Poesia



Mão Cheia: Miro no Muro e Murro o Burro

Mão Vazia: 30 Ânus de Revolução Pacífica

Mão Boba: Muro Persiste na Cabeça, Mano.

Mão Vazia: Muro é Coisa de:

(a) Comunista – em Berlim;

(b) Nazista – enfim;

(c)Israel – na Palestina;

(d) USA – no México;

(e) África de Mandela – no Moçambique;

(f) Você – no seu Vizinho:

(g) Você – na sua Cabeça.

miro no muro e murro no burro by mamcasz

Für diesen Montag (19.11.04) beginnen die mehr als 200 Partys für die 30 Jahre des Mauerfalls. 160 km kommunistische Dummheit. Gemeinsam gewonnen vom heutigen Heiligen, dem polnischen Papst Woityla, und dem kapitalistischen Künstler Reagan. In der CIA gedeckt. Die Peth Smith Show in der Getsemani Lutheran Church lässt es sich nicht entgehen. Ich bin als Polin registriert. Ich habe auf den bahianischen Ursprung verzichtet. Knochen im Weg. Ich erinnere mich, dass ich 1989, im Herbst, hier durchging. Im Anschluss, glücklicher Hund, Madame. Ich kann immer noch in der Dose.

Pois nesta segunda (04/nov/19) começam as mais de 200 festas pelos 30 anos da Queda do Murro-Muro de Berlim. 160 Km de imbecilidade comunista. Vencida em conjunto pelo hoje santo, o papa polaco Woityla, e o capitalista artista Reagan. Acasalados na CIA. O show da Peth Smith, na igreja luterana do Getsemani, não perco mesmo. Estou resgistrado como polaco. Abdiquei da origem baiana. Ossos no caminho. Lembrando que em 1989, na queda, eu estava de passagem por aqui. Seguindo, cachorro feliz, a Madame. Ainda lato na lata.

For this Monday (04 / Nov / 19) the more than 200 parties begin for the 30 years of the Fall of the Berlin Wall. 160 km of communist imbecility. Jointly won by today’s saint, Polish Pope Woityla, and capitalist artist Reagan. Mated in the CIA. The Peth Smith show at the Getsemani Lutheran Church doesn’t miss it. I am registered as a Polish. I abdicated the Bahian origin. Bones in the way. Remembering that in 1989, in the fall, I was passing through here. Following, happy dog, Madame. I still can in the can.

miro 2

The parties take place here in Berlin from 4 to 9 of this bluish November. I will report, pure, I swear. From 10 am to 10 pm, all free-mouthed, in seven of the main atriums of what was once a socialist horror theater. Another chapter of my rising book, the Berlin Stund Null (Year Zero). Title of this cuticle-liked entertainer:

BERLIN WALL STILL PERSISTS ON THE GERMAN HEAD.

As festas acontecem, aqui em Berlim, de 4 a 9 deste novembro azulado. Darei relato,puro, juro. Das 10 da manhã às 10 da noite, tudo free-boca livre, em sete dos principais átrios daquele que foi um teatro de horror socialista. Mais um capítulo do meu livro em ascenção, o Berlin Stund Null (Ano Zero). Título deste entretítulo curtido na cutícula:

O MURO DE BERLIM AINDA PERSISTE NA CABEÇA DOS ALEMÃES.

Die Partys finden vom 4. bis 9. November in Berlin statt. Ich werde berichten, rein, ich schwöre. Von 10 bis 22 Uhr, alle mit freiem Mund, in sieben der Hauptatrien des ehemals sozialistischen Horror-Theaters. Ein weiteres Kapitel meines aufstrebenden Buches, der Berliner Stund Null. Titel dieses nagelneuen Entertainers:

BERLINER MAUER LEIDET NOCH AUF DEUTSCHEM KOPF.

murro burro by mamcasz

Fui.

Então, tá.

Inté e Axé.

Tschuss.

 

https://mauerfall30.berlin/

 

 

 


A bença, minha santa irmã Dulce. Hoje toda gloriosa, no Vaticano, longe da Baixa do Sapateiro e da Ladeira das Primas da Conceição, mas ainda perto dos políticos arretados que te cortejam em troca dos subditos subsídios nem tão públicos, pensa que não sei?

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– Polaco ateu!!!

– Eu???

Lembrei-me de ti quando estive em Calcultá e visitei a índia Teresa com quem falei de ti, do teu desapego, dos teus afagos e dos teus desejos. Pois não te lembras, Irmã Dulce, quando te visitei, em Salvador de tantos santos anônimos alagados nas calçadas e nos pelourinhos?

– Polaco bocão!!!

– Eu???

Pois falo. Eu era hippie, mostro a foto e obro a coelha. Corrido do Paraná, com passagem pelo Rio e, ainda não sabia, direcionado a Brasília. Hoje, aqui em Berlim. Por falha de formação, noviço capuchinho, franciscana quem nem tua ordem, vestido marrom e tudo …

– Polaco virgem!!!

– Eu???

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Pois conto. Fui na casa da Irmã Dulce, ora santa. De fato, em Salvador, eu hippie, fui até Irmã Dulce e me ofereci a prestar algum serviço aos que lhe eram sacros, os pobres soteropolitanos-baianos até hoje crentes nas promessas de políticos baratos originados do mesmo sujo prato.

– Pega leve, polaco!!!

– Quem tá falando???

– ACM, amigo da Dulce.

– Só se for da Dulce Figueiredo.

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– Continue, polaco!!!

– Obrigado, minha santa. Contínuo, continúo. Boto acento no assento que eu quiser. Conversei de fato com a agora Santa Dulce. Baiana e santa – difícil de acreditar. No que? Primo, que ela seja, de fato, mãe baiana.

– Stop, polaco!!!

– Paro nada. Desculpe, santa Dulce. Minha irmã. Nossa, nunca me esqueço da conversa que ouvi de ti. Sob os efeitos do meu passado no seminário capuchinho no Sul Maravilha, ora hippie auto-largado na Bahia, ofereci-me na boa para prestar serviços voluntários. Pois ouçamos o me disse, na época, a este polaco eterno pecador, então misto de pescador, includo a posse da tarrafa amiga, a ora gloriosa Santa Irmã Dulce da Bahia de Todos os Santos:

Polaco. Continue hippie na tua ilha (Itaparica). Pelo menos até o Carnaval chegar (as chuvas). Te protege o Lalinho (dono da casinha e da venda, paguei três meses, com a pequena grana da saída do jornal O Globo, no Rio, e depois me deixou na boa por quase dois anos, vai ficando, seu Bocage (Mamcasz no baianês), e eu, ele era um santo, ele quem, o Bocage).

Polaco. Olhe nos meus olhos. Sou a irmã Dulce. Preste atenção. Ainda não estás no ponto para voltar a cuidar dos outros. Cuide antes de ti. Segundo mandamento divino. Amar ao próximo “como” a ti mesmo. E por causa de que estás amando “menos” a ti? Pois me escute. Volte para tua ilha. Depois, irás para outra. Bras-ilha.

– Eu???


– Me escute!!! Lá, apertarás a mão de um papa polaco que será santo e de presidente que será preso. Agora, volte para a tua ilha, em Berlinque, mas cuidado. Sei que estás fumando a maconha maranhense amorenando amarrotada no assoalho da casa vizinha.

– Eu???

– Polaco!!! Nada demais. Mas tens outra virtude. Gostas de uma moreninha. Da ilha ou da capital. Rica ou pobre. Aconselho-te. Ao aparecer na tua ilha uma moreninha da capital, pois sei que aparece, geralmente filha de algum coronelzinho, ela não mais virgem pois sei que tu, no caso, por isso recusarias, mesmo assim, preste atenção. Não te esqueças. Semana que vem, lá na tua ilha, vão chegar duas moreninhas de Salvador. Vão te apoquentar. Fique na tua. Mais ainda. De manhã, esconda a tua maconha numa lata grande e esconda num buraco debaixo do pé de fruta-pão.

– Preste atenção, polaco!!!

– No que???

