.
– Está muito certa a Cleide. Chama ela.
– Não chamo.
– Chama. Olha que eu falo.
– Deixa que eu falo com meu falo, vó.
Enfiim, fim da prosa serena e amena entre um netinho e a vozinha nestes tempos de solitária Pandemia Virótica.
– Eduardinho. Não me engane. Você não confessou porra nenhuma. Fale!!!
– Falo. Eu de fato bebi tudo mas não traguei nada.
– Que mais, meu netinho que não vai ser padre um dia. Não vai mesmo.
O “Diário da Pandemia em Berlim” pretende neste ensolarado domingo ser menosdown e levar em conta as amizades ao redor deste mundo hoje imundo. And so, sem ser pretensioso, muito menos pernicioso, não repasso today meus pensamentos eslávicos que não levam ao up os que estejam mais precisados do que este escriba, agradeço, ainda beneficiado pelas deusas de outrora.
Difícil ser otimista, mas vamos lá, polaco, faça um esforço, largue este copo de vodka e deixe que um pouco do seu vire muito do outro. Pois vamos lá. São vários os motivos para este meu jeito instável de estar neste quarentena que deixa de ser o brinco da quinzena e de fato se encaminha para os 40 dias. Quiçá a prisão se dilate e faça com isto que eu sinta deleite por continuar …vivo.
Vamos aos fatos. Nos Zaps de ontem, primeiro a cunhada em Brasília preocupada com a madrasta, no Rio, da filha, em Carolina do Norte – USA. A segunda mãe, médica, internada com o Corona. A primeira mãe, amiga, preocupada. A filha das duas, prefiro reproduzir as palavras: “A Bela está chateada mas ela está confiante de que tudo sairá bem”. E completa a prima mãe cunhada:
“Ela fica me acalmando, sempre positiva em tudo!!!”
Pois continuemos a prosa solidária porque no final tem liga. Outro Zap de ontem foi com o amigo Soter, Brasília, editor do meu primeiro livro, Eu Trovão, nos tempos do mimeógrafo. Hein? Fazia tempo que a gente não se conversava. Sei lá o do porquê. Por que? Antes, a fala dele:
-Olá, polaco. Não fala mais com os amigos?
Bem no estilo eslavo, respondo:
– Só escuto.
Resultado. O amigo antigo me convida para participar, mais onze, do sarau online “A Poesia Liberta” para posterior postagem, via You Tube, nas redes sociais, no que ele é bom. Contínuo, continúo, desculpe-me os assentos, ora, acentos fora da hora. Ora, ora. Eu não sou louco. É pouco. Tem ainda tantos amigos e amigas ao redor deste mundo e, inclusive, aqui em Berlim. Todos longe. E perto. Juntos?
Na sequência do pensamento, neste sábado, hoje é domingo, a dupla Polaco & Madame passa de manhã na feira semanal de rua, no distanciamento legal, para comprar os primeiros aspargos da estação, leve caminhada, lenço à boca, parada para um café to go na praça e, às sete da noite, outra saída legal na rua bem perto de casa para três manifestações musicais rápidas da vizinhança.
Na continuidade do raciocínio inicial, de que tenho tantas amizades ao redor deste mundo e, que nem eu, quem sabe não tem alguém neste momento precisando ouvir uma palavra amena, apesar do brinco deste conhecido mode de ser deste polaco. De noite, ligamos os apetechos técnicos da sala e juntos, agarrados, sim, acompanhanos o show online Um Mundo Só, da OMS. Saúde!
Das quatro horas de convívio íntimo globalizado destaco do show, para este pseudo finalizamento do diário neste domingo quase indo para a segunda, o cantado pelo Stevie Wonder. Nome da música: Lean on Me. Ou seja: Conte comigo. A música é do gringo negro Bill Withers. História de vida incrível. Família miserável das minas de carvão de West Virginia – USA. Morreu agora em março.
Para terminar a prosa de hoje começo pelo final da música, tudo a ver com o minha concessão de que temos que mudar o espírito decadente diante do virótico momento. À luta. Eia. Sus. Cantemos juntos:
“Please, swallow your pride
If I have things
You need to borrow
For no one can fill
Those of your needs
That you needs
That you wont let show.
Por favor, engula seu orgulho.
Se eu tiver algo
De que você precise
Lean on me
Conte comigo.
Ninguém pode ajudar
Se você não me contar
Que está precisando, tá?”
– Escutou?
– Sim.
– O que?
– Isso aí.
– Então me liga.
– Tá.
– Inté e Axé.
– Tschuss.