É para a tua salvação. Aguardes tranquilo, naquele canto da praia, no Pontal do My Friend, pelado, que nem ficas sempre, a chegada dos homens da Polícia Federal, procurando pelas meninas e, neste caso, pela maconha maranhense que dizem ser tua, mas não é, que eu sei muito bem. Agora, ide. Antes, pede a bença.”

– Prá quê e prá quem, minha doce irmã?

– Ide, polaco, que tens uma larga jornada pela frente.

– Vou.

– Vá!!!

Final:

Né que fui, dois dias depois, em Berlinque, como me alertou a irmã Dulce, a Polícia Federal chegou, logo depois da chegada das duas moreninhas da Capital, filhas de um político ligado às caridosas obras da irmã Dulce.

– Cadê as minas, polaco?

– Não sou chegado.

– Maconha, então?

– Nem pensar.

– E o calção?

– Escondi ali, debaixo do pé de fruta-pão.

– Qual deles?

– Ih…esqueci.

dulceeus

Até hoje sou grato à agora minha santa irmã Dulce. E foi do jeitinho que ela falou. Veio o Carnaval, vieram as chuvas, fui para Brasília, voltei a ser jornalista federal, apertei a mão do papa polaco Carol Woityla, hoje santo, que nem ela, e também apertei a mão de presidente republicano agora se recusando a sair da cadeia.

Irmã Dulce. Uma santa de verdade. Só tem uma coisa.

– Que é, polaco, não chega?

– Precisava tanto político safado na tua consagração agora em Roma?

– Pede a benção!!!

– Prá que???

– Fale certo!!!

– Prá quem???

– Prá mim.

– Tá. A bênção, minha santa irmã Dulce.

– Tá!!!

– O que???

– Abençoado.

– Amém.

dulcesanfona


polaco doidao

O lixo, amigo, ele me sorri mais

Porque hoje é domingo.

Estou no domínio do mínimo mimo

Burguês.

Que nem a floresta –

Diz-me o mendigo

Na esquina doutra

Sedentária-Setembrina-Setentina-

Sedenta-Augustina-Estação-

Anciana voada

Pela Asa Sul

Do Ex-chão do dito Plano –

Nem o Divino Piloto ousa retocar.

Muito menos eu que continuo

Por entre gralhas do cerrado

E aratacas no devoro do fruto da Alva Paineira

No ponto mais inseguro do Devaneio da Mente .

Estou mais seguro na caminhada,

São nos dez mil metros que me garantem:

A Floresta é o mato, polaco,

Dentro do eu

De ti da

Pessoa presa defronte

Este Wifi infindo.

Enfim,

A floresta é a

Flor na fresta

De tua testa

Em festa contida

Nesta tela viciada

Tá?

Saia de ti, pessoa entalada,

Passe ao passo a passeio pela Floresta da Vida

Onde és, no mesmo do tempo,

Tanto o lobo bom

Quanto o chapeuzinho mau –

O bem e o mal

O mais e o menos.

Inté e Axé.

( Saída desta mente dormente ao final da caminhada e deste agosto de 2019 neste domingo dolente na conversa com o catador preto de lixo branco seguidos de perto pelo bem-te-vi traquino a caminho de volta para Berlim ).

polaco doidao 2ok

1) – O polaco, o mendigo e a bonitona:

https://www.mamcasz.com/2012/02/20/o-polaco-o-mendigo-e-a-bonitona-de-brasilia/

2) – O polaco banana:

https://mamcasz.com/2013/03/09/nova-caminhada-insana-deste-polaco-banana/

polaco doidao 3ok


         Então, vamos lá. A partir de hoje (15/jan/19), no Brasil, eu posso ter quatro armas, certo? E daí? Arma, eu sempre tive a minha. Uma metralhadora. Com ela eu já matei, feri – de raspão ou mais profundo, aleijei – de leve ou para a vida, tanto no ataque quanto na defesa.

      Preste atenção nesta minha prosa, ô camarada, companheiro, colega, amigo, comparsa, pessoa,  até porque por um senão te varro, com uma rajada, da face deste ambiente dito terreno, nunca ameno, a menos que estejas com colete à prova de quatro armas legalizadas.

           Pois exibo a minha munição preferida que nunca me falhou nestes 71 anos de vida, devido, quiçá, ao meu estilo de arapuca, tramóia, armadilha, cilada, engodo, embuste, campana e baldroca pelas quais sempre te faço cair na rede mesmo que não sejas peixe, pequeno ou graúdo.

          Estou portanto pouco me lixando com este decreto permitindo o uso pessoal de armas porque, repito na maior cara de pau, sempre tive a minha, uma metralhadora, atiro na sequência uma rajada para cima de tua pessoa só pelo gosto de sentires o gozo desta minha tão amada munição.

          As balas que eu costumo usar são formadas por letras – inconstantes consoantes que, sozinhas, não valem coisa nenhuma, precisam do alento das vogais que, por sua vez, dependem dos símbolos e, todos juntos, em ordem unida, pedem o socorro do meu dedo no gatilho. Aperto.

            Miro no A, finjo no E, minto no I, atiro no O e, morres no U. Isto na primeira arma, uma pistola no formato de caneta compacta. Na segunda, formo palavras à toa na multidão no formato de coquetel de letrinhas. Minha terceira arma legal dispara frases, conexas ou desconexas, que tal?

        De volta à minha arma de estimação, legalizada, a velha metralhadora, com ela mesmo que grites no paredão, de olhos vendados, ouvirás o zumbido rasgado das rajadas de parágrafos, páginas e capítulos que podem te matar no ato, com fato confessado ou inventado, a dor é igual.

       Pronto. Está dado o aviso. Estou me lixando de montão com este decreto bolsonariano permitindo que eu cidadão tenha até quatro armas nas minhas duas mãos. Sou mais a minha metralhadora que sempre atirou letrinhas, muitas delas mortais, ricocheteadas até dentro do teu coração.

       – Mas eu sou analfabeto, polaco, tua metralhadora e nada é tudo  para mim.

          Miro. Respiro. Prendo o ar dentro de mim. Penso. Repenso. Calculo a distância entre o meu gatilho e o teu suspiro. Destravo. Aperto o gatilho até o primo passo. Decido. Disparo um só ponto no centro da tua cabecinha. Este ponto tiro de cima da letra-vogal dita do i. É teu o Fim.

(Photo Namastê by Mamcasz).

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Nature Goddess!

Give me the time to party – summer –

And to stand – just saw it.

Give me the time for falling leaves

Crooked branches, nine-out

And so, to start the almost-nothing.

* * * * *

Deusa Natureza!

Dai-me o tempo de festa – verão –

E do repouso – viram?

Dai-me o tempo das folhas secas,

Galhos tortos, noves-fora,

Recomeçar do quase-nada. 

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Listen Me Escute:

https://soundcloud.com/mamcasz/minha-prece-pascoalina

Deusa Natureza!

Dai-me o poder  de  remover torres,

Mares e bobos sonhos :

Ser viril na ternura de um Chico de Assis

No sermão desolado da montanha

De entulhos e bagulhos.

* * * * *

Deusa Natureza!

Dai-me o milagre da multiplicação das  palavras.

Que elas instiguem nas crianças

O distante reino dos céus,

Reafirmem a decisão de malhar o Judas,

E justifiquem a intenção de crucificar  de novo o velho  Cristo.

ovo de pascoa by mamcasz

Deusa Natureza!

Dai-me o entendimento desta minha dupla convivência:

– Qual dos dois – Cristo ou Judas – ocupa

Uma cadeira vazia no bar,

Um vazio na gente?

Nesta idade, pessoa,

Às vezes,  sou um mini homem dileto,

Noutras muitas, um super rato discreto.

* * * * *

Deusa Natureza!

Dai-me  um tempo

Para continuar sendo aquilo ou isto

Judas ou Cristo –

Insisto –

Mesmo que eu durma com o Diabo

E com  o Deus,  na mesma lama,

Ou que amanheça por entre as Madalenas,

Caifás, Pilatos, Herodes, Marias,

Ou mesmo Dimas, o bom –

Qual era mesmo o nome do mau ladrão?

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Naturaleza Diosa!

Dame la voluntad de en el robo

Yo sea bueno,

De principio a fin.

Y luego me resucita el santo de mí

Decantado de las cenizas al viento,

* * * * *

Deusa Natureza!

Dai-me a vontade de mesmo no roubo

Na força eu ser  bom,

Do começo ao fim.

E depois, ressuscite o santo, de mim

Decantado das cinzas ao vento,

Desde que  eu  continue, no fundo,

Sendo sempre aquilo ou isto,

Judas ou Cristo.

* * * * *

Deusa Natureza!

Dai-me a certeza do retorno,

Na forma de pássaro no arco-íris plantado

Para que eu possa cantar para alguém,

Mesmo que somente para mim,

Um retumbante Hallelluya. 

* * * * *

Deusa Natureza!

Dai-me um Ovo de Páscoa

Que na duvidosa placenta de vida

Da gema renasça, por encanto,

Isto ou aquilo.

É o que mais desejo.

Sinceramente, deste  teu

Cristo, mesmo que Judas.

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Eduardo Mamcasz, 

Poeta Quase-Zen.

 Boa Páscoa.

Amém.

Clique e me ouça, tá?

https://soundcloud.com/mamcasz/minha-prece-pascoalina


I’m not crazy … it’s little

If I shot part ot the whole

Of this heart of mine

Brainless.

I’m not little … it`s crazy

If I pop the kernels

Of this heart of mine

Jumbled.

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I’m not crazy … it’s either

If I try to shoot at the middle

Of this heart of mine

Rested.

I’m not crazy … it’s meager

If I start at the very core

Of this heart of mine

Pregnant.

I’m not this … neither I try

To extract anything from my mind

Of this heart of mine.

(All of this just leave from me. Well well.  Without shot I don’t put cuffs on dominant point. No intimacy with  comma, exclamation or interrogation. Much less in the attached reticents. Point for me is only one. It’s like a shot in my heart. A singleand ready . This is the end, my beautiful frien. Just a point.)

https://mamcasz.com/2010/09/10/sept-11-in-god-we-trust-sera/

http://wp.me/pBsZ2-1Kr


Dia Internacional da Mulher

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 One kiss, Super Woman! 
You show your breasts,
And aliments the Life,
Immense , in your hunger
… of Love.

Um beijo em ti, Mulheraça!

Tu mostras os peitos

E alimentas a vida

Nesta tua imensa fome

… de amor.

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Two kisses, Super Woman!
You perspires on hips,
To reap the fruit, 
Hurt, you’re a boss
… of the Family.

Dois beijos em ti, Mulheraça!

Tu suas as ancas,

Colhes o feijão do dia,

Nesta tua casa onde  és a chefe

… da família

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Three kisses, Super Woman!
You take a punch,
Devolves whisper
In the bed, petal

 … of Flower.

Três beijos em ti, Mulheraça!

Tu levas um murro

Devolves sussurro

Neste teu berço onde eras uma pétala

… de flor.

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Moral

Super Woman!
You support son, husband,
 Dog and the parrot
Resonates in the mirror:
 Are you still the most beautiful woman
…of the World? 

Mulheraça!

Tu sustentas filho, marido,

Cachorro e papagaio.

Mas Tu te lembras da imagem no espelho

Desta você mulher mais bonita

… do mundo?

And so…


In this your  day,
 Super Woman!
 A kiss
 From the size of your accuracy -
 Correct,
 Given past,
 Present and future.

Então…

Neste teu Dia internacional, Mulheraça,

Aquele beijo do tamanho

Da tua precisão.

From Eduardo Mamcasz (Poet and Zen)

Bariloche by G.Dutra

A caminho da Patagônia

Agora, me ouça, Mulheraça:

http://www.radiotube.org.br/audio-3480J58J3SmiQ

Veja tão bem:

Em 2010

As minas de atitude

https://mamcasz.com/2010/03/08/dia-da-mulher-as-minas-de-atitude/

Pra não dizer que não falo de flores

https://mamcasz.com/2010/03/07/dia-da-mulher-pra-nao-dizer-que-nao-falo-de-flores/

Em 2011

Mensagem às mulheres de boa fé

https://mamcasz.com/2011/03/06/mensagem-as-mulheres-de-boa-fe/

Em 2012

Bom Dia, Mulheraça.

https://mamcasz.com/2012/03/07/bom-dia-internacional-mulheraca/ 

Especial para você, Mulher Negra: 

http://radios.ebc.com.br/em-conta/edicao/2014-03/em-conta-homenageia-mulher-negra

 And now, a big kiss for you, my Florzinha

madame no saara 2 by mamcasz

Cleide de Oliveira, minha mulher,
brincando de criança no deserto do Saara.

Bom Dia!


Minha homenagem  aos 460 anos da cidade de São Paulo e a todas as pessoas amigas que estão dentro dela.

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Eu chegado, via Congonhas, Brasília no bilhete, quinta feriado, converso na janelica do pré-acertado, tem cartão de crédito, bandeira dois, destino Vila Madalena, 39 reais.

– Por onde o senhor deseja ir ?

No invisível, escuto o samba paulista “somos quase vizinhos , fazemos o mesmo caminho, vem me dê sua mão”, de Fica mais um pouco  amor, do italiano Adoniran Barbosa. Por mim, senhor chofer de vampiresca classe, desde Dom Cristóvão, (1) que cobra acima do ético do menino que, virá a saber no meio do rio, quase se afogando, devido ao peso da tarifa, ser o próprio Deus.

– Vamos por onde, meu senhor polaco, orra,  mas o cara fala, meu!

Traio minha condição sisuda de ser. Pela casa do Carvalho, chegue à Vila Madalena, Heitor Penteado com Pompéia, no Fran’s Café. Aliás, senhor matador da minha noiva Iracema (2), na hora da conta, preste atenção ao lado esquerdo, pouco abaixo do seu adormecido arremedo, onde tem dois livros de Buckowsky (3). Aconselho-os para suas horas de folga, no coçar do físico, de volta ao Morro do Piolho (4), ao rememorar a exploração deste portador de visual da Vila do Progréssio (5).

Belo começo de semana enclausurado no Anhembi numa tal de XI Unctad (6) ( um o que?) dois, cara, quer dizer, muito mais, seis mil burocras, includo presicas e ongueiros . Encontro uma comitiva de dois, do Reino do Lesotho. Converso de quando passei naquela negra montanha, incruada em território branco e africano. Lembro do tropeçar à beira do despenhadeiro por conta dos acenos que me fazem, não as mariposas de Jaçanã (7), mas dezoito inocentes pés de maconha, já do óleo liberados e nem tão secos para serem desprezados.

– Mas onde é que estamos mesmo, meu senhor?

– Sei lá, seu “Mânforo” (8). Eu vivo de passagem, pago na vida sempre adiantado, o tempo está bom, a capital melhor sem o paulistano, lá embaixo na praia, domingo a revoada do milhão e meio no maior orgulho gay do mundo (9). É. São Paulo não consegue parar. Vila Madalena. No buraco tem o beco estreito e as muralhitas de azuleijo que espantam os grafiti . Que pena Adoniran , no lugar do composto, tivesse pichado os vazios das malocas. Ao observar os tatus (10), ele teria no certo, no samba do Arnesto, inserto o “domingo nóis fumu no azur” (11). E obrado na torcida excluída de pardos paulistanos que adentram a estação da Sé (12). Tomo coragem e parlo:

– Meu nome é Rubinato (13).

– Carma, Iracema, o chofé não tem curpa. Paciência! Paciência! (14)

Olha o breque !

Abstenho-me de personagens nesse paulistano passar, até do anfitrião. Relatos factuais ameaçam futura permanência nas retas escadarias por onde escorregam ratos disformes e ladrõezinhos alimentadores da boca a meio caminho do Sumarezinho à grande Madalena. Pena sejam tão céleres. São ratos que dividem com tatus de credos e cores disformes o mesmo quedar ao metrô que, cá para nós, funciona de maneira mais limpa do que a forma com que foi construído.