Foto do “ursinho” colocado no meio dos entulhos da construção, aqui perto de casa, em Berlim, de um novo prédio no lugar do que era a da Frei Universitat. Não consegui pergar para mim. Você quer para si? Se sim, volto lá e peço. Sim ou Não? This is the question.
12 months-12 signs-12 apostles-12 tribes of Israel
1th
Give me a miracle:
Multiplication of the …
Word!
(January – Apostle Andrew – Tribe of Ruben)
Dai-me um milagre:
Multiplicação da…
Palavra!
(Janeiro – Apóstolo André – Tribo de Rubens)
2th
Give me a return:
Bird in the rainbow…
Planted!
(February – Apostle Bartholomew – Tribe of Simeon)
Dai-me um retorno:
Pássaro no arco-íris…
Plantado!
(Fevereiro – Apóstolo Bartolomeu – Tribo de Simeão)
3th
Give me a forest:
Flower in the crevice of my…
Forehead!
(March – Apostle James Alphaeus – Tribe of Levi)
Dai-me uma floresta:
Flor na fresta de minha…
Testa!
(Março – Apóstolo Tiago Alfeu – Tribo de Levi)
4th
Give me a power:
Remove as many fools…
Dreams!
(April – Apostle James Zebedee – Tribe of Judah)
Dai-me um poder:
Remover tantos bobos…
Sonhos!
(Abril – Apóstolo Tiago Zebedeu – Tribo de Judá)
5th
Give me a woman:
In the immense hunger of…
Love!
(May – Apostle John – Tribe of Dan)
Dai-me uma mulher:
Na imensa fome de…
Amor!
(Maio – Apóstolo João – Tribo de Dã)
6th
Give me a dessert:
Fed up on the table and…
Bed!
(June – Apostle Judas non-Iscariot – Tribe of Naphtali)
Dai-me uma sobremesa:
Farta na mesa e na…
Cama!
(Junho – Apóstolo Judas não-Iscariotes – Tribo de Naftali)
7th
Give me a new life:
Without being holy or sweating…
Fear!
(July – Apostle Matthias in place of Judas – Tribe of Gade)
Dai-me uma nova vida:
Sem ser santo nem suar de…
Medo!
(Julho – Apóstolo Matias no lugar do Judas – Tribo de Gade)
8th
Give me some ingenuity:
Understand only half of the…
Bye!
(August – Apostle Matthew – Tribe of Aser)
Dai-me uma ingenuidade:
Entender só a metade do…
Adeus!
(Agosto – Apóstolo Mateus – Tribo de Aser)
9th
Give me a fly:
Until you reach infinity so…
Right!
(September – Apostle Philip – Tribe of Issacar)
Dai-me um voar:
Até chegar ao infinito tão…
Certo!
(Setembro – Apóstolo Felipe – Tribo de Issacar)
10th Give me an enemy: Placing with you the… Friend! (October – Apostle Peter – Tribe of Zebulan) Dai-me um inimigo: Tramando consigo contigo o… Amigo! (Outubro – Apóstolo Pedro – Tribo de Zebulan)
11th
Give me the sail:Well salted peljo loving you in the…
Sea!
(November – Apostle Simon – Tof Joseph)
Dai-me o velejo: Pelejo bem salgado o amar no… Mar!
(The mild prose of this Polish sympathetic to the solitary dove at 18 minutes this Friday at Gleisdreick station waiting for the U 9 subway line Krume Lanke here in Berlin).
(Prosa amena deste polaco solidário com a pomba solitária aos 18 minutos desta sexta-feira na estação Gleisdreick na espera do metrô linha U 9 direção Krume Lanke aqui em Berlim).
(Die milde Prosa dieses Polens, die mit der einsamen Taube sympathisiert, wartet an diesem Freitag um 18 Minuten am Bahnhof Gleisdreick auf die U-Bahnlinie 9, Krume Lanke, hier in Berlin).
a pomba
rôla rôta
gira …
róla na róta reta
e acoxa na cocha
arreta …
se achega no metro
da linha do metrô
segura …
vem cá pombinha
meto o medo e ela
cochila …
minha cocha se amarra
na tua coxa
a corda!!!
gôsto de colcha nova
no cinto da noiva
assinta …
gósto da iminente
cochia assoprada
no cio …
fio!!!
polaco homófono!!!
giro!!!
fia!!!
pomba rôla
gira!!!
– this is the end mein beautiful pombinha …
– heil, polaco baiano!
– já fui!
– volte !
– Que foi?
– cê mesqueceu?
– se me alembre.
– antes abata estas abelhas que no agora nos perscrutam.
– ah … tô me lembrando …
– do que?
– minha pombinha intelecta cheia do cio.
– quer que eu gire?
– ok.
(e você aí, pessoa abelhuda, está esperando o que para desligar?)