De volta ao relato de minha passeada paulistana. Paraíso (15) , bate a vontade de desviar de linha para uma visita à amiga minha da Santa Cecília (16). Não a santa rainha dos músicos. A padroeira dos gays. Qual nada. Deságuo no Tietê, o maior terminal … que mania … o bandeirante não viu o dos mexicanos. Tento o guichê para Valinhos, onde mora o amigo Charutinho (17). Penso em subir a Bragança e visitar tia Aline em Atibaia. Ou passar na Casa da Sogra (18). Vence a sina : o suor danado no desarvorado Parque do Anhembi.

Cena terminal no Tietê :

– NÃO dê esmola !

– NÃO seja camelô pós linha branca !

– NÃO coma pizza requentada!

– NÃO pegue táxi fora do ponto !

Em protesto à retidão paulistana, promovo o curvilíneo :

SIM !

Dou um real à caiçara invalidada pelo herói bandeirante.

SIM !

Compro cadarço à porta do elevador que desce para a Cruzeiro do Sul e nele dependuro meu crachá da ONU (19).

SIM !

No Shopping Estação, como pizza fria com café preto.

SIM !

Aceno ao táxi acabado de ser passageiro. Entro correndo. Tem recibo. Um pulo até o Anhembi, pela Olavo Fontoura, hoje menos policiada. Faça a ronda no balão e quebre no farol perto das biroscas.  Pronto, cheguemo, diria mestre Adoniran. No retorno da noite, pelas dez, a carona no ônibus da TV Nacional. Passada a ponte para Bom Retiro, apeio no intento de rever Armênia(20). De gravata e roupa de gringo , ultrapasso a passarela sobreterrânrea. Dobro à direita na rampa. Visualizo personagens do Abrigo dos Vagabundos (21). De costas, não me sentem. Falta-me a iluminação. Acelero pela lateral. Passo. Enxergam-me na quebrada à esquerda.

– Ô doutor !

Respiro em terra firme, pequena praça, o corredor obscuro formado pelas bancas de camelôs completamente arriadas. A distância se agrava. É relativa em momentos tensos. Ao longe reluz a claridade do acesso à estação que me seduz.

– Um real pra gente !

De soslaio, mais dois passos em frente, sem sacolejar:

– Tá mal. Tô sem nenhum !

– Se o doutor não tem um real, então quem vai ter neste País.

Embarafustado pela roleta-catraca do metrô, enfio o bilhete de 10, pisca-me de volta o cinco, subo a escada rolante e aguardo o trem Jabaquara-Paraíso-Madalena. Penso. Vou convidar para o mesmo trajeto as personas reunidas no Anhembi. Imagino o trio real da passarela numa task-force de commodities, comércio justo, dumping, progresso auto-sustentável, fair-trade e até o Gil (22)na defesa da necessidade da retomada do caminho da possibilidade de uma utopia.

– Não recrama, João, a chuva só levou a tua cama (23).

Cuido do retorno a Brasília servido de típicas lembranças paulistanas: famosos potes do alto da Moóca (24), marmita do tradicional arroz com feijão e um torresmo à milaneza (25) e outra cadeira lá na Praça da Bandeira (26). Arrumo tempo e passo na casa do Nicola, no Bixiga, na rua Majó (27). Converso com o Joca na Saudosa Maloca na Rua Aurora (28). Sinto que lindo , Eugênia, é o viaduto de Santa Ifigênia (29) e rebeijo a mariposa na Rua dos Gusmões (30). Sim. Não posso ficar nem mais um minuto com você(31). Na pressa da hora acertada retorno ao começo deste relato no espaço clamado Congonhas. A última rodada no metrô, do Tietê a São Judas, o mais perto do aeroporto. Só alguns quarteirões. Nem sete reais. Pois vou. Estou apeado na rua diante do único táxi do ponto. A felinesca chofer garante que emagreceu 37 quilos. Tem codinome. Pafunça (32). Pede tempo para botar o cadeado no telefone. Abre o porta-bagagem. Não entra mais nada. A cara dela.

– Deixa eu pagar antes o corte do cabelo do meu filho. É no caminho.

Ele tem 16 anos. Dez reais. Onde já se viu. O pai dele é taxista. Ganha bem. A gente é separado. O juiz mandou ele pagar 600 reais

de pensão. Até hoje não pagou. Alô, meu filho. Já estou voltando. A gente divide um comercial. Arranjei advogada conhecida . Vai cobrar 900. Acontece que ainda gosto dele. Encontrei outro.Um amor de pessoa.Quer filhos. Alô, amor, hoje não vai dar. Já operei. Penso até operar de novo. Dá uma pena dele. Mas não vai dar certo. Gostomesmo é do pai do menino. Tô com uma pena de cobrar a pensão na justiça. Não é para mim. É para o filho. Gosto dos dois. Quer dizer. Dos três…

Chegamos. Dezenove reais e trinta centavos. Deve ter cobrado por palavra. Dou vinte. A história valeu. Sincera. De gorjeta canto

para ela o trecho final do samba Maria Rosa, do Adoniran Barbosa. Ouçamos juntos. Alô, meu marido. Não. Que cobrar coisa nenhuma. Injustiça é eu estar longe de você. Eu é que te devo. Um beijo, meu moreno! Taxímetro desligado, revira-se para o meu lado, estou no banco da frente, muito l-e-n-t-a-m-e-n-t-e, e proclama: Canta, meu branco !

O carnaval passou.

Levou minha rosa.

Levou minha esperança.

Levou o amor criança.

Levou minha alegria.

Levou a fantasia.

Só deixou uma lembrança.

Constato, no ato de me livrar dos sobejos da saliva – em troca da pena fica a serena sensação do lábio mordido – que ainda me sobram três horas pro vagar antes do embarque imprevisto. Traço meu pedaço na área do estresosso Congonhas. Confiro que, no perímetro interno do terminal, cerveja em lata sai a quatro reais. Ultrapasso a avenida pela passarela. Lá vem outro causo. Dobro à direita. Disputo a calçada esburacada, estreita e conturbada. Paulistas me insistem que Brasília não presta porque não tem calçada. Prossigamos. Após a passada pelo pardieiro, dormida a 15 reais, três horas, é só subir a escada a la penumbresca, estaco diante uns cocos verdes fincados numa estaca na esquina em frente ao posto de gasolina. Um real e meio, guardanapo, pastéis de bauru na hora, includo a massa. O sonar contínuo dos motores. Suportável seria não fora a gripe e os bilionésimos de miligranas de fuligem a perturbar minhas narinas, pois as tenho ao par. Sento-me ao banquinho de plástico branco e limpo. Faço justiça no acréscimo do informar.

Sorvo vagarosamente, no opósito do ritmo intenso do trânsito tão ao gosto do paulistanesco folclore de pisar nos freios para aumentar os quilômetros do engarrafamento. Aspiro a segunda tragada do líquido ao gosto de beira -mar. Preparo-me para a terceira. Aproxima-se um típico ancião, bonezinho xadrez, cabelos branquíssimos nas laterais, o próprio italianinho que me parece, no ato, chamar-se Arnesto (33).

Muito íntimo :

– Hy mister, can you give to me your beautiful hair?

Vero…

– Fôra eu gringo, meu siciliano, não estaria aqui tomando água de coco pós uma rápida esprimidinha ali na esquina. Está premo na questão de traduzir agora mermo. Esprimidinha é um copo de cachaça barata com meio limão esprimido em cima. Custa setenta centavos. Tomei duas.

– Sou polaco!

– Polish o catzo. O senhor é suiço. Não adianta negar. E eu quero o seu cabelo de presente. Now!

Vero…

Não apresso o passo, pois não debando, e nem exagero o devagar. Longe de mim o escalpo na quarta maior cidade do mundo. Atravesso de volta a passarela. À procura da compostura. Reassumo minha dita personalidade gringa. Subo à francesa a escada encaracolada do saguão central de Congonhas. E me dirijo à Sala Vip do Cartão de Crédito. Opto pelo chá misto Momento de Acordar.

Ingredientes : folha de chá-mate, casca de laranja doce, casca de limão, casca de canela e funcho.

Acesso-me à Internet. Uso os quinze minutos a que tenho direito de fama para fazer este relato do fato. Com permisso, vou ficando por aqui. O tempo expira. Nada me inspira. Por fim, expirro. É a gripe.

– Nunca vi gringo suiço escrever deste jeito.

– Nem eu.

Saio, calmamente, direção portão 3. Finalmente, o quase embarque de volta à minha ilha.

– Polish!

– Ih! lá vem o italiano.

– See you latter, friend!

– Me too, Arnesto.

Ao fundo, no falante paulistano, Adoniran me debocha:

– No ortro dia , encontremo co Arnesto, que pediu descurpa, mas nóis num aceitemo.

Sem pisar nos breques, acrescentei pra Matilde (34) :

– Nóis vai mais vorta!

RODAMÃO (é que nem rodapé)

(1)- São Cristóvão.

Diz a lenda que São Cristóvão fez promessa de carregar pessoas de uma margem à outra de um rio, porque não tinha ponte nem barco. Um dia, uma criança pede que a atravesse. Seu Cristóvão coloca- a nos ombros e entra na correnteza. A certo ponto, estranha o peso fora do comum da criança .”Você parece estar carregando o mundo!” A criança lhe responde: “Erraste de pouco. Carregas aquele que fez o mundo.” Por isso, é invocado padroeiro dos motoristas que transportam pessoas pela cidade.

(2)- Iracema.

Nasce de uma notícia de jornal, em 1956. Mulher atropelada na Avenida São João. De fato, foi na Consolação. Letra e música de

Adoniran Barbosa :

“ Você travessou na contramão a São João / vem um carro e te pega / e te pincha no chão/ Você foi pra assistença….”

(3) – Charles Bukowsky.

Autor da beat generation. Dois livros presentes na Livraria do Frans’s Café da Vila Madalena. 1 -Tales of Ordinary Madness (Erections,Ejaculations, Exibitions and General Tales of Ordinary Madness).

2-Play the Piano Drunk / Like a Percussion Instrument / Until the Fingers / Begin to Bleed a Bit.

(4) – Morro do Piolho.

Bairro da Liberdade, Rua Tamandaré. Tudo fictício. Aparece em Histórias das Malocas,1955. Radiocontos de Oswaldo Molles. Adoniran é o desocupado malandro, morador do Morro do Piolho, pronto para mais uma viagem pelo mundo dos humildes.Certa vez, decide fazer uma eleição . A urna é roubada. Noutra, os moradores procuram emprego. Todos de uma vez. Só encontram um. Para ocupar essa vaga, escolhem Charutinho, o mais preguiçoso e vadio da turma.

(5) – Vila Progréssio.

“Progréssio/ Progréssio/ Eu sempre escuitei falá “ – dizia uma das músicas do Adoniran. Era a vila chique dos brancos, a Vila Progréssio. O edifício arto é o encurvado Copan. O café da manhã é no TIB.

(6) – XI Unctad –

Décima-Primeira Conferência das Nações Unidas para o Comércio e o Desenvolvimento, de 11 a 18 de Junho de 2004, no Anhembi, São Paulo, junto com o Forum da Sociedade Civil.

(7) – As Mariposas.

Música composta em 1955 por Adoniran Barbosa em que o autor faz um jogo de palavras entre as voltas das mariposas-mulheres da vida em torno das lâmpadas-homens:

“ Eu sou a lâmpida / E as mulher são as mariposa/ Que fica dando vorta em vorta de mim.”

Jaçanã, presente na música Trem das Onze, antiga Guapira, aberta em 1913, para ir ao Asilo dos Inválidos, ramal de Guarulhos, Estrada de Ferro da Cantareira.

(8)- Mânforo.

Jogo de palavras com Cristófaro que, em greco-latino, quer dizer aquele que transporta o Cristo, ou seja, Cristóvão. No caso, aquele que leva o Mam, apelido do autor, ou melhor , aquele que transporta o relato do fato.

(9)- Parada Gay.

São Paulo, Brazil, Jun. 13 (UPI) — More than 1 million people marched in Sao Paulo s gay pride parade Sunday, breaking the world record for such an event. Acording to police estimates 1.1 million people flowed through the city s main thoroughfare — Paulista Avenue — waving rainbow flags and signs celebrating the 8th edition of the parade.

(10)-Tatus.

Os que vivem, trabalham ou usam o metrô.

(11)- Azur.

A linha 1- azul do metrô de São Paulo, a Norte-Sul, ligando Tucuruvi a Jabaquara. Adoniram compôs Uma simples margarida (samba do metrô). E no Samba do Arnesto, ele canta “nós num semo tatu”.

(12)- Sé.

Centro histórico da capital paulista, a praça e a catedral. É o centro nervoso , único ponto de cruzamento das linhas Norte-Sul e Leste- Oeste do metrô. Por ela passam vertentes e tendências do urbano e do suburbano.

(13) – João Rubinato é o nome de batismo de Adoniran Barbosa.

(14)- Iracema.

Parte final da música Iracema, quando a letra é declamada.

(15) – Paraíso.

Estação do metrô conde cruzam a linha 2- verde, Ana Rosa-Vila Madalena, com a 1.

(16) – Santa Cecília.

Outra estação de metro, na linha 3- vermelha que cruza, na estação da Sé, com a linha azul.

(17) – Charutinho.

Valinhos, no interior paulista, porque foi onde nasceu Adoniran. No programa escrito por Osvaldo Moles, História das Malocas. Adoniran faz um personagem . Chama-se Charutinho,nome do presidente do Corintians, na época.Um trecho, de 1955:

“Maloca onde a riqueza é um pedaço de fome/ é um pacote de gemido/ Maloca…/ onde eu cresci de teimoso que sô/ Mais esburacada que tamborim de escola de samba em Quarta-feira de Cinzas/ Onde a gente enfia a mão no armário e encontra o céu/ Onde o chuveiro é o buraco da goteira.”

(18) – Casa da Sogra.

Rádio Record, 1941, Osvaldo Molles fazia o programa Casa da Sogra. Ele foi o parceiro da vida toda do Adoniran Barbosa. Em 1964, desgostoso, preferiu se matar. Foi mulher…

19) – Crachá da ONU.

Para poder entrar no Anhembi, só com o crachá fornecido pela ONU que, por desorganização, estava sem o dependurador, daí a

necessidade do cadarço. No caso, cor abórbora, o par custou um real.

(20)- Armênia.

Estação do Metrô, linha 1 , entre Tiradentes e Tietê. Junto à igreja ortodoxa da comunidade dos armênios.

(21)- Abrigo dos Vagabundos.

Numa das músicas Adoniran oferece sua maloca aos “vagabundos, que não têm onde dormir”. E coloca o título Abrigo de Vagabundos. Foi em 1959, no começo de uma nova maloca (favela, invasão) na Mooca.

(22)- Gil.

Ministro da Cultura, Gilberto Gil. Na reunião da Unctad, foi eleito pelos jornalistas presidente do MSL – Movimento dos sem Lead.

Significa que não se aproveita nada do que ele fala, na hora de escrever a reportagem. Não existe um começo. Meu compadre Turiba é o assessor dele.

(23) – Não recrama…

Outro trecho do personagem no programa de rádio História das Malocas. Foi depois de uma enchente que levou toda a maloca-favela embora. No caso do João, ele havia perdido só a cama. Este João, na verdade, seria ele mesmo, nascido João Rubinato.

(24)- Potes da Mooca.

Na música Abrigo de Vagabundos tem o trecho“Eu arranjei o meu dinheiro/ trabalhando o ano inteiro/ numa cerâmica/ fabricando potes/ no alto da Mooca”. Meu anfitrião foi criado no pedaço e ainda se lembra.

(25)- Torresmo à milaneza.

Nome da música composta por Adoniran, em 1979, em parceria com Carlinhos Vergueiro, onde diz:

“E você, Beleza,/ o que é que você troxe?/ Arroz com feijão / E um torresmo à milanesa / Da minha Tereza”.

(26) -Praça da Bandeira.

Letra do samba de Adoniran, composto em 1974, Vide verso meu endereço, quando diz que “ O dinheiro que você me deu,/ comprei cadeira / lá na Praça da Bandeira.”

(27)- Nicola e Rua Majó.

Aparecem no Samba do Bixiga, composto junto com Nicola Caporrino:

“Domingo nóis fumo  num samba no Bixiga

Na Rua Majó, na casa do Nicola.

Mezza notte o’clock, saiu uma baita duma briga

Era só pizza que avoava, junto com as brajola.”

(28)- Saudosa Maloca.

“Se o sinhô não tá lembrado/dá licença de contá/que aqui onde agora está/esse edirfiço arto /era uma casa véia /um palacete assobradado” A casa fica na Rua Aurora. Cine Áurea, O Joca, na verdade, se chama Mário, mas afinal, Mário não rima com maloca.

(29)- Santa Ifigênia.

O Viaduto, inaugurado em 1913, liga o Mosteiro de São Bento à Basílica de Nossa Senhora da Conceição, a “igreja dos sinos quebrados”, porque nunca toca na hora certa. No samba do Adorinaran:”Venha ver, Eugênia/como ficou bonito/ o viaduto de Santa Ifigênia. Está tão lindo que eu acho, ninguém vai morar embaixo”.

(30)- Rua dos Gusmões.

Um dos sambas mais escondidos de Adoniran:

“Por ela sou capaz, de atravessar, a Rua dos Gusmões, lendo Ali Babá, e os 40 ladrões…”.

(31)- Trem das Onze.

Famoso trem que, na verdade, não existe. O último sai às 20h30m.

(32)- Pafunça.

Uma das desconhecidas musas de Adoniran. Resta na letra :

“O teu coração sem amor se esfriou,/ se desligou,/até parece, Pafunça,/ aqueles elevador,/que está escrito/ “num fununcia /e a gente sobe a pé! /é pra me judiar, Pafunça, / nem meu nome tu pronunça.”

(33)-Arnesto.

Virou nome de samba de Adoniran. “O Arnesto nus convidô / prum samba ele mora no Brás/ nóis fumo não encuntremo ninguém.”

(34)-Matilde.

A mulher de Adoniran. Mathilde de Lutiis. Casou em 1942 e com ela viveu 40 anos. O primeiro casamento foi com Olga Rodrigues, com quem teve a única filha, Maria Helena, criada pelos tios.Matilde aguentava tudo. Mas brigava quando ele chegava de madrugada. Daí surgiu o samba: “Joga a chave, meu bem/ aqui fora tá muito ruim”.

“AGORA NÓIS VAI MERMO E NÓIS NUM VORTA MAIS”.

Eduardo Mamcasz

São Paulo – SP – Brasil – 25/Jan/2014

Original em:

http://www.usinadeletras.com.br/exibelotexto.php?cod=10632&cat=Contos&vinda=S


Zero hora deste dia 11 de 1 (1+1+1=3).

Eu me completo 66 (6+6=12=3+3+3+3).

Então somos 5 vezes 3 igual a 15 (1+5=6=3+3).

Já somos sete três (7 vezes 3 = 21 = 2+1 = 3).

Juntos, passamos a oito vezes 3 = 24 (2+4=6=3+3).

Ultrapassamos então dez três de uma vez.

Igual a 33 ( 3+3=6).

Pronto.

Neste dia eu faço 66 anos de ida.

Sexagenário e meio.

O futuro, sei lá.

O passado, foi este – uma bola.

Siga-a:

https://mamcasz.com/mamcasz/

Inté e Axé!

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Nossa Senhora de Brasília.
Que em 2014 reine, na certeza soberana,
Sobremesa farta, na mesa e na cama,
Mas sem nos chafurdar em tanta lama.

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Nossa Senhora do Brasília,

Santa dos sobressaltos,

Vos rogamos um presente bem brasileiro:

Que  ressuscitemos,  de  uma  só  vez,

Sem  ser preciso  ser santo nem  suar de medo

Nesta  incerteza de tantos segredos.

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Adicionemos  a  este  nada,  o tudo

Que, noves fora, sonhamos  conceber.

E multipliquemos o zero da fartança,

Dividido pela dúvida agora do ato,

Que espanta, de fato, a esperança.

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Que reine,  na certeza soberana,

Sobremesa farta,

na mesa e na cama,

 Sem nos chafurdar em tanta lama.

Ouça bem, Nossa Senhora de Brasília,

O brado fervoroso do vosso povo:

Que em 2014

Tenhamos a nossa vez.

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São os votos de Mamcasz, Poeta-Zen,

E de sua consorte, Cleide.

Amém.

Para ouvir a mensagem completa, ao som do Hino Nacional,

Clique

https://soundcloud.com/mamcasz/feliz-ano-novo-povo-by-mamcasz

Leia

 https://clubedeautores.com.br/book/156311–BIOGRAFIA_DE_UMA_GREVE#.UsNRdltDvl8


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A mi-chemin il y a une pierre
A mi-chemin il y a une perte
A mi-chemin il y a une pierre
A mi-chemin il ya une perte
La troisième perte –
Je remplis mon sac
Et je lance la pierre
Contre qui, qui, qui?

D’autre encore:

No meio do caminho encontro uma pedra
No meio do caminho encontro uma perda
No meio do caminho encontro uma pedra
No meio do caminho encontro uma perda
Na terceira perda
Eu encho o saco
Lanço uma pedra
Em quem, quem?

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A mi-chemin j’achoppe sur une rose
A mi-chemin j’achoppe sur la prose
A mi-chemin j’achoppe sur une rose
A mi-chemin j’achoppe sur la prose
La troisième prose –
Je garde la pierre
Conduis une perte
Adresse cette rose
Et puis je me perds dans la prose
Avec qui, qui, qui?

D’autre encore:

No meio do caminho esbarro numa rosa
No meio do caminho esbarro numa prosa
No meio do caminho esbarro numa rosa
No meio do caminho esbarro numa prosa
Na terceira prosa
Recolho as pedras
Espanto as perdas
Estendo uma rosa
Inflo o meu papo
Me perco na prosa
Com quem, quem?

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 No meio do meu caminho sempre tem uma Paris.

Amém!!!

EM

EM (Photo credit: Lukas834)


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 Hoje Madame me lava, mente e corpo, acalenta meus pensares, e me leva para uma Buenos Aires que só ela conhece e da qual sigo proibido de fornecer as coordenadas.

Adianto que a região, micro, é chamada de Vila Freud, tem palacetes e restaurantes bacanas, adonde, três séculos passados, era  enorme fonte de miel de cana.

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Prima parada, dois jarrito de café solo, un cigarrito, por supuesto, dia agradavelmente frio, o mesmo do final do dia, acrescido de um quadradito de lemon, que bom.

Lojas e silêncio e limpeza e pessoas e visuais todos dos tempos em que Buenos Aires era de fato a Paris da América Latina, até o almoço no Estanciero, numa Báesz.

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Entonces, primos e primas, para quem ofendido se fez com minhas críticas de antes sobre a outra Buenos Aires da parte vista no correndo dos turistas, hoje vai a parte linda.

Pois me siga nas fotos, bairro não nominado, que continue assim, apenas dos portenhos mais ferrenhos, ao som imaginário do Carlos Gardel do escrito por Luis Miguel:

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Acaricia mi sueño
El suave murmullo
De tu suspirar…

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Como rie la vida
Si tus ojos negros
Me quieren mirar…

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Y si es mío el amparo
De tu risa leve
Que es como un cantar…

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Ella aquieta mi herida
Todo todo se olvida…

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El día que me quieras
La rosa que engalana
Se vestirá de fiesta
Con su mejor color…

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Y al viento la campanas
Dirán que ya eres mía…

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Y locas las fontanas
Se contarán su amor…

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La noche que me quieras
Desde el azul del cielo…

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Las estrellas celosas
Nos mirarán pasar

Y un rayo misterioso
Hará nido en tu pelo…

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Luciérnaga curiosa
Que verá que eres
Mi consuelo!!!

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Democracia é o direito da tua voz ser ouvida mesmo que anonimamente!

 


Vinte anos passados sem  aconchego na vizinha argentina.

Troco-a por mil paragens  – From Alaska to Jerusalen.

Agora, eis-me pronto para mi Buenos Aires.

Luzes de alerta contra minha vontade.

Medo de Buenos Aires Numa Boa.

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Twenty years  without snuggle my neighboring argentina.

For a thousand other stops – From Alaska to Jerusalen.

Now , here I am ready for my Buenos Aires.

Whith warning lights on the top of my will.

  To enjoy Buenos Aires on very nice.

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Diferente dos tempos em que Buenos Aires se dizia a Paris das Américas.

E do ódio dos portenhos ao mundo  chamar de a capital do Brasil.

Eis algumas luzes de alertas acesas nesta pré-ida:

Evite as noturnas paragens de El Caminito.

Boca e Constituición na barra pesada do sul.

Palermo Soho, melhor que o curta na luz do dia.

Fotografar o fundo da alma da cidade, nem pensar.

Há trombadinhas espertos que te levam tudo no nada sentir.

Mesmo assim, pretendo curtir Buenos Aires Numa Boa.

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– Descobrir os matizes do inexistente Barrio Norte.

– A caminho do Barrio Chino a parada no Jardim do Parreda.

– Lunes, 18h30m, Mis tardes con Gardel. Libre e gratuido.

– Os recitais de graça na Casa de Cultura da Recoleta.

– O vinho tinto do Fin del Mundo patagônico.

– Caminhares nos passos de Sábato, Gombrowicz, Leopoldo e Pizarnik.

– Caminhar ao lado de Borges da casa dele à biblioteca municipal.

– Na Galeria Guemes virar personagem do Cortázar e acordar na Galeria Vivienne em Paris.

– Passar no quarto do Federico Garcia Lorca.

– Conversar com Exupery no quarto a escrever o Voo Noturno.

– Degustar o argentino criollo na forma do mondongo.

– Os assados com gosto de carne dos gauchos.

– Algumas milongas portenhas de bairros com partidas de truco.

E o melhor de tudo:

Curtir Buenos Aires Numa Boa

ao lado de Madame…

A statue of Gardel outside the Abasto Market i...

A statue of Gardel outside the Abasto Market in Buenos Aires, near where he grew up (Photo credit: Wikipedia)

Mi casa é tu casa, polaco, canta-me Gardel http://www.buenosaires.gob.ar/areas/cultura/museos/dg_museos/gardel%20_patio_arrabal.htm

Florales Generica na Buenas Moderna

https://www.facebook.com/pages/Ba4uapartments-Holiday-Apartment-Rentals/71690619509?id=71690619509&sk=photos_stream

O Museu do Larreta a caminho do Bairro Chino prum pisco no bar peruano

http://museos.buenosaires.gob.ar/larreta.htm

Panorama of Buenos Aires.

Panorama of Buenos Aires. (Photo credit: Wikipedia)


Another sunday at Brasilia with in a sunny day.

(Para ser curtido ao som de milongas de Renato Borgheti)

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O título em cima é por causa da rima redundante. Falo do outro, que deveria ter sido. Another Sunday at Brasilia with in a sunny day. Sun-day. Dia do Deus Supremo, o Sol. Vertido para Domus-in-go, Dia do Senhor, Domus, Dom Polaco que vos escreve a respeito de um brilhante caminho do que se torna, no almoço de hoje tardio, um Arroz Carreteiro a la mode do Sul do Brasil.

Antes de passar para os ingredientes e, quiçá a receita dominical, atenho-me ao charque, da banda dianteira, não ressecado mas jamais fresco. Por falar nele, o charque, das bandas do Sul, foi exportado, por meio dos Navios-Ita, que faziam a cabotagem ao longo da costa, exportado para onde?

A Carne-Seca, Jabá, Carne-de-Sol, que se canta em verso e canto Gonzaguianos, na verdade é uma invenção sulista, dos pampas e campos gerais, companhia feminina do peão ao conduzir as boiadas, com tradicionais paradas em Ponta Grossa. Ponta é rebanho e Grossa, bom, é evidente, né?

A mesma coisa, antes de partirmos para os ingredientes (melhor olhar os detalhes da foto, antes). Lembro aqui, nascido em Ponta Grossa, embora polaco-bahiano, que o mesmo acontece com o mate, sempre quente e amargo, legítima invenção dos polacos do Paraná, usurpado pelos gáuchos.

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1 – Charque dianteiro dessalgado à noite, à geladeira, em água profunda, e dele tirados os fiapos de nervos ou pseudo-gorduras, além de cortados em cubos de tamanho interessante aos olhos e à necessidade do peão boiadeiro não ter que usar faca ou garfo, só a mão na farinha de mandioca.

2 –  Arroz, por supuesto, tanto que o manjar tem como substantivo o próprio, casado com o charque, antes tem um caminho que passo a mostrar, tão logo o cereal esteja muito bem lavado, escorrido e secado para que continue assim, livre, leve e solto até a fase pré-endereçamento interno.

3 –  Pinhão cozido e cortado de comprido porque de lado não é coisa de polaco e de cubinho só o charque curtido na Princesa dos Campos Gerais, a capital cívica  do Paraná, este o apelido de Ponta Grossa, terra originária deste escriba polaco-bahiano, tanto que batizado na Igreja e logo depois no Olho d’Água, salve-salve minha mãe Iara-Iemanjá.

“Pinheiro, me dá uma pinha;

Pinha, me dá um pinhão.

Polaco,  me dá um pedaço,

Que te dou me coração.”

(Rima entendível somente pelos iniciados nos pinhais).

4 – Tomate. Aqui, há discrepâncias. Aconselha-se cortá-lo em cubos, do mesmo tamanho dos do charque, e só colocá-lo ao quase final, antes do cheiro verde, tem que ser cebolinha e salsinha e mais nadinha, tá? A cebola e o alho já entraram na fase pós inicial, depois de fritados os cubos de charque ao azeite, ou seja, pego aquele bronze da chama eterna das fogueiras das paixões passageiras.

– Florzinha!  Me traga uma cerveja. Larga esta tua turma. Hoje é domingo. Você é todo meu.

Vou e volto porque Madame hoje está compenetrada no começo da leitura de um livro com 1.077 páginas, chamado HITLER, do Ian Kershaw, o mais completo de todos, primo capítulo se chama Fantasias e Fracassos, comento que não haverá profícuo diálogo aqui em casa por um bom tempo, não sem antes apresentar no copo especial, cristal fino, a cerveja Quilmes, litrão, vindo de Buenos Aires, para onde estamos indo na primavera. E a receita de Arroz à Carreteiro continua.

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5 – Apresentada a cerveja, entra a parte destinada ao polaco-bahiano, na forma da vodka, de boa qualidade, e o limão adrede, subido do açúcar e do gelo fica faltando apenas o agito, dá um tempo que já volto, aliás, hoje, no mercado, comprando o cheiro-verde, passei três minutos me enamorando de um vidrinho de azeite de dendê, que não tem nada a ver com a prosa aqui, mas faz parte do meu eu dos tempos de Berlinque, município de Cacha-Pregos, Ilha de Itaparica, onde fui cidadão nada exemplar.

6 – Último olhar para a foto dos ingredientes, acima, ou para a panela já preparada, com azeite, lusitano,, não baiano, e cubinhos, os terceiros desta receita, de beicon. Olhou? E daí? Percebeu outra interferfência baiana na receita de Arroz à Carreteira do polaco aqui? É o pequeno tipo cálice de porcelana holandesa, nela repousando pimenta dedo de moça, cortada em rodelas finas, mas nunca macerada, em leito de azeite, tem que ser virgem.

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– Florzinha!

Madame levanta os olhos do livro, atenta como sempre e aguarda.

– Posso chamar algumas pessoas queridas para compartilhar este sunny day com a gente?

– Nem pensar!!!

– Pô, Madame, desculpe, Florzinha. Por que?

E ela, firme e serena, forte e amena:

– PORQUE HOJE EU QUERO VOCÊ, POLACO, TODINHO PARA MIM.

 


Hoje, eu passei pelo inferno,  das 14 às 18 horas.

Clínica de olhos na parte dita nobre. Brasilha. Chique. Apenas revisão. Resultado. Estou pronto para levar gás pimenta de novo.

Agora, meu, vou te contar. Plano de Saúde classe A. Reajuste anual de 30%. Mais de uma milha por mês. Corporativo.

Chego lá. Ambiente down. Japoneses tomaram a Clínica. Despediram 60%. No lugar, contrataram 40% ganhando menos, na média, 50% dos 60% largados.

Me acompanhe.

Guichê de entrada. Pela metade. Nele, 70% de aprendizes. 30% ensinando, antes de serem sucateados. Rola um tempão. Eu, na boa.

Espero pelo médico-oculista-especialista-amigo.

45 minutos depois:

– Eduardo Mam….. Mam….

– Sou eu.

– Que nome esqusito é este. Como se fala.

E eu:

– Onde assino.

-Tá vendo o que, polaco.

– Tudo uma merda só, meu.

– Tô falando das letrinhas.

– A.S.D.F.G.

– Muito bom. Mas já que você trocou os dois cristalinos e teve uma costura a laser no olho esquerdo, faz tempo, deixa eu ver aqui, vamos fazer alguns exames.

E eu pro médico amigo:

– E no olho do teu cu não vai nada.

E ele:

– Vai, polaco.  Faz logo esta merda destes três exames, todos caros, ponto para mim, senão eu perco o meu emprego.

Volto pro guichê de entrada. Repetindo. Pela metade. Nele, 70% de aprendizes. 30% ensinando, antes de serem sucateados. Identidade. Carteira do Plano. Aguarde. Sento. Levanto. Leio Leminski. Sento. 45 minutos depois:

– Eduardo Mam….. Mam….

– Sou eu.

– Que nome esqusito é este. Como se fala.

E eu:

– Onde assino.

– Aqui. Nas três folhas. Andar de cima, Cadeiras da frente. Aguarde chamar o teu nome.

Subo. De escada. Na boa. Sento. Leio Bukowsky. Levanto. Sento. 45 minutos depois.

– Eduardo Mam….. Mam….

– Sou eu.

– Que nome esqusito é este. Como se fala.

E eu:

– Vá tomar no cu.

– Meu senhor!

– Senhor, o cacete.

– Pisque. Abra bem o olho. Agora pisque o olho esquerdo. Vamos pingar um colírio. Pisque de novo. O esquerdo, não, o direito. Não tá bom. Mais um colírio.

– Mas eu nem fumei ainda.

– O que, meu senhor.

– Nada, nada, nada.

– Pisque de novo.

– Pisco o cacete, meu. Sou mais é uma caipirinha, agora mesmo.

– Agora, o senhor volte lá para o setor de colírio, para dilatar este teu olho gordo de polaco, e aguarde seu nome ser chamado.

Desço a escada de novo. Imagina se puto da vida ou alegre por não ser um pobre coitado do SUS com cara de médico cubano. E não me venha com a onda de racista que mando tomar no cu, porra.

45 minutos depois:

– Eduardo Mam….. Mam….

– Sou eu.

– Que nome esqusito é este. Como se fala.

E eu:

– Onde assino. Já estou de saco cheio.

Chego:

– Gatinha. Me mandaram para a dilatação, colírio no olho dos outros é refresco …

– Meu senhor. Aguarde sentado até seu nome ser chamado, serão três pingadas de colírio.

– Mas eu ainda nem fumei-.

– Como, meu senhor.

– Não se come. Traga!

45 minutos depois:

– Eduardo Mam….. Mam….

– Sou eu.

– Que nome esqusito é este. Como se fala.

E eu:

– Onde assino.

45 minutos depois:

– Eduardo Mam….. Mam….

– Sou eu.

– Que nome esqusito é este. Como se fala.

E eu:

– Onde assino.

E ela:

– Aguarde sentado.

Mais um pouco e juro que começo a pensar em ficar puto da vida. Não sei se este é o caso da pessoa bicuda que me vê.

Estou puto. Sento, levanto, sento, levanto, leio um trecho de Ferlingheti. Sento.

– Vamos lá. Levante a cabeça. Abra o olho. Agora o outro. Feche. Pisque. Já volto.

– Hei moça, esqueceu de mim.

– Terceira pingada. Agora – adivinhe, se é que ainda teve saco de me acompanhar no lance até aqui – aguarde até teu nome ser chamado para ser atendido pelo doutor.

– Doutor o cacete.

– Qué isso, meu senhor. Conheço ele. Só sabe pedir uma porrada de exame. E me chame aquele vendedor-representante de laboratório.

– Quem.

– Aquele ali.

– Hei, cara. É. Você mesmo. Me passe uns colírios de amostra grátis. Tô a fim de berimbar o maior baseado depois desta Via Sacra toda. Me passa logo, porra.

Passou. Sento. Levanto. Sento. Leio Cora Coralina. Quer dizer. Vislumbro. O olho esbugalhado. Dilatado. Não estou vendo mais nada, porra, cadê meu olho.

– Eduardo Mam….. Mam….

– Sou eu.

– Que nome esqusito é este. Como se fala.

– Puta que pariu.

– Meu senhor. É apenas para informar que o doutor, teu amigo, que ainda não é cubano, diz que teve que subir para fazer uma operação e já desce.

– Puta que pariu.

– Meu senhor.

– Desculpe, gatinha.

Espero sentado, no caso, 45 minutos depois:

– Eduardo Mam….. Mam….

– Sou eu.

– Que nome esqusito é este. Como se fala.

E eu:

Onde assino.

45 minutos depois:

– Eduardo Mam….. Mam….

– Sou eu.

– Que nome esqusito é este. Como se fala.

E eu:

– Onde assino.

– O doutor disse para esperar aqui na sala dele, pode sentar na cadeira-leito, tá bom assim, quer uma água, relaxe.

Agora, dentro da sala do doutor oculista, gente fina, amigo de uma grande amiga aqui do Facebook e da firma. Não digo o nome para os dois não serem despedidos. Num, os japoneses chegaram. Noutro, os cubanos. E o polaco aqui, morrendo de fome. Cheguei às 14, sem almoçar, lance rápido. São mais das 16 e, porra. Mexo no computador do oculista, dentro da sala, ar frio da porra, demora pra cacete, e me vingo. Acabo de passar esta mensagem pros amigos do Facebook, direto do computador dele, quer dizer, da Clínica Chique de Olhos, Brasília, Área Nobre, Plano de Saúde dos Olhos da Cara.

– Porra, polaco, me desculpe a demora. Estes japoneses da porra me obrigam a atender três casos ao mesmo tempo. Este último tive que costurar o olho de uma velha a laser. Mas vamos aí. Pupila dilatada, hein, malandro. Vamos numa aqui, mas é pó, porque fumaça, já viu, né, os japas ficam malucos. Vamos, cara, mas antes olhe meu olho, tá.

– Por que você não enfia estea luz forte no teu cu.

– Porra, polaco, qualé. Abra o olho. Olhe para mim. Olhe pra direita. Pisque. Olhe para esquerda. Abra bem o olho.

– E o teu olho do cu, vai bem, doutor.

– Porra, polaco, é sério. Deixa eu ver os exames. Beleza, meu. Maravilha. Nem precisa trocar os óculos. Tudo em cima.

E termina a consulta, quatro horas depois da chegada, o doutor amigo, de uma Clínica de Olhos Chique, área nobre do Plano Piloto de Brasília, tudo por conta do Plano de Saúde Corporativo, 30% de reajuste anual.

Daí, o doutor pergunta:

– Mais alguma coisa polaco.

E eu:

– E no olho do teu cu não vai nada, não, porra.

Saio do consultório depois de uma rápida carreira. Olho esbugalhado. Dos colírios, meu. Madame, do lado de fora:

– Tudo bem com o olho do meu Florzinha, doutor.

– Qual deles.

Carrego eu e madame para casa. Sem almoçar. Cinco e tanto da tarde. Uma boa caipirinha para tirar o gosto da porra dos colírios e tudo. Ligo a televisão. Fim dos embargos dos mensaleiros. E escuto, olho esbugalhado, dilatado, garganta seca, o seguinte:

– O deputado federal José Genuíno acaba de entregar à Câmara dos Nobres o atestado médico, fornecido pelo Sistema Único Sírio-Libanês (SUS), requerendo aposentadoria por invalidez permanente, o que lhe assegura pensão vitalícia com o mesmo valor do atual provento.

Moral:

Escreva você mesmo, a seguir, o que eu gritei.

